NOTÍCIA
De um ambiente hostil, a escola no interior da Bahia passou a ser um lugar onde todos querem estar
Publicado em 07/10/2014
Professor de história, Jefferson Teixeira foi nomeado há três anos coordenador de uma escola de uma região muito perigosa, em Iracê, interior da Bahia. “Minha família não queria que eu aceitasse o cargo por medo”, lembra-se. Hoje, porém, ele sai da escola já de noite e com tranquilidade; em geral fica até mais tarde quando há partidas de futebol com a comunidade. “Era daquelas escolas a que o professor tem medo de ir. Hoje, tenho fila de professores querendo transferência para lá”, diz. A mudança veio com trabalho coletivo.
Durante um mês, o Instituto Brasil Solidário deu formação para que fossem montados uma rádio escolar, um jornal dos alunos e um grupo de teatro. “O estudante virou protagonista. Eles que escolheram o nome da rádio, do jornal, o que tocar ou escrever; eles produzem suas próprias imagens, contam suas próprias histórias”, afirma Jefferson. Vencidas as resistências iniciais, o colégio passou a ser um lugar onde todos querem estar. A rádio, que no princípio só entrava no ar com a presença de Jefferson, hoje é completamente gerenciada por um grupo de estudantes.
“Um pai me procurou porque sabia que a horta da escola estava meio abandonada, se oferecendo para vir cuidar dela junto com o filho, por exemplo. Até que minha grande dificuldade passou a ser como comportar um número tão grande de pessoas querendo vir no contraturno, para ajudar na biblioteca, fazer mutirões, etc.”, relata. Jefferson já foi procurado por sete escolas da cidade, convidando-o para ser coordenador nelas, mas por enquanto ele preferiu ficar onde está porque acha que ainda há muito a fazer.
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*Reportagem publicada originalmente na edição 210 de Educação, com o título “Profissão: transformar”