NOTÍCIA

Ensino edição 229

Uma escola sem professor – e de sucesso

Na finlandesa Proakatemia, os alunos trabalham em equipe e aprendem entre si. No lugar dos docentes, há mentores para guiar e motivar os estudantes na busca pelo conhecimento

Publicado em 29/05/2018

por Redação Ensino Superior

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por Simone Cristina Gonçalves Vianna

As instituições de ensino superior da Finlândia estão entre as mais inovadoras do mundo e, não sem razão, suas práticas pedagógicas servem de modelo e inspiração para educadores dos mais diversos países. A Proakatemia é uma dessas instituições de referência internacional. Criada em 1999, ela funciona como uma escola de negócios, mas com uma série de particularidades, sendo a mais notável a ausência de professores. Também não há conteúdo de estudo preestabelecido, provas, notas e aulas no formato tradicional.

No lugar disso, há contato com clientes, fornecedores e demandas reais. Os alunos criam negócios baseados em necessidades reais, com clientes reais, e que são regidos pelas leis finlandesas. Ligada à Universidade Tampere de Ciências Aplicadas, a Proakatemia é um local onde os estudantes promovem seus produtos no melhor estilo empreendedor, além de aprender uns com os outros.

O modelo de aprendizado segue a filosofia da aprendizagem baseada em equipes, ou Team Based Learning (TBL). Dessa forma, a aprendizagem ativa e, por consequência, o protagonismo estudantil acontecem devido a uma combinação importante de dois elementos-chave: liberdade e responsabilidade.

Também chama a atenção o senso de comunidade. Na escola, os estudantes são organizados em grupos e neles permanecem durante os 3,5 anos da formação, que ao final lhes confere o título de bacharel em Administração. Embora tenha equipes fixas, os alunos não precisam atuar em todos os projetos desenvolvidos – isso é possível, contudo. Eles trabalham nos projetos mais relevantes para eles, ou nos quais têm uma contribuição maior a dar, tal como acontece na vida real.

Assim, eles ajudam uns aos outros, compartilham conhecimentos e trocam experiências de sucesso e de fracasso. Sim! Experiências de fracasso também, haja vista que o erro é um importante elemento de aprendizagem.

Apesar de não haver professores, a Proakatemia tem coaches, função ocupada na maioria dos casos por empresários com formação acadêmica. Eles atuam como mentores e buscam facilitar a aprendizagem dos estudantes, avaliando o desenvolvimento de cada um durante as sessões de treinamento guiadas em círculos.

Para atuar como coaches, os profissionais passam, durante três meses, por um programa de capacitação que inclui práticas variadas, autorreflexão, discussões sobre sistemas e métodos diferentes, como o método Motorola de inovação. Diferente dos professores, eles não oferecem respostas diretas e prontas. Em vez disso, fazem questionamentos que provocam, estimulam a busca por respostas, induzindo os estudantes a buscarem seus caminhos de desenvolvimento. Em outas palavras, estes mentores tiram os estudantes de suas zonas de conforto, sem deixar de fornecer o apoio necessário ao seu desenvolvimento.

Os coaches ressaltam (e muito) a importância da motivação do estudante, sendo necessário que este enxergue a aplicabilidade do conteúdo de estudo. Para eles, um profissional é formado não só por professores e conteúdos prescritos, mas por um sistema de aprendizado onde todos têm autonomia. Por isso, é imprescindível que tais mentores respeitem a individualidade do aluno.

Na Proakatemia existe uma base curricular. No entanto, gestores, professores e alunos trabalham em conjunto em um sistema de confiança e têm total autonomia para decidir acerca da melhor forma de educação (ou método formativo) a ser aplicada. Os conteúdos de estudo podem ser trabalhados das seguintes formas: 35% da base dedicada à realização de projetos; 24% à literatura bibliográfica; 17% às sessões de treinamento; 15% aos seminários e workshops; 4% à inovação e 1% a outras formas de aprendizagem.

Ao final de cada mês, os alunos da inovadora escola finlandesa realizam apresentações mensais dos resultados de cada empresa para fins de comparação e, principalmente, de aprendizagem. Os estudantes têm a oportunidade de aprender com seus colegas. Ressalta-se aqui outro exemplo da aplicação do conceito de aprendizagem baseada em times (TBL).

O programa da Proakatemia é uma opção para quem busca uma formação diferente e prática. Para que este modelo funcione, é imprescindível o apoio da administração da instituição de ensino. Atualmente, a eficácia do seu modelo é medida pela elevada taxa de empregabilidade.

Outra evidência do preparo dos estudantes é a recepção que eles próprios organizam aos visitantes internacionais. Acompanhada por mais de 20 educadores, fiz uma imersão na escola conduzida por alguns de seus estudantes que, dotados de grande autonomia e conhecimento, apresentaram a instituição, seus diferenciais e resultados.

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Simone Cristina Gonçalves Vianna é assessora de Inovação Pedagógica do Colégio e Centro Universitário Eniac. A visita à Proakatemia foi realizada durante o 6º Seminário Internacional de Inovação Acadêmica no Ensino Superior, organizado pela Expertise Educação.

Autor

Redação Ensino Superior


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