O dia em que um ditador ouviu “não”Em 1988, um referendo foi convocado no Chile para decidir se os eleitores aprovavam um novo mandato …
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O dia em que um ditador ouviu “não”
Em 1988, um referendo foi convocado no Chile para decidir se os eleitores aprovavam um novo mandato de oito anos para o então presidente, o general Augusto Pinochet, no poder desde o golpe militar que havia derrubado, em 11 de setembro de 1973, o presidente Salvador Allende. Para a ala mais radical do governo, seus apoiadores na sociedade civil e o próprio Pinochet, tratava-se apenas de uma formalidade para aplacar as críticas internacionais à ditadura, que se intensificavam. A oposição, inicialmente, pensava da mesma forma e estava dividida: alguns propunham o boicote ao plebiscito, enquanto outros defendiam que a participação era importante para denunciar a farsa e, como se diz no jargão da política, “ocupar espaços”.
Nenhuma das partes envolvidas, no governo ou na oposição, imaginaria que o processo escaparia ao controle. O Chile ganharia, com essa ida às urnas, um marco histórico inequívoco para celebrar, de maneira pacífica e festiva, a passagem da ditadura à democracia (diferentemente do que ocorreu com a lenta transição brasileira). No (Chile, 2012, 118 min) recria, em forma de suspense político, os bastidores das campanhas. A trama criada por Pablo Larraín acompanha a equipe de propaganda do “não”, sob responsabilidade da “Concertación”, a coalizão oposicionista, mas faz também breves e significativas incursões às fileiras dos adversários, que lutavam pelo “sim” a Pinochet (ou, como argumentavam, a um Chile progressista e livre da “ameaça” esquerdista).
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Repleto de temas para debate no campo da história latino-americana contemporânea, No oferece também uma boa oportunidade para falar a respeito de discursos verbais e visuais. No primeiro caso, graças às discussões sobre como transformar o “não” em algo afirmativo e esperançoso, dando ao “sim” um caráter negativo. As imagens usadas por Larraín, por sua vez, combinam material de época a uma reconstituição dos eventos. Assim, o espectador pode compreender melhor como o marketing político ainda engatinhava em relação a procedimentos hoje consagrados.
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Formado em arquitetura, Markus Ribeiro trabalha com educomunicação há mais de duas décadas. Nos últimos seis anos, dedicou-se ao projeto Visionautas, cujo carro-chefe é uma produção independente de animação que apresenta a astronomia a crianças e adolescentes. Como você define o projeto Visionautas? Já houve experiências de uso dos Visionautas em escolas? E os professores? |
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