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Arte e Cultura

O lugar do psicopedagogo no ambiente escolar

Obra analisa a cultura escolar e os traços da formação da psicopedagogia

Publicado em 04/11/2015

por Luciana Ferreira da Silva

 

© iStockphoto

 

A professora paulista Elcie Fortes Salzano Masini é a autora do livro O psicopedagogo na escola, publicado pela editora Cortez. Como pesquisadora e docente da Universidade de São Paulo e da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Elcie se debruça sobre temas como percepção, inclusão, aprendizagem, aconselhamento e relações eu-outro.

Nesta obra, a autora passa por breve e necessária contextualização histórica da psicopedagogia e visita a legislação, estabelecendo interfaces entre o psicólogo escolar e outros profissionais da educação.

Com a profissionalização da psicopedagogia, é necessário repensar a identidade profissional e as margens que delimitam os fazeres no âmbito escolar. Atenta a essa lacuna, Elcie expõe a complexidade das relações que circundam a teoria e a prática dos processos do ensinar e do aprender da escola brasileira entre os séculos 20 e 21, instigando a consciência de profissionais, pesquisadores e simpatizantes da educação.

A obra analisa a cultura e redesenha os traços da formação identitária da psicopedagogia educacional, afirmando que esta “foi desencadeada por descrenças. Descrenças de que se possa propiciar o aprender apenas ao fazer uso de procedimentos metodológicos e didáticos; descrença de que se possa lidar com a cognição como fator isolado”.

Num profundo acreditar na atuação do psicopedagogo na escola, nas suas habilidades e no potencial de ressignificação do meio em que atua esse especialista, a obra compromete-se com a responsabilidade, a criticidade e a transformação profissional, somando-se como referência bibliográfica de excelência.

Divulgação
O psicopedagogo na escola, de Elcie F. Salzano Masini (Cortez Editora, 144 págs., R$ 27,00)

O livro põe em cena a autopoiesis