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Opinião

Cinco fatores que podem bloquear a inovação na educação superior

Não dar o tempo para as ações se desenvolvam é um deles, bem como a falta de flexibilidade na rotina

Publicado em 23/06/2017

por Oscar Jerez Yañez

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Os estudos e pesquisas realizadas até o momento não identificaram os fatores que tornam uma inovação exitosa.

Apesar disso, reconhecem-se alguns fatores cuja ausência ou tratamento inadequado podem inibir ou bloquear a inovação.

Em A evolução da inovação: contexto cultural e uso de modelos de inovação, Markus Pohlmann expõe esses fatores, que aqui reinterpretamos para aplicá-los no ensino superior. Confiram:

 

  1. Falta de tempo, esforço ou recursos: As inovações demandam tempo, esforço e recursos. O tempo – sempre escasso no mundo de hoje – é imprescindível para pensar, desenvolver e levar adiante ações que, muitas vezes, se estendem por longos períodos. Já o esforço e a perseverança são necessários para a conquista dos objetivos estabelecidos; quase nunca uma iniciativa inovadora gera resultados na primeira vez em que é implementada. Quanto aos recursos, estes serão sempre escassos para desenvolver as inovações propostas. Porém, sempre é possível recorrer à criatividade. Embora a falta de recursos possa se transformar em um obstáculo para a inovação, a sua presença tampouco é garantia de obtenção de resultados.
  1. Colaboração ou trabalho em equipe deficientes: A inovação depende de colaboração e de ambientes capazes de promover vínculos sinérgicos em diferentes níveis e escalas. Além disso, a ação inovadora deve ser capaz de permear a comunidade, gerando uma cultura de colaboração. As inovações desenvolvidas por pequenos grupos de forma isolada e desvinculada da comunidade educativa têm, geralmente, vida curta. A tendência é que elas desapareçam junto com a saída ou a transferência de seus gestores para outras áreas.
  1. Falta de flexibilidade institucional: Experiências inovadoras requerem flexibilidade, experimentação e maturação. Por isso, é importante que haja estruturas, espaços e instâncias formais capazes de conferir condições flexíveis para a inovação, acolhendo os novos projetos e experiências. A evidência indica que instituições com padrões muito rígidos para a execução de tarefas e na organização do tempo não são bem-sucedidas quando tentam inovar.
  1. Problemas para identificar os incentivos justos e adequados: De acordo com as características e a cultura de cada instituição, é possível identificar os incentivos-chaves que podem favorecer a inovação – e que nem sempre são de natureza econômica, como se costuma pensar. Às vezes, o reconhecimento, a concessão de tempo ou a atribuição de recursos não financeiros podem representar incentivos muito relevantes. Porém, incentivos em excesso ou pouco adequados podem funcionar, às vezes, como desestímulos, já que na maioria das vezes tendem a destruir um ambiente inovador.
  1. Encapsular a inovação em grupos específicos: A inovação não deve ficar restrita a um grupo, especialmente se esse for o grupo que gerencia ou lidera os processos de inovação dentro da instituição de ensino. A promoção, o fomento e a gestão da inovação em contextos educacionais devem ser capazes de atingir a grande maioria, e não apenas algumas pessoas. A inovação deve ser considerada como uma ação ou tarefa transversal presente em todos os níveis da comunidade educacional, e seu objetivo deve ser concretizar seu projeto educativo.

 

Oscar Jerez Yañez é diretor do Centro de Ensino e Aprendizagem da Universidade do Chile, além de consultor de governos, universidades e organizações da América Latina e do Caribe.

 

Autor

Oscar Jerez Yañez


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