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O chão de Bolívar

Instantâneos da contrastante realidade educacional venezuelana, que opõe escolas privadas, públicas bolivarianas e não-bolivarianas

Publicado em 10/09/2011

por Texto e Fotos: Rafael Pieroni










 

No dia 13 de agosto de 2009, a Assembleia Nacional (NA) venezuelana aprovou, depois de muitos protestos e distúrbios, uma nova lei educacional. Esperava-se, no entanto, que esse processo fosse tranquilo. Afinal, dos 167 membros da Assembleia Nacional (AN) do país, a grande maioria era de aliados da base do governo do presidente Hugo Chávez. A proposta era apontada como um instrumento fundamental na instauração do socialismo. Para os opositores, simbolizava um mecanismo de doutrinação dos estudantes. Durante os protestos contra e a favor da lei, os dois grupos entraram em choque nos arredores do prédio, em Caracas. Por trazer medidas como a introdução de leitura crítica da mídia no currículo escolar, iniciou-se uma discussão em torno da lei: qual o limite de interferência do Estado na educação?

Aproximadamente sete meses depois, a reportagem de Educação visitou escolas públicas e particulares de três cidades da parte ocidental venezuelana: Maracaibo, segunda maior cidade do país, com cerca de 3 milhões de habitantes; Mene Grande, ou "grande emanação de petróleo", cidade que está no centro de um campo de petróleo a 120 km de Maracaibo; e Mérida, com cerca de meio milhão de habitantes, maior centro universitário do lado oeste e sede da Universidade de Los Andes.

O sistema educacional venezuelano é dividido em três etapas: educação pré-escolar (1,04 milhões de alunos), Educação Básica (o equivalente ao nosso ensino fundamental, com 4,06 milhões) e educação média (711,3 mil). Do total de alunos da Educação Básica, 4,06 milhões estão matriculados em instituições públicas e 914,5 mil em particulares. Na educação média, são 510,7 mil estudantes na rede pública e 200,5 mil na privada.

Desde 1999, Chávez defende o início de uma revolução bolivariana, cuja base são as ideias libertárias de Simon Bolívar (responsável pela independência de vários territórios da América espanhola). O objetivo maior da política seria a construção de um novo socialismo. Uma das ações dessa revolução, juntamente com a aprovação da lei em 2009, é o investimento na conversão de escolas comuns em bolivarianas, que apostariam em uma educação integral e na inovação de suas bases pedagógicas. Dados do governo apontam que, em 2004, havia 3.596 escolas bolivarianas no país. Uma delas é a Escola Básica Bolivariana Vicente D’Ávila, em Mérida. Alinhada ao governo de Chávez, recebe mais recursos e conta com boa infraestrutura. Já o Liceo Vicente Lecuna, localizado na periferia de Maracaibo, cidade tradicionalmente de oposição ao governo – o prefeito, Daniel Ponne, é dirigente do partido opositor "Um nuevo tiempo" – vive outra realidade. A escola padece com a falta de infraestrutura e com a violência, como é possível observar em algumas imagens. As instituições são públicas.

Num país tão marcado por divergências políticas, as escolas reproduzem e incorporam essas disparidades. E apesar da distância que existe entre elas, há um aspecto que as une: as constantes referências visuais à figura de Bolívar. A interpretação de seu ideário, no entanto, parece ser variada.

Autor

Texto e Fotos: Rafael Pieroni


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