Livros sobre o mágico e sua terra maravilhosa ganham merecidas reedições
Publicado em 10/04/2013
Já o livro de estreia de Baum, escrito para ser “um conto de fadas moderno”, é a história de Dorothy, uma menina de 11 anos do Kansas levada por um tufão para uma terra muito estranha, de onde supostamente só conseguirá sair com a ajuda do mágico de Oz, em tese o mais poderoso. Além de bruxas e animais atípicos, o livro é repleto de ideias progressistas, que permeiam os 13 volumes seguintes. Essas ideias são preservadas na adaptação de Victor Fleming para o musical de 1939 (Warner Brothers), mas são ignoradas no roteiro da Disney.
Frank Baum era genro de Matilda Joslyn Gage, líder de uma associação nacional que defendia o sufrágio feminino na virada do século 19 para o 20, e que influenciou fortemente os “livros de Oz”. Prova disso é que nessas histórias do escritor as personagens femininas são destemidas. Mesmo Dorothy, uma criança que atribui a si mesma a qualidade de frágil durante a narrativa, é corajosa e lidera seus amigos – o Espantalho sem cérebro, o Homem de Lata sem coração e o Leão covarde – rumo à Cidade das Esmeraldas, onde vive o mágico visto como o único capaz de solucionar os problemas dessa pequena comitiva. No segundo livro da série, A maravilhosa Terra de Oz, as personagens femininas também se destacam pela obstinação. Entre elas, a general Jinjur, que lidera um exército rebelde cujo plano é tirar o poder da Cidade das Esmeraldas das mãos dos homens. Seu objetivo preocupa o menino Tip e seus amigos, entre eles Jack Cabeça de Abóbora.
Tanto no livro O mágico de Oz como no musical de Fleming, as bruxas são forças poderosas para o bem ou para o mal na Terra de Oz. Mas, no filme de Sam Raimi, o conflito das bruxas gira basicamente em torno dos sentimentos delas em relação ao mágico – paixão, ódio ou os dois juntos. Para completar o rol de personagens e comportamentos estereotipados, a briga é entre duas bruxas morenas (más) e a bruxa loira (boa). Ou seja, o recente filme não convence como prólogo dos livros, porque é movido por conceitos que destoam das ideias presentes na obra de Baum.
SAIBA MAIS
O mágico de Oz, de Lyman Frank Baum, tradução de Tiago Novaes Lima e ilustrações de Ana Raquel (Tordesilhas, 132 págs., R$ 39,90)
O maravilhoso mágico de Oz, de L. Frank Baum, tradução de Renata Tufano e ilustrações de Carki Giovani (Salamandra, 176 págs., R$ 38,90)
A maravilhosa Terra de Oz, de L. Frank Baum, tradução de Luiz Antonio Aguiar e ilustrações de AgataWojakowska (Biruta, R$ 37,50)