Revista Ensino Superior | O poder da palavra falada - Revista Ensino Superior
Personalizar preferências de consentimento

Utilizamos cookies para ajudar você a navegar com eficiência e executar certas funções. Você encontrará informações detalhadas sobre todos os cookies sob cada categoria de consentimento abaixo.

Os cookies que são classificados com a marcação “Necessário” são armazenados em seu navegador, pois são essenciais para possibilitar o uso de funcionalidades básicas do site.... 

Sempre ativo

Os cookies necessários são cruciais para as funções básicas do site e o site não funcionará como pretendido sem eles. Esses cookies não armazenam nenhum dado pessoalmente identificável.

Bem, cookies para exibir.

Cookies funcionais ajudam a executar certas funcionalidades, como compartilhar o conteúdo do site em plataformas de mídia social, coletar feedbacks e outros recursos de terceiros.

Bem, cookies para exibir.

Cookies analíticos são usados para entender como os visitantes interagem com o site. Esses cookies ajudam a fornecer informações sobre métricas o número de visitantes, taxa de rejeição, fonte de tráfego, etc.

Bem, cookies para exibir.

Os cookies de desempenho são usados para entender e analisar os principais índices de desempenho do site, o que ajuda a oferecer uma melhor experiência do usuário para os visitantes.

Bem, cookies para exibir.

Os cookies de anúncios são usados para entregar aos visitantes anúncios personalizados com base nas páginas que visitaram antes e analisar a eficácia da campanha publicitária.

Bem, cookies para exibir.

NOTÍCIA

Especial

O poder da palavra falada

Novo estudo sobre a aplicação da voz na área educacional busca aperfeiçoar a produção de conteúdo para educação a distância e potencializar a capacidade de compreensão do aluno por José Eduardo Coutelle Imagine um método que possibilite a condensação do tempo das aulas ministradas em […]

Publicado em 22/04/2014

por Ensino Superior

Novo estudo sobre a aplicação da voz na área educacional busca aperfeiçoar a produção de conteúdo para educação a distância e potencializar a capacidade de compreensão do aluno

por José Eduardo Coutelle

186_36Imagine um método que possibilite a condensação do tempo das aulas ministradas em apenas uma décima parte do original e ainda permita a assimilação melhorada do conteúdo pelos estudantes. A proposta é ambiciosa, mas já existe, e promete revolucionar o processo da aprendizagem na educação a distância.

O nome provém do inglês, apesar de ter nascido na capital paranaense. O Voice Design – ou design da voz, em português – começou a ser desenvolvido pelo jornalista e radialista Jorge Cury Neto em 2008, dono da empresa responsável pela iniciativa, a Webcombrasil.

O radialista pesquisou e concentrou princípios de diversas áreas do conhecimento, passando pela linguística, acústica e semiótica, até chegar à antropologia, psicanálise e hipnose. Por meio de estudos e de sua vivência profissional no rádio, resgatou técnicas da oralidade, como tom de voz, frequência, volume, ritmo, timbre, entonação e pausas estratégicas, para criar uma narrativa capaz de transmitir um conteúdo de forma eficiente, garantindo maior capacidade de assimilação do ouvinte. O estudo será apresentado no 10º Seminário Nacional da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), que acontecerá nos dias 24, 25 e 26 de abril em São Paulo, e, em setembro de 2013, recebeu prêmio de Menção Honrosa em congresso também da Abed.

Com o novo método, um vídeo de 30 minutos poderia ser reduzido a apenas três, que trariam de forma destacada os conceitos-chaves a serem transmitidos. O milagre da abreviação do tempo, ou processo científico, se deve principalmente a dois fatores: a formatação do conteúdo e o uso da palavra falada. E é no segundo que está a sua maior contribuição.

Assim se formou um dos principais pilares do Voice Design: o resgate da oralidade, principalmente no processo educacional. Para Cury, o ato de educar ficou centrado demais no “ler” – que é um processo visual – e a narrativa da palavra falada foi deixada de lado. Ele lembra que até meados da década de 50 as escolas brasileiras ensinavam retórica e exercitavam a oralidade por meio de recitais de poesias. Isso, segundo Cury, reduziu a capacidade do professor de ensinar através do uso da sua palavra. Relacionado ao conteúdo de ensino a distância, o jornalista tem ainda mais receio sobre a eficiência do material que vem sendo produzido. “É absurdo o modelo praticado. Assisti a alguns vídeos em que o professor durante uma hora expõe o conteúdo gaguejando e com o uso abusivo de preposições”, conta.

Sob a ótica do Voice Design, Cury propõe refazer todo o esquema de exposição do conteúdo. Para isso, o primeiro passo é treinar o professor com técnicas vocais. Em seguida, são extraídos três ou quatro conceitos-chaves da videoaula original, que são reapresentados por meio de pequenos versos. “O objetivo é tornar a mensagem o mais melodiosa possível para que se ganhe o recurso da memorização”, explica. A partir daí são feitas as marcações fonéticas em todo o texto – que vão determinar a forma correta de proferir cada palavra – e identificados os momentos de pausa, importantes para a assimilação do conteúdo. Por último, o conteúdo apresentado pelo professor ganha a adição de elementos visuais, como diagramas e infográficos, sempre convergentes à narrativa do professor.

