NOTÍCIA

Ensino Médio

A canção como instrumento didático

Como usar os diferentes gêneros da canção popular brasileira no ensino de história

Publicado em 03/06/2014

por Luciano de Azambuja

O livro de Miriam Hermeto, Canção popular brasileira e ensino de história: palavras, sons e tantos sentidos, representa uma importante contribuição para a reflexão e prática dos usos da canção popular no ensino de história no Brasil. Se atualmente o campo de pesquisa histórica em música popular pode ser considerado consolidado, o mesmo não podemos dizer em relação às pesquisas sobre as apropriações da canção popular no ensino e aprendizagem histórica, apesar de se fazer muito presente na vida prática escolar e no cotidiano de professores e alunos.

A finalidade e o público-alvo do livro são constituídos de uma “proposta para a abordagem da canção como documento na educação histórica” voltada para professores de história do ensino médio.

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No plano teórico, propõe uma abordagem que amplia a concepção da canção “ilustração” e avança na especificidade e percepção da linguagem cancional constituída pela acoplagem de letra & música como um fato social do circuito de produção, circulação e recepção da canção. Com o foco no ensino, “espera-se que o professor conheça e seja capaz de traduzir para os seus alunos os processos de leitura e interpretação da canção popular brasileira”.

Na sequência de ensino analisada, A censura às diversões públicas durante a Ditadura Militar: o veto de Calabar, as nove atividades propostas não partem das ideias prévias dos alunos e não mobilizam a escritura de narrativas especificamente históricas, conforme anunciado; é a temática que define a escolha da canção de trabalho a partir das perguntas, fontes diversas e repertório do professor. Entretanto, é provável que na sexta atividade diante da audiência da canção Fado tropical, alunos de uma hipotética escola pública da periferia urbana de uma grande cidade se manifestem da mesma forma que o sujeito cuja voz apareceu uma só vez no livro e não foi devidamente ouvida: “Credo, professor, que coisa esquisita!”. Pragmaticamente, só poderemos verificar a eficácia das propostas teórico-metodológicas apresentadas, se professores da disciplina se sentirem motivados pela leitura do livro a aplicá-las em situações concretas do chão da sala de aula.

São propostas significativas que contribuem para ampliar e avançar o debate, mas existem outras perspectivas. Pelo significado da canção na vida prática dos jovens: por que não adotar como ponto de partida o gosto musical dos alunos na escolha de uma música que pode ser usada em uma aula de história? Pesquisando, ensinando e seguindo a canção, quem sabe possamos aprender e ensinar uma nova lição.

*Luciano de Azambuja, doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e professor de história do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina, Campus Florianópolis – Continente.

Autor

Luciano de Azambuja


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