Agilidade da aprovação do relatório na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania divide opiniões; especialistas afirmam que novo texto desresponsabiliza a União com o financiamento
Publicado em 27/09/2013
Quem acompanha a tramitação do Plano Nacional de Educação, discutido desde 2010, certamente ficou surpreso ao ver o andamento da matéria acelerar no Senado no mês de setembro. A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou o relatório do senador Vital do Rego ao projeto do PNE 2011-2020. O texto recebeu somente um voto contrário, do senador Randolfe Rodrigues (PSOL/Amapá). Agora, o projeto, que mantém na redação os 10% do PIB para a Educação, está a apenas uma etapa da votação no plenário: em novembro deste ano, o PNE deve passar pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), cujo relator será o senador Álvaro Dias (PSDB/PR).
Presidente da Comissão de Educação, senador Cyro Miranda (PSDB-GO) garante que a comissão analisará o PNE com a maior agilidade possível |
Para Luiz Araújo, mestre em políticas públicas e professor da UnB, a possibilidade de o texto aprovado em setembro ser escolhido pelo governo para a votação em plenário é grande. Em seu blog na revista Escola Pública, Araújo explica que o relatório do senador Vital do Rego retira a Estratégia 20.8, que determinava a complementação da União para conseguir viabilizar o Custo Aluno-Qualidade Inicial (CAQi) – mecanismo definido pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação para ser referência de padrão mínimo de qualidade na Educação Básica.
Atualmente, o CAQi aguarda a homologação do MEC para se tornar uma Resolução. De acordo com uma nota técnica publicada pela Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação (Fineduca), a supressão dessa parte do texto também tira do Estado a responsabilidade pela expansão do ensino técnico profissionalizante de nível médio (Meta 11) e pela educação superior (Meta 12).
Araújo também analisa que o texto deixa clara a inclusão do setor privado nos subsídios, bolsas, isenções fiscais e financiamento estudantil previstos nos 10% do PIB para a Educação, contrariando a redação aprovada na Câmara dos Deputados, que destinava o percentual somente para o ensino oferecido na rede pública.
Sobre a meta 4, que trata da universalização do acesso à educação para crianças e jovens com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o texto atual afirma que se deve assegurar “o atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino”. Araújo avalia que a redação enfraquece a prioridade de atendimento inclusivo e cede à pressão de entidades que se dedicam a crianças e adolescentes deficientes, como as Apaes.