Aposta para o futuro
Apesar de ainda não haver estudos oficiais sobre a real eficiência do Voice Design no ensino a distância, o vice-presidente da Abed, Stavros Xanthopoylos acredita no potencial da técnica. “A ideia é interessante. As pessoas querem ouvir e ver cada vez mais. A voz tem impacto”, afirma.

Para Stavros, a falta de contato direto de bons professores com os alunos é um problema no universo da educação a distância. “Lembro que nos nossos cursos, principalmente nos tecnológicos, os alunos queriam mais contato com os autores”, comenta Stavros que também é diretor executivo da FGV On-line. Nesse ponto, a utilização da nova técnica poderá ajudar a reduzir tal distância. Por outro lado, segundo o diretor, é também aí que reside o principal entrave da aplicação. “O treinamento de todos os professores talvez seja a grande restrição”, acredita Stavros.

A doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) e consultora em Tecnologia Educacional e Educação a Distância Andrea Filatro entende que a principal contribuição para a melhoria do processo da educação é o trabalho profissional do uso da voz. A pesquisadora comenta que na vida acadêmica a escrita vem assumindo aos poucos uma função massificadora que oprime o uso da palavra falada. Andrea destaca algumas teorias que apontam que as pessoas aprendem de formas diferentes. Ou seja, existem pessoas mais auditivas e conseguem captar melhor o conteúdo ouvindo, enquanto outras são mais visuais.

Para tentar reverter esse processo, a tecnologia se tornou uma forte aliada. Andrea conta que é crescente o uso de dispositivos móveis na educação. E no Brasil, os smart–phones estão na crista da onda. Por meio deles, os alunos podem acessar o conteúdo em qualquer lugar ou até mesmo quando estiverem em deslocamento. “Esse registro oral fica gravado e os alunos podem ouvir quando quiserem. Além disso, com a voz é possível usar a emoção da palavra para agregar mais valor à comunicação didática”, completa a pesquisadora.

Primeiros contatos
Com pouco mais de dez anos de experiência na elaboração e disponibilização de cursos a distância, a Universidade Anhembi Morumbi encontrou no Voice Design um possível aliado para o seu projeto de conteúdos multimeios. O diretor acadêmico de Educação a Distância, Janes Fidélis Tomelin, conta que a instituição está em conversação para iniciar uma parceria para elaboração de podcasts e que uma colaboração na área de pesquisa científica já está em articulação. Tomelin explica que essa estratégia se deu em parte devido à crescente explosão de estudantes que passaram a utilizar os recursos mobile. Com isso, o desenvolvimento de conteúdo foi adequado para o segmento e justamente neste ponto surgiu uma necessidade. “Percebemos que os podcasts que fazíamos de forma caseira precisavam ser melhorados”, conta.

Ainda sem um contrato definido, Tomelin levanta algumas dúvidas sobre o processo. “Temos de entender como preparar nosso professor para fazer essa narrativa. Se ele não tem habilidade de voz, tem de fazer uma formação continuada. O professor que tem um pé na sala de aula tem de ser preparado para usar os multimeios”, ressalta.

A formação de voice designers
Uma das propostas de Jorge Cury é formar mão de obra capacitada. Para isso, ele aposta em duas áreas profissionais onde a voz já é uma ferramenta explorada: jornalismo e fonoaudiologia. A diretora do Univoz e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, Ana Elisa Moreira Ferreira, conta que o estudo da utilização da voz pelos professores não é um assunto novo para os fonoaudiólogos. A diretora explica que essa é uma das áreas com maior número de pesquisas, tanto para a Voz Clínica, que detecta e trata patologias como rouquidão e disfonias, quanto para Voz Profissional, área encarregada de desenvolver estéticas e estilos vocais para cada profissão. E é justamente este segundo que tem semelhanças com conceitos do Voice Design. “Se um professor entra em sala com fala lenta, curva melódica não variada, pronuncia todas as palavras com o mesmo ritmo e com articulação pouco precisa, pode fazer com que o aluno perca a atenção no que está sendo dito. O professor precisa ser um comunicador envolvente”, destaca. Para fazer esse trabalho de avaliação e possíveis correções existem diferentes formas. A primeira é no próprio ambiente escolar, com a presença do fonoaudiólogo observando a atuação do professor. Já a segunda é por meio de gravações em vídeo. A partir daí, são realizados exercícios para desenvolver a qualidade vocal do docente.

Ana Elisa entende que os problemas relacionados à voz do professor são históricos e provêm desde o período da sua formação. E isso em parte, segundo ela, por culpa das próprias instituições de ensino superior. Assim, diz ela, grande parte dos professores não tem consciência do seu papel de comunicadores e passam a falar para si em vez de para o outro. “As palavras transmitem a informação, mas é a voz que transmite a emoção. E é a voz que vai dar o significado”, completa.

186_37

Autor

Ensino Superior


Leia Especial

Sinal de alerta

Sinal de alerta

+ Mais Informações
Em busca de novos rumos

Em busca de novos rumos

+ Mais Informações
Promessa para o futuro

Promessa para o futuro

+ Mais Informações
À espera de mudanças

À espera de mudanças

+ Mais Informações

Mapa do Site

Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.