Revista Ensino Superior | Um peso, muitas medidas - Revista Ensino Superior
Personalizar preferências de consentimento

Utilizamos cookies para ajudar você a navegar com eficiência e executar certas funções. Você encontrará informações detalhadas sobre todos os cookies sob cada categoria de consentimento abaixo.

Os cookies que são classificados com a marcação “Necessário” são armazenados em seu navegador, pois são essenciais para possibilitar o uso de funcionalidades básicas do site.... 

Sempre ativo

Os cookies necessários são cruciais para as funções básicas do site e o site não funcionará como pretendido sem eles. Esses cookies não armazenam nenhum dado pessoalmente identificável.

Bem, cookies para exibir.

Cookies funcionais ajudam a executar certas funcionalidades, como compartilhar o conteúdo do site em plataformas de mídia social, coletar feedbacks e outros recursos de terceiros.

Bem, cookies para exibir.

Cookies analíticos são usados para entender como os visitantes interagem com o site. Esses cookies ajudam a fornecer informações sobre métricas o número de visitantes, taxa de rejeição, fonte de tráfego, etc.

Bem, cookies para exibir.

Os cookies de desempenho são usados para entender e analisar os principais índices de desempenho do site, o que ajuda a oferecer uma melhor experiência do usuário para os visitantes.

Bem, cookies para exibir.

Os cookies de anúncios são usados para entregar aos visitantes anúncios personalizados com base nas páginas que visitaram antes e analisar a eficácia da campanha publicitária.

Bem, cookies para exibir.

Notícias

Um peso, muitas medidas

Apesar de bem-visto pelo setor acadêmico, RUF enfrenta dificuldades na avaliação de mercado e na comparação entre instituições com foco em ensino e pesquisa Por José Eduardo Coutelle A classificação de instituições universitárias e de cursos de nível superior é um fato já consolidado em […]

Publicado em 22/10/2014

por Ensino Superior

Apesar de bem-visto pelo setor acadêmico, RUF enfrenta dificuldades na avaliação de mercado e na comparação entre instituições com foco em ensino e pesquisa

Por José Eduardo Coutelle

192_18

A classificação de instituições universitárias e de cursos de nível superior é um fato já consolidado em outros países e vem conquistando espaço aqui no Brasil, principalmente com o Ranking Universitário Folha (RUF), que chegou a sua terceira edição em setembro deste ano. Praticamente todo o setor acadêmico vê com bons olhos o ranqueamento, mas salienta os riscos que uma leitura preliminar baseada em determinados critérios pode causar. Para os alunos, a lista serve como uma ferramenta de escolha. Para as instituições, um balizador de investimentos e do que precisa ser revisto para posicionar-se melhor diante de seus concorrentes. Entretanto, as modificações na metodologia de avaliação, mesmo que pequenas, inviabilizam qualquer possibilidade de uma leitura comparativa entre uma e outra edição, o que já é impossível entre rankings diferentes. Além disso, a própria elaboração e a forma de pontuação de um determinado indicador suscitam dúvidas se ele realmente corresponde à realidade.

Questionando métodos
Esse é o caso da avaliação de Mercado, um dos itens mais caros ao estudante e, por consequência, à instituição de ensino. Parte-se do princípio de que quem recebeu uma boa formação terá seu lugar garantido no mercado de trabalho. E foi justamente por meio da resposta de 1.970 recrutadores, que apontaram três instituições em que os alunos teriam prioridade na hora de uma contratação, que o ranking avaliou o indicador em 40 cursos e 192 instituições de ensino superior.

A jornalista e organizadora do RUF, Sabine Righetti, explica que a avaliação subjetiva foi escolhida para tentar agregar opinião e não contar somente com análises estritamente numéricas. A questão é que o indicador considerou apenas uma única avaliação quantitativa, sem levar em conta nenhum outro critério. Desta forma, o ranking gerou grandes discrepâncias. Por exemplo, a instituição privada mais bem colocada na avaliação de Mercado (terceiro lugar) ficou em 32º no quesito Ensino e no Geral, 35º. A organizadora reconhece a fragilidade do indicador e destaca que a melhor forma de avaliar o Mercado seria por meio da resposta direta dos egressos.

