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Carreira

Além do salário

Em Juazeiro do Norte, município que anunciou corte na remuneração docente, maior parte dos professores tem mais de 15 anos de experiência e cursou pós-graduação

Publicado em 05/07/2013

por Camila Ploennes

No dia 6 de junho, os professores da rede municipal de Juazeiro do Norte, no Ceará, assistiram indignados à aprovação de uma lei que reduz seus salários em 10% e, no caso dos que atuam fora da sala de aula, determina o fim da gratificação de 40% pela regência de classe. Em meio ao protesto dos docentes na Câmara Municipal, a Secretaria de Educação da cidade argumentou em prol da decisão. Afirmou que, enquanto o piso nacional da categoria é de R$ 1.567, os profissionais de Juazeiro recebem R$ 2.193, somadas as gratificações. “Impossível de pagar”, declarou a secretária Célia Viana. As manifestações e a greve dos professores tiveram repercussão e a foto de uma professora que gritou, inconformada, foi compartilhada nas redes sociais. A imagem convida a pesquisar o perfil daqueles professores e da rede de ensino. Os números apontam que é preocupante a desvalorização de um corpo docente formado, em sua maioria, por profissionais com mais de 15 anos de experiência e pós-graduação.






A rede de Juazeiro do Norte conta com 99 escolas. A maioria de seus professores é composta por educadores com experiência em sala de aula. Os questionários aplicados a professores das escolas municipais participantes da Prova Brasil 2011 na cidade (49) mostram que 58% (107) do total de (185) docentes que responderam à questão específica do tempo de carreira têm mais de 15 anos de profissão. Em Juazeiro, 35% do total pesquisado (64) leciona há mais de 20 anos. Na média nacional, esta parcela corresponde a 24%.


Quase todos, ou 185 (97%) dos (190) docentes que responderam sobre sua formação, concluíram o ensino superior. Grande parte dos professores frequentou cursos de pós-graduação: 84% (153) concluíram uma especialização (mínimo de 360 horas), acima da média do Brasil (55%).


O número de professores trabalhando (88 ou 47%) em apenas uma escola é quase igual ao de docentes lecionando em duas unidades de ensino (86 ou 46%). Também há educadores que atuam em três escolas (12 ou 6%). Em relação ao número de horas-aula, dos 226 professores que responderam à questão, 46% (103) trabalham o que determina a Lei do Piso Nacional do Magistério, ou seja, 40 horas semanais. Outros 17% (38) passam mais do que 40 horas em sala de aula e 37% (85) trabalham entre 19 e 39 horas por semana.


A Prova Brasil 2011 mostra que o melhor resultado da rede é a proporção dos alunos que aprenderam o adequado em português até o 5º ano, que foi de 25%, ou seja, 774 dos 3.168 estudantes, 10 pontos porcentuais a menos que a média brasileira. O pior resultado é a proporção de alunos do 9º ano que aprenderam o adequado em matemática: 6% (84) de 1.449.

Autor

Camila Ploennes


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