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Formação

MetaRed reúne líderes para debater papel da mulher nas carreiras STEM

Presidentes da instituição no Brasil, Equador, Portugal e na Espanha, falaram sobre experiências pessoais e projeções para a área, tendo como base a Agenda 2030 da ONU

Publicado em 17/06/2021

por Mayara Figueiredo

STEM

Nesta quinta-feira (17), a MetaRed, rede global de tecnologia colaborativa que promove conexões entre as universidades ibero-americanas, públicas e privadas, realizou virtualmente o evento “Mulheres que transformam o mundo da educação superior”. Com mediação e apresentação de Erika Sánchez, coordenadora da Rede de Mulheres em TIC (tecnologia de informação e comunicação) do comitê ANUIES-TIC, o debate destacou a importância da igualdade de gênero no STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) para alcançar os 17 objetivos da agenda 2030 da ONU.

De acordo com a ONU Mulheres, a discriminação de gênero está presente em muitos âmbitos, com repercussões destacáveis para a sociedade como um todo. Em uma economia mundial cada dia mais digitalizada, o gap digital entre os gêneros mostra um grave impacto sobre os direitos de meninas e mulheres. Em sua fala inicial, Érica Sánchez diz que para diminuir essa diferença, devem ocorrer ao menos três coisas:

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1. facilitação do acesso igualitário às tecnologias de informação e à internet (TIC);

2. incentivo a meninas e mulheres a desenvolver suas habilidades nas TIC;

3. permitir que elas desempenhem papéis de liderança na tecnologia.

Em relação a esses três pilares, o Fórum Econômico Mundial indica que serão realizados esforços para incentivar que meninas e mulheres se desenvolvam em programas educacionais de STEM.

Presença de mulheres na tecnologia cresce no Brasil, mas desigualdade ainda é grande

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Lúcia Teixeira (foto: Unisanta)

A primeira a falar foi Lúcia Teixeira, presidente da MetaRed Brasil, do Semesp e da Unisanta (Universidade Santa Cecília). Em sua reflexão, ela apontou a importância do trabalho do Semesp e da MetaRed para promoção da igualdade de gênero, como por exemplo, pela primeira vez, eleger mulheres para os cargos de liderança, os quais ela e as outras participantes desse diálogo, ocupam em seus países.

“Parece um contrassenso estarmos buscando por maior presença das mulheres e outras formas de igualdade nos dias de hoje. O primeiro algoritmo a ser processado por uma máquina, foi desenvolvido por uma mulher: a matemática e escritora Ada Lovelace, em 1943. Apesar disso, ainda hoje, para muitas mulheres está distante esse local de destaque nas áreas de inovação”, observou.

Teixeira informou que a participação de mulheres nas áreas de tecnologia aqui no Brasil aumentou em 60%, mas ainda representa um número pequeno quando analisada suas presenças em determinados cursos especificamente. “No ensino superior as mulheres representam 57% das matrículas. Em engenharia são 27% e nas áreas de tecnologia, 14%. Também estamos assistindo um crescimento da participação de mulheres em áreas de liderança na educação superior, mas ainda há um longo caminho a percorrer, razão de eventos como este”, destacou.

Responsabilidade da mudança de cenário é das próprias mulheres

Para Esther Giménez-Salinas, presidente honorária da MetaRed Espanha e diretora da cadeira de Justiça Social e Restaurativa da Universidade Ramon Llull, sempre deve considerar mulheres para ocupar os cargos de liderança, pois, se não for assim, será muito difícil provocar mudanças. Salinas acredita que essa responsabilidade está nas mãos das próprias mulheres que, ao alcançar cargos mais altos, podem estender os “braços” dessas funções para outras, modificando o cenário geralmente dominado por homens.

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Esther Giménez-Salinas (Foto: reprodução /
Universitat Ramon Llull)

“As primeiras faculdades na Sorbonne (Paris) e na Alemanha em que se permitiam as matrículas de mulheres, eram todas de medicina, estando especialmente proibida a área de direito. Por que não queriam que as mulheres estudassem direito e sim medicina? Porque medicina é uma profissão de cuidado e direito uma posição de poder.” A representante espanhola continuou dizendo que no futuro, estima-se que 70% das profissões serão de novas carreiras e que muitas se tornarão obsoletas. “Se as mulheres não estudarem carreiras que terão grande demanda no futuro, significa que elas estão perdendo as possibilidades de poder”, apontou.

“As mulheres se envolverão completamente nas áreas digitais se os homens também se ocuparem de carreiras que cuidam de pessoas, caso contrário não conseguiremos esse equilíbrio e essa igualdade”, concluiu.

Divisão de carreiras por gênero é um conceito cultural atrasado

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Cecilia Paredes (Foto: reprodução / EcuRed)

Cecilia Paredes, presidente da Rede CEDIA, da MetaRed Equador e reitora da Escola Politécnica del Litoral (ESPOL), diz que por lá, o norte que a chama para trabalhar em muitas frentes nesse sentido, além da proposta que compartilha com todos, é a da defesa dos direitos humanos. “A luta não é contra os homens, mas sim contra o patriarcado e o machismo”, destacando que em toda a América Latina, apenas 1% das reitoras de instituições de ensino superior são mulheres.

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Ana Costa Freitas (Foto: Diana FM)

Já em Portugal, as disparidades parecem estar encontrando um equilíbrio, segundo Ana Costa Freitas, presidente da MetaRed no país e da Universidade de Évora. “44% dos formandos em STEM são mulheres e nas IES há mais mulheres do que homens.”, revelou. Em considerações finais como última painelista, Freitas disse que “mais importante do que convencer as mulheres para as carreiras STEM, é mostrar que elas podem fazer o que querem e não discriminar que há carreiras para homens e para mulheres. Isso precisa se extinguir, o céu é o limite”, concluiu.

Leia também:

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Autor

Mayara Figueiredo


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