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Não seria porque a leitura é uma prática em declínio que se fala tanto dela, questiona pesquisadora
Publicado em 10/09/2011
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Uma das maiores referências nos estudos de memória da leitura no Brasil, a professora Marisa Lajolo, docente dos cursos de graduação e pós-graduação do Mackenzie e da Unicamp, defende com ênfase a necessidade de se analisar com rigor os fenômenos ligados ao tema. A seguir, a autora de A Leitura Rarefeita (com Regina Zilberman, Ática, 2002), fala do PNLL, de professores e de leitura.
A seu ver, quais são os pontos cruciais para estabelecer as métricas de letramento do PNLL?
Acho muito positivo que estejamos começando a quantificar questões de leitura. Distinguir estudos quantitativos sobre livros de estudos quantitativos sobre leitura é passo inicial. Questões de letramento incluem tanto o segmento livros quanto o segmento leitores. Creio que será crucial, nos dois segmentos, estabelecer categorias bastante rigorosas para o levantamento de dados, conhecer a tradição da área fora do Brasil, fazer estudos-piloto, utilizar diferentes metodologias de análise.
A senhora tem pesquisado a história de leitura do professor. O que mais chama sua atenção nos relatos?
Com a ressalva de todas as exceções de sempre, o que mais me impressiona (e comove) nas histórias de leitura docente que recolho é, de um lado, a falta de familiaridade dos professores com livros e com leitura. De outro, a interiorização, por parte deles, de uma espécie de mítica da leitura. Ou seja: embora sem uma história de leitura nem intensa nem extensa, eles dizem acreditar na importância da leitura e cumprem, com admirável boa vontade, tudo o que os especialistas dizem que é preciso fazer para desenvolver nos alunos o gosto pela leitura.
Os professores parecem abertos a conhecer experiências que vingaram no campo da leitura. Que cuidados devem ter ao tentar incorporá-las em contextos diferentes dos de origem das ações?
É promissor o entusiasmo com que professores gostam de "trocar experiências" . Os requisitos para adaptações das experiências relatadas são de várias ordens: desde a disponibilidade de livros, até o tipo de comunidade onde está a escola. Os professores sabem fazer isso muito bem. Seria muito interessante um banco de experiências que registrasse tanto experiências originais como as adaptações necessárias para sua aplicação em outras realidades.
Não lhe parece um paradoxo que nunca tenha havido tanta unanimidade em relação à leitura e à escrita como agora, quando a cultura da imagem ganha mais e mais espaços sociais?
Esta é a grande questão sobre a qual todos deveríamos estar pensando. Acho às vezes que a leitura – desde as últimas décadas do século passado tematizada em filmes, em best sellers, em publicidade imobiliária – está tendo um réquiem de luxo: será que não é exatamente porque ela é uma prática social em declínio que se fala tanto dela? Penso em réquiem num sentido figurado: ela não desaparecerá, mas dividirá cada vez mais o espaço com outros meios. Por outro lado, penso na força da indústria editorial, hoje bastante globalizada. Todas as discussões sobre a importância da leitura interessam aos produtores do livro: criam e aumentam a clientela desse segmento da produção. E a escola é exatamente onde se inicia a criação de leitores, aqui entendidos como consumidores de livros.