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Notícias

Um lugar querido

O ambiente da sala da diretoria é uma extensão de quem está lá e deve ser um espaço de acolhimento e liberdade

Publicado em 10/09/2011

por Rubem Alves

Há um livro que nunca li, mas entendi só pelo título: "A linguagem do corpo". O corpo tem uma linguagem silenciosa de gestos. Nunca fique afundada na poltrona ao receber a visita de uma pessoa chata. Essa posição diz que você está feliz. Para dar o sinal para ela ir embora, sem ser grosseira, sente-se na beirada da cadeira, com as mãos sobre os joelhos…

O mesmo vale para as casas. Elas falam. Tenho um conhecido muito rico. O seu apartamento é um luxo. Ele pensou que a melhor coisa era contratar um decorador. O decorador, mau psicólogo, pôs-se a campo e comprou quadros, objetos de arte, tapetes. A decoração ficou rica. Mas a atmosfera é a de um mausoléu. Porque não existe nada no seu apartamento que se pareça com ele. A casa tem que ter a cara da gente. Casas são espelhos, revelam a alma.

Isso vale para todos os espaços. Você já notou que há restaurantes onde a gente gosta de ir por causa do ambiente físico? Tem um que freqüento que parece a extensão da minha cozinha em Minas… Outros que, a despeito da decoração rica, nos deixam frios. Sinto-me desconfortável em ambientes cheios de espelhos. Os espelhos estão sempre me vigiando. Perco a naturalidade.

Por isso que Edgar Allan Poe disse que um espelho nunca pode ser colocado num lugar onde a pessoa se veja refletida nele, sem querer. Espelhos são uma violência. Quem foi que disse que quero me ver? Especialmente se eu for careca, barrigudo e tenha barbela de nelore?

Faz uns tempos, fui convidado a falar numa grande empresa estatal. O que lá vi, na visita preliminar pelas salas dos executivos, me obrigou a mudar o rumo da minha fala. Por que em todas as salas havia uma foto grande e solene do governador? Porque ele era bonito? Amado? Ou temido?

O que é que a sua sala, em cuja porta está escrita a palavra "diretoria", está dizendo? Ela é a sala da "diretora", uma função de poder, ou é a sua sala? "Sua sala" quer dizer "a sala onde você colocou as suas marcas".  Aquela sala é uma extensão de você, o seu espaço. Se a sua sala for um lugar de poder, todos deverão entrar nela pedindo licença. Conheci um reitor baixinho que tinha raiva de ser baixinho. E, para que sua sala tivesse a marca da sua autoridade, mandou fazer um estrado onde colocou sua mesa. Assim, ele estava sempre por cima…

Mas esse não é o seu caso. Lembre-se do Roland Barthes: maternagem, um espaço manso de acolhimento e liberdade. Sua presença deve ser tranqüilizadora para os funcionários, as professoras e as crianças. Que fotografias você tem lá? "Por que elas estão lá?" Por causa do poder ou da bondade? Há tantas pessoas que simbolizam bondade… S. Francisco de Assis, Janucz Korckak, o barbudo ancião, Paulo Freire. E há pôsteres lindos de crianças. A Unesco publica anualmente calendários com fotos de crianças de todo o mundo.

E lá deverão estar fotografias de sua infância. Você nenezinho, aos sete anos, banguela, adolescente mascando chicletes e, finalmente, você como é agora. Juro que sua sala vai se transformar num lugar querido…


Rubem Alves


Educador e escritor

rubem_alves@uol.com.br

Autor

Rubem Alves


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