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Indício positivo

Avaliação sobre presença de bibliotecas mostra evolução em taxas de aprovação

Publicado em 10/09/2011

por Rubem Barros

A presença de bibliotecas comunitárias em áreas próximas a escolas melhora as taxas de aprovação de alunos do ensino fundamental 1 e reduz os índices de evasão escolar. É o que aponta um estudo conduzido pelo pesquisador Ricardo Paes de Barros, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), feito sob encomenda do Instituto Eco Futuro para analisar o impacto do programa "Bibliotecas comunitárias", do projeto Ler é preciso. De 2000 até este ano, o programa patrocinou a instalação de 85 bibliotecas em onze estados, sempre em áreas de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).  

O estudo mostrou que, no fundamental 1, as escolas do entorno de 45 bibliotecas localizadas nos estados da Bahia e de Pernambuco apresentaram, no período de 2000 a 2005, evolução de 66,5% para 72,7% na taxa de aprovação, variação de 6,2 pontos percentuais. No mesmo período, escolas desses estados de fora do entorno das bibliotecas passaram de 62,6% para 66,5% de aprovação, variação de 3,9 pontos percentuais. Se obedecessem à mesma curva ascensional das escolas que não contam com bibliotecas no entorno, aquelas que contam deveriam ter evoluído para 70,3%. Ou seja, o impacto estimado pela presença da biblioteca é de 2,4 pontos percentuais dos 6,2 de variação total dessas escolas no fundamental 1, ou 38,7% a mais.

No que tange à evasão escolar, as escolas do entorno de bibliotecas registraram 17,1% em 2000 e 8,8% em 2005. Já as fora de áreas de bibliotecas passaram de 18,2% para 11,7%. Caso as primeiras tivessem seguido a mesma proporção de redução das segundas, a evasão teria caído para 10,6%, 1,8 ponto percentual maior do que o realmente registrado.

O estudo elaborado por Paes de Barros e uma equipe de pesquisadores do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), do Rio de Janeiro, deve ser publicado na íntegra no 1º semestre do ano que vem. Além do impacto nos índices de aprovação, evasão e reprovação, analisa também a questão da manutenção dos projetos após sua instalação.

Apesar de aparentemente animadores, os resultados divulgados ainda não respondem a algumas questões. A principal delas talvez seja o fato de os impactos positivos registrados  no ensino fundamental 1 não se terem repetido no fundamental 2 nem no ensino médio. Considerando que a maioria do público beneficiário está nas faixas dos 7 aos 14 anos (76%) e dos 15 aos 24 anos (22%), seria preciso conhecer melhor os resultados nesses outros dois níveis de ensino e tentar inferir hipóteses para a ausência de impacto. Vale lembrar que fenômeno parecido acontece com os resultados da Prova Brasil, em que os alunos do ciclo inicial têm apresentado evolução mais significativa do que os dos anos seguintes, muitas vezes estagnados.

Outra questão é que a pesquisa é feita com base em indicadores de aprovação, e não em avaliações de aprendizagem. No caso da aprovação, seria interessante saber se há alguma variação derivada do fato de as escolas do entorno trabalharem em ciclos ou séries. E também – outro fator não aferido pela pesquisa – se há diferença no efeito produzido em bibliotecas comunitárias e escolares (há algumas no programa).

A pesquisa tem o mérito de aprofundar-se na análise de impacto, podendo ser a base de levantamentos futuros. Resta, porém, afinar os instrumentos. Principalmente para detectar os porquês da ausência de impacto entre os jovens, fator que ameaça tanto a leitura quanto a educação no geral. 
(Rubem Barros)

Autor

Rubem Barros


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