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Pequenos cientistas

Docentes de educação infantil levam experiências caseiras à sala de aula para explicar conhecimentos da área de ciências; foco é interação das crianças nas situações e não suas respostas

Publicado em 30/05/2012

por Camila Ploennes

Pacotes de gelatina, maçã e abacaxi podem ser ingredientes de sobremesas. Mas para as professoras Fabiane Costa e Liliani Marques, esses são materiais de um experimento simples – e ao mesmo tempo muito eficiente – que serve para explicar conceitos científicos básicos a crianças de 5 anos de idade. “A nossa ideia era ampliar o conhecimento de mundo dessas crianças por meio de investigações de diferentes fenômenos, usando experiências acessíveis com base em alimentos”, destaca Fabiane.


A estratégia é aproveitar a curiosidade comum da infância no ensino de ciências: “Em um recipiente, colocamos a gelatina diluída em água junto com a maçã fresca picada. Em outro, misturamos a gelatina dissolvida a pedaços de abacaxi. Colocamos na geladeira e, no dia seguinte, levamos para os alunos verem o resultado. Primeiro, eles constataram que a gelatina com maçã endureceu e a gelatina com abacaxi ficou mole. Depois, pedimos que tentassem explicar o que poderia ter acontecido. Alguns, por exemplo, disseram que não colocamos o pote que tinha abacaxi para gelar”, relata a professora. “Depois das hipóteses deles, explicamos de uma forma lúdica que o abacaxi possui uma enzima [bromelina] que impede a união dos aminoácidos da gelatina, ou seja, que não a deixa endurecer”, continua. Para as crianças, as professoras ilustraram essa reunião dos aminoácidos com um novelo de lã.


Devido a experiências como essa, durante o segundo semestre de 2011, os 20 alunos do segundo (e último) ano de educação infantil da Escola Lourenço Castanho tiveram os primeiros contatos com as noções de densidade, transformações de estado físico da matéria e reações químicas. Segundo Fabiane, toda semana a classe participava de um experimento diferente e, ao final, cada um era convidado a registrar com desenhos a parte que mais havia achado interessante. “Conforme o tempo passava, os registros ficavam mais detalhados e, se um conceito visto antes aparecia em uma outra situação, eles identificavam suas semelhanças”, ressalta.


A professora afirma ainda que o intuito não é avaliar a resposta que as crianças apresentam, mas a relação delas com aquilo que examinam. “Fazíamos rodas de conversas, onde elas falavam com os colegas de classe e alguns alunos encontravam o coordenador de área na hora da saída, ou mesmo os pais, e contavam o que tinham feito em sala. Crianças mais retraídas se expressaram espontaneamente e outras refizeram o experimento em casa”, finaliza.


O trabalho realizado pelas duas professoras foi exposto no último fim de semana durante o 4º Congresso de Práticas na Sala de Aula, promovido pelo Instituto Cultural Lourenço Castanho, em São Paulo. No total, foram apresentadas 262 práticas, de diversas disciplinas e todas as etapas de ensino, elaboradas por docentes de escolas públicas e particulares.

Autor

Camila Ploennes


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