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Edição 236

O que os jovens gostariam de ter aprendido na escola sobre o mercado de trabalho

Aqueles que estão no início da vida profissional revelam o que acham importante que as escolas ensinem para os alunos encararem essa etapa

Publicado em 01/02/2017

por Ensino Superior

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Jovens falam sobre o que gostariam de ter aprendido na escola sobre o mercado de trabalho

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Proatividade, boa comunicação e capacidade de trabalhar em equipe. Essas são apenas algumas das inúmeras exigências cobradas pelas empresas na hora de contratar um candidato. Ao terminar a escola, porém, nem sempre o jovem tem essas habilidades bem desenvolvidas – apesar da Lei de Diretrizes e Bases, sancionada em 1996, prever que um dos deveres da escola é preparar os alunos para o mercado de trabalho.

De acordo com uma pesquisa de 2013, realizada pelo Ibope sob encomenda da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a maioria dos brasileiros acredita que a escola não desempenha bem esse papel. Segundo o levantamento, 41% dos entrevistados avaliam que o aluno sai do ensino médio “razoavelmente preparado” para o mercado de trabalho. Apenas 14% disseram acreditar que, ao se formarem no ensino médio, os estudantes estão “bem preparados” para assumir um emprego.

Mas quais habilidades os jovens creem que a escola deveria ajudá-los a desenvolver para facilitar sua entrada e bom desempenho no começo da vida profissional? Educação convidou cinco jovens a refletir sobre suas experiências do início de carreira e esses foram os pontos de maior destaque:

1) Orientação vocacional

Não é raro encontrar jovens que, no último ano do ensino médio, ainda não sabem qual carreira querem seguir. A falta de apoio nesse processo de escolha é uma das maiores queixas daqueles que terminam a educação básica.

Essas dúvidas levam, em muitos casos, a constantes mudanças de curso. Segundo dados do Ministério da Educação, em 2014 o número de universitários que trancaram o curso superou o daqueles que concluíram a graduação. Enquanto 1,21 milhão de estudantes desistiram da faculdade naquele ano, 1,03 milhão receberam o diploma.

“Tive bastante dificuldade na hora de escolher a profissão e acredito que a escola poderia ajudar mais nesse quesito”, afirma Larissa Montalván, 21, que estuda publicidade e propaganda e estagia numa agência de e-commerce. Ela se formou no colégio Objetivo Pinheiros e acredita que é preciso preparar o aluno desde cedo para o momento da escolha. “Esse assunto não deveria ser abordado apenas no terceiro ano do ensino médio.”

Cesar Isoldi, 20, que estuda jornalismo e faz estágio na área, concorda. Ele conta que o colégio onde se formou, o Agostiniano Mendel (zona Leste de São Paulo), oferecia aos alunos um cursinho de orientação vocacional já no primeiro ano do ensino médio, e que esse suporte foi fundamental. “Além de autoconhecimento, eles nos falavam um pouco sobre mercado de trabalho e mundo acadêmico, o que considero que tenha sido bom pra que eu enfrentasse isso com mais segurança depois”, avalia.

2) Como se comportar em entrevistas e processos seletivos

Para conseguir um emprego, o jovem precisa passar por entrevistas exigentes e disputadas. E, muitas vezes, isso acontece antes mesmo do término do ensino médio. É o caso de Raphael Yoshino, de 20 anos, que começou a trabalhar aos 16 como auxiliar administrativo. Ele estudou a vida toda em escolas públicas e fez o ensino médio na Escola Estadual Alberto Torres, na zona Oeste de São Paulo. Em 2015, formou-se em Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos. Hoje, trabalha na área.

Para Yoshino, a escola deveria ensinar ao jovem como se comportar em momentos de avaliação, trabalhando fatores como o que falar e a postura a ser adotada em entrevistas. “Esses são pontos severamente avaliados em uma entrevista de emprego”, afirma. Para o jovem que precisa começar a trabalhar cedo, antes mesmo da faculdade, esses são aspectos que, se desenvolvidos pela escola, podem facilitar o ingresso no mercado.

Larissa concorda, e afirma que atividades simples como dinâmicas em grupo e debates podem ajudar muito a se preparar para esse momento. “Essas atividades ajudam não apenas quando já se está no mercado de trabalho, mas também na hora de alguma entrevista.”

3) Capacidade argumentativa

Os debates e atividades em grupo também são vistos como importantes para melhorar a capacidade de expressar opiniões e argumentar – o que é muito exigido em reuniões de trabalho, por exemplo. “Seria muito bom que tivéssemos algumas aulas de debates sobre assuntos diversos. Seria uma forma de a gente se sentir mais à vontade para expressar nossas opiniões em público”, afirma o estudante de jornalismo Cesar Isoldi. Na escola onde estudou esse tipo de aula não era comum.

Raphael Yoshino também não contou com o apoio da escola nesse aspecto. O que aprendeu, conta, veio de vivências pessoais. “O contato que tive com colegas de escola, amigos e familiares que me ajudou nisso.”

4) Respeito à hierarquia

O respeito à hierarquia é outro ponto muito importante na vida profissional. Rayane Tavares, 21, que se formou no Colégio Morumbi Sul e hoje estuda relações públicas, diz que esse é um dos maiores aprendizados que levou da escola. “A escola me ensinou a me manter no meu lugar em relação aos meus superiores, a não levantar a voz.”

5) Trabalho em equipe

Talvez uma das habilidades mais exigidas pelas empresas seja a facilidade de trabalhar em equipe – e esse é um dos pontos que os jovens mais defendem que seja desenvolvido ao longo da vida escolar.

Para Stefany Bernardo, que terminou o ensino médio em 2014 na Escola Estadual Presidente Kennedy, na zona Oeste, as escolas, de maneira geral, dão atenção especial a essa habilidade. “As escolas fazem um bom papel ao desenvolver trabalhos em grupo e tarefas que exijam compromisso e interação interpessoal”, afirma. Hoje, ela estuda Estética e Cosmetologia numa faculdade particular e faz estágio na área.

Já Isoldi conta que não teve muitas experiências de trabalho em equipe em sua escola – e que isso foi prejudicial para sua formação. “O ensino era muito individual e pouquíssimas matérias propunham trabalhos em grupo. Isso foi bastante prejudicial para mim, tanto na faculdade quanto no mercado, porque não sabia muito bem como lidar com essa questão.”

Autor

Ensino Superior


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