Nos Estados Unidos foi realizada uma experiência nesse sentido, em que o governo fez um levantamento sobre a situação dos egressos, com o objetivo de identificar quem estava empregado na sua área de formação, quanto recebia e qual sua posição hierárquica. Os rankings estadunidenses apenas utilizaram a informação já levantada. No Brasil, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou, em julho deste ano, que irá fazer uma pesquisa semelhante com os egressos de 10 cursos, entre eles administração, jornalismo e direito, para identificar sua posição no mercado. A divulgação dos resultados, prevista para abril de 2015, poderá ser incluída em edições futuras do RUF.

Tamanho não é qualidade
Com o formato atual de avaliação, o indicador tende a privilegiar marcas já consagradas no país e principalmente grandes instituições espalhadas por todos os estados, e não necessariamente a qualidade. Isso porque o critério leva em conta o resultado bruto e não traça um percentual entre o número de egressos por instituição e a quantidade de indicações dos recrutadores. Assim, uma pequena instituição que forma com excelência um reduzido número de alunos e cuja maioria, hipoteticamente, consegue um bom lugar no mercado, ficaria muito atrás de uma instituição formadora de milhares de profissionais em todo o Brasil.

Para o diretor científico da Scielo e responsável pela medição científica do RUF, Rogério Meneghini, a falha principal do ranking está no indicador de Mercado. “A avaliação é realmente um tanto viciada e um pouco influenciada pelo tamanho da instituição de ensino. Uma universidade com muitos alunos pode influenciar os recrutadores e assim gerar um valor deformado. Além disso, na minha impressão, ele é muito valorizado, até porque não é um indicador sólido. Acho que deveria ser usado com mais parcimônia”, opina o professor. Conforme a metodologia aplicada, o indicador corresponde a 18% da nota final, podendo rebaixar, ou elevar, uma instituição não só no segmento Mercado, mas também na somatória geral. Meneghini entende que a forma mais simples de equalizar essa distorção seria através do cálculo de percentual entre o número de diplomados por instituição e o de indicações dos recrutadores. “O RUF não está levando em conta que o tamanho do corpo de formados não pode pesar no indicador”, conclui o pesquisador, que foi contrário à decisão final do ranking.

Com uma longa experiência em classificação de cursos superiores, o Guia do Estudante da Abril também se viu em apuros diante desta mesma dificuldade: como avaliar a questão do mercado? Para o diretor de redação, Fabio Volpe, o problema não é o índice ser baseado totalmente na opinião de recrutadores, mas sim em como fazê-lo ter abrangência nacional. “Você até pode ouvir as 500 maiores empresas de Recursos Humanos. Mas como vou replicar para todo o Brasil? É muito difícil fazer um retrato que fuja do volume de alunos e atinja todo o território nacional. Para um aluno do Pará, a empregabilidade maior vai vir da Universidade Federal do Pará e não da FGV ou da USP”, conta.

Para Volpe, o caminho ideal seria acompanhar os alunos formados por um período determinado de tempo. Eles responderiam sobre a dificuldade em conseguir um emprego, os salários e condições oferecidas pelo mercado, eliminando assim a necessidade da análise de recrutadores. Entretanto, para fazer essa pesquisa em âmbito nacional, mesmo que em percentual representativo, comenta Volpe, o custo seria proibitivo para qualquer veículo de comunicação e sua realização fatalmente recairia sobre o Ministério da Educação.

O outro lado
Contrário às críticas apontadas, o reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Benedito Guimarães Aguiar Neto, defende o atual modelo de avaliação do indicador. “Dizer que a universidade é boa é olhar só para o próprio umbigo. Ser bom é ser perceptível, ser olhado pelo mercado”, afirma o reitor da instituição particular mais bem colocada na avaliação. Benedito reconhece a discrepância entre os indicadores de Mercado e Ensino, mas entende que os dados que suscitam interpretações dúbias estão justamente neste último. O reitor discorda que, obrigatoriamente, cursos que tenham 100% de professores com mestrado e doutorado e em tempo integral – dois dos critérios de avaliação de Ensino – sejam fundamentais para a qualidade da formação. Para ele, o mais importante é uma mescla entre docentes com experiência de mercado e outros com vivência acadêmica, mesmo que isso impacte negativamente a nota no indicador.

O reitor da Universidade Anhembi Morumbi, Oscar Hipólito, vai além. Ele entende que as universidades públicas têm sua missão mais voltada à pesquisa, enquanto as instituições particulares são mais focadas no mercado. E isso não quer dizer que uma tenha a qualidade de ensino melhor que a outra. Mas sim que seus objetivos são diferentes. E no momento em que o ranking privilegia as características da pesquisa, automaticamente joga para a parte de baixo da tabela a grande maioria das instituições particulares, e torna dissonante a relação entre mercado e ensino. Hipólito sugere que as universidades sejam avaliadas pela sua missão, mesmo que para isso tenham que ser criados diferentes pesos para determinados valores.

Com relação à avaliação de Mercado, Hipólito concorda que a forma como o indicador foi conduzido privilegia as instituições com maior número de campi espalhados pelo país e as universidades mais conhecidas. Para ele, a saída é a consulta direta com o egresso. “Não é difícil fazer isso. Nós recolhemos as informações dos nossos alunos pelo período de um ano e meio”, diz. Além de excluir a questão da regionalidade, este critério de avaliação incluiria no indicador todos os profissionais que optaram pelo empreendedorismo em vez do trabalho assalariado.

A coordenadora da Pós-graduação de Ciências Sociais da PUC-SP, Sílvia Borelli, conta que as universidades já são cobradas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) a enviar relatórios sobre a posição de seus egressos de pós-graduação. “Tenho de dizer se estão trabalhando, se estão dando aula ou se estão no mercado. É um item obrigatório. Poderíamos fazer também para os alunos de graduação e manter por três anos”, comenta. Enquanto essa medida não é mais discutida, uma alternativa, sugerida pela professora, é adensar a pesquisa quantitativa de opinião com a realização de entrevistas de profundidade com gestores de ensino e com egressos.

Talvez uma possível saída seja melhorar o que já se tem. Essa é a opinião do avaliador do Inep/MEC e sócio-diretor da Intaag Educacional, Edwin Parra Rocco. O consultor acredita que além de a avaliação subjetiva ser hipervalorizada, ela corre o risco de ser direcionada às pessoas erradas. Edwin entende que é, no mínimo, discutível a escolha dos recrutadores para a pesquisa de opinião. “Quem avalia o desempenho do funcionário é o chefe de setor. O RH analisa o currículo e não o efetivo desempenho do candidato. Não digo que a opinião dele não sirva, mas o processo precisa ser melhorado”, destaca. Uma alternativa sugerida pelo consultor é o acompanhamento dos egressos através das associações de ex-alunos. No entanto, ele mesmo reconhece a dificuldade de manter o contato, visto que é natural o estudante mudar de endereço, de telefone e de cidade.

192_19

Autor

Ensino Superior


Leia Notícias

pexels-thisisengineering-3861969

Inteligência artificial pede mão na massa

+ Mais Informações
pexels-george-milton-6953876

Mackenzie cria estratégia para comunicar a ciência

+ Mais Informações
Doc Araribá Unisagrado

Projeto do Unisagrado na Ti Araribá faz 26 anos e ganha documentário

+ Mais Informações
pexels-andrea-piacquadio-3808060

Mais de 100 IES foram certificadas com selo de incentivo à Iniciação...

+ Mais Informações

Mapa do Site

Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.