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A ciência vai à escola

Projeto da UFMG traz perspectiva neurocientífica à educação

Publicado em 10/09/2011

por Valéria Hartt


Leonor Guerra: estratégias modificadas

“Se o comportamento depende do funcionamento do cérebro, a neurobiologia, que estuda o cérebro e suas funções, deveria ser conhecida por aqueles que educam.” É o que propõe o projeto NeuroEduca, vinculado à Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Chegamos à conclusão de que educação e cérebro são parceiros no desenvolvimento das pessoas e na sua qualidade de vida”, lê-se na página de apresentação do projeto na internet.

Criado em 2003, o projeto não apenas divulga os conhecimentos científicos que se avolumaram a partir dos anos 90, a proclamada “década do cérebro”, como também incentiva sua inserção na área da educação.

Como principal ferramenta, o NeuroEduca aposta em cursos de capacitação e educação continuada para preencher o que considera uma lacuna importante na grade de pedagogia. Em levantamento realizado em 2001, constatou que 50% dos cursos não incluem temas relacionados à biologia e ao sistema nervoso, conteúdo restrito a apenas 11,67% dos currículos de pedagogia.

Quem conferiu garante que tirou proveito. Indicadores do NeuroEduca apontam que 82% dos professores atendidos relataram mudanças nas estratégias utilizadas em sala de aula. Agora, o programa ganha amplitude e estende-se a todos os profissionais de ensino de São Brás do Suaçuí, município com 3,5 mil habitantes, a 109 quilômetros da capital mineira. Com um trabalho matricial, que integra Educação e Saúde, mediado pelas neurociências, o NeuroEduca já exibe os primeiros resultados na cidade:

“Educadores se mobilizaram para operacionalizar a inserção de todas as crianças de três anos na escola e passaram a refletir melhor sobre fatores que influenciam o desempenho”, diz a médica Leonor Bezerra Guerra, coordenadora do NeuroEduca. “Os professores têm realizado intervenções e encaminhamentos mais adequados e modificado estratégias pedagógicas, o que diminuiu o número de queixas sobre alunos-problemas”, completa.

Kátia Chedid, do Colégio Dante Alighieri, também garante que o conhecimento aprendido com as neuro­ciências traz reflexos positivos na prática pedagógica e no dia-a-dia da escola. Argumenta que, dentre tantas áreas de investigação científica, muitas podem relacionar-se com o aprendizado e a motivação infantil.

“Hoje, todos os pais do maternal são informados de que a criança que respira mal e tem o sono comprometido, futuramente, pode demorar mais para adquirir a linguagem escrita, assim como aquela que dorme na cama dos pais, mantém a mamadeira, faz uso de chupeta ou fralda noturna por período prolongado. A neurociência demonstra que todos esses aspectos estão envolvidos na aprendizagem. O sono é fundamental, assim como a autoconfiança”, esclarece.

Autor

Valéria Hartt


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