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Da literatura ao currículo disciplinar

Do Japão do século 17 ao Rio de Janeiro contemporâneo, as letras acrescentam cores à leitura das sociedades

Publicado em 10/09/2011

por Heloisa Jahn

Todo livro de ficção transporta o leitor a um território desconhecido. Entrar nesse território como quem descobre o mundo é a marca do bom leitor. Alguns desses livros ficam na memória como a fonte de um conhecimento específico, em geral iluminando um momento da história, mas também informando sobre fatos científicos, geográficos, sociológicos, etnográficos. Aqui vai uma seleção pessoal – ao acaso da memória – de livros que funcionam também como compêndios.


  • Reparação

    ,
    Ian McEwan

    (Cia. das Letras, tradução Paulo Henriques Britto)

    Paralelamente à trama – a ação tem início em 1935, numa casa de campo da Inglaterra -, temos um painel extraordinário da II Guerra: os fatos fundadores, a presença das tropas inglesas na França, a retirada de Dunquerque.


  • Xógum: a gloriosa saga do Japão

    ,
    James Clavell

    (Sextante, trad. Jaime Bernardes)
    No amplo painel que ilumina o Japão da segunda metade do século 17, época de navegações e conquistas, essa saga que tem como eixo a disputa do poder militar local inclui a ação dos portugueses e do cristianismo (com os jesuítas) na região.

  • Coração das trevas

    ,
    Joseph Conrad (Cia. de Bolso, Sergio Flaksman)


    Um dos maiores clássicos da literatura do século 20. Além de mostrar a violência do projeto de exploração colonial na África negra, é uma imersão na geografia e no clima da África central, na área do alto rio Congo, incógnita até o fim do século 19.

  • Dom Casmurro

    ,
    Joaquim Maria Machado de Assis (várias editoras)


    Publicado em 1899, apresenta uma "molécula do Brasil tradicional", nas palavras do crítico Roberto Schwarz. Um retrato articulado da sociedade patriarcal no Brasil do século 19: as relações de autoridade, a cultura religiosa – e a escravidão subjacente.

  • Os sertões, Euclides da Cunha


    (várias editoras)


    Crônica da Guerra de Canudos (1896-7 no sertão da Bahia), ao mesmo tempo relato jornalístico e poderosa construção literária, registra o massacre dos sertanejos pelo exército brasileiro no início da República. Indispensável para entender o Brasil de hoje.

  • Cidade de Deus,


    Paulo Lins (Cia. das Letras)


    Baseado em fatos reais colhidos por pesquisadores da violência urbana, esse romance etnológico acompanha as transformações sociais das favelas do Rio, que da pequena criminalidade dos anos 60 chegaram à violência e ao tráfico de drogas dos anos 90.

  • Zazie no metrô

    ,
    Raymond Queneau (CosacNaify, trad. Paulo Werneck)


    Zazie, menina do interior, vai passar alguns dias com o tio, em Paris. Irreverente, nada escapa a seu senso de humor. Divertida crônica urbana dos anos 50, funciona também como vinheta sociológica da vida em Paris no pós-guerra.

  • A cidade e os cachorros

    ,
    Mario Vargas-Llosa (Alfaguara, trad. Samuel Titan Jr.)


    Situada num colégio militar em Lima, a trama fala, entre outras coisas, dos reflexos do preconceito social e racial entre os alunos: os que vêm da "serra" (os Andes), de etnia indígena ou mestiça, são maltratados pelos brancos urbanos.

  • Maus, Art Spiegelman


    (Companhia das Letras, trad.

    Antonio de Macedo Soares)
    Romance gráfico pioneiro sobre a tragédia de Auschwitz, é a expressão em quadrinhos do relato feito ao filho Art por Vladek Spiegelman, sobrevivente do campo. Da aparente fissura entre forma e tema resulta uma obra de força surpreendente.


Heloisa Jahn


é editora e tradutora. Traduziu, entre outros, o romance O grande, de Juan Jose Saer, e o livro de poemas O outro, o mesmo, de Jorge Luis Borges, ambos da Cia. das Letras.

Autor

Heloisa Jahn


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