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Correndo por fora

Atletismo, como outras modalidades esportivas, busca aproveitar as Olimpíadas para ganhar os holofotes sempre voltados ao futebol

Publicado em 10/09/2011

por Mônica Krausz


Alunos do CEU de São Mateus, São Paulo, praticam atletismo: modalidades para todos os perfis de crianças

Mais de 70% dos alunos que ingressam no curso de educação física da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro nunca haviam tido contato com o atletismo, mesmo depois de 11 anos de aulas de desportos na Educação Básica. Os principais motivos apontados são os que se pode imaginar: falta de espaço adequado e de equipamento nas escolas, além de falta de apreço dos professores pela modalidade.

A constatação é de Sara Quenzer Matthiesen, professora do Departamento de Educação Física daquela unidade da Unesp e autora de Atletismo se aprende na escola (Fontoura, 2005), para quem nenhuma dessas justificativas é aceitável, pois espaços e equipamentos podem ser adaptados. O objetivo de introduzir a modalidade, explica, não é formar atletas de ponta, mas sim apresentar o atletismo como componente da cultura corporal. 

"Usamos materiais alternativos em jogos e brincadeiras para que os futuros professores vejam que é possível ensinar e desenvolver habilidades sem o material oficial. O atletismo pode ser ensinado numa quadra ou num campinho", explica.

O professor Ivan Luis Santos, ex-aluno da Unesp, dá aulas de educação física nas redes municipal e estadual de São Paulo para alunos de 1ª a 7ª séries e confirma a percepção de Sara. Até a faculdade, só havia tomado contato com corridas e salto em distância pela TV. Hoje, faz adaptações para ensinar as modalidades.  "Dou aula de revezamento e uso jornal para substituir o bastãozinho de passagem. Como não temos pista de atletismo, a solução é usar a quadra", diz Santos. Ele usa as linhas para marcar referências de espaço para os alunos. Faz o revezamento usando as linhas do vôlei como local de passagem do bastão, por exemplo. E utiliza vídeos para mostrar como são as provas oficiais.

Santos lembra que uma das principais dificuldades para introduzir o atletismo é a falta de um currículo de educação física, pois os parâmetros curriculares mencionam os blocos de conteúdos que devem ser dados, mas não especificam quando cada um deve ser apresentado. "Este ano, recebi uma turma de 7ª série que nunca tinha tido atletismo, então fiquei três meses ensinando cinco provas. Nestas séries, eles já deveriam ter algum conhecimento da modalidade", conta.

Em seu livro Atletismo: teoria e prática (Guanabara Koogan, 2007) , Sara pergunta o que aconteceria se o professor de matemática não gostasse de ensinar a somar e por isso não explicasse essa operação. "Não se trata de uma escolha do profissional desta área, que se julga no direito de ensinar apenas o que gosta ou o que deseja."


Atletismo escolar

Uma vez transmitidos os conhecimentos básicos da cultura corporal do atletismo, podem despontar entre os alunos alguns futuros atletas. "Nosso país não é para ter apenas um Jadel e uma Maureen. Deveríamos ter uns 15 de cada", diz o professor de educação física e coordenador do Departamento de Cursos da Federação Paulista de Atletismo, José Geraldo Carvalho.

"O trabalho do professor de educação física deve ser o de ensinar os movimentos de forma correta. Se lá na frente despontarem atletas, eles estarão prontos. Caso contrário, você orientou um cidadão bem formado fisicamente", observa.

É por isso que neste ano a Confederação Brasileira de Atletismo, em parceria com a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) e as federações estaduais estão desenvolvendo os programas de "Mini Atletismo" (7 a 12 anos) e "Atletismo Escolar" (13 a 15). São clínicas de um ou dois dias em que se busca mostrar a professores e estudantes como o atletismo pode ser interessante em qualquer época.

Em 2008, os eventos do "Mini Atletismo" e do "Atletismo Escolar" passarão por 15 cidades de diversos estados. Já foram visitadas as cidades de Manaus, Fortaleza, Brasília, São Leo­poldo, Caxias do Sul e Porto Alegre.

Um dos quatros docentes credenciados no Brasil pela IAAF para ministrar cursos do "Mini Atletismo", o cubano Lázaro Pereira Velázquez, coordenador do Atletismo Escolar da Confederação Brasileira de Atletismo, conta que a IAAF constatou que o número de praticantes do atletismo vem diminuindo e por isso desenvolveu o Kids Athletics, que no Brasil foi chamado de "Mini Atletismo", programa de ensino da modalidade de forma lúdica e com materiais adaptados.

"Claro que um dia de clínica não é suficiente para mudar a cultura do esporte no Brasil, mas é uma semente que se lança nessa luta", diz. Esses quatro professores ministram cursos de formação em parceria com as federações. Em junho, em São Paulo, mais de 20 docentes fizeram o curso dado pelo professor Kiyoshi Takahashi na Federação Paulista de Atletismo.

Autor

Mônica Krausz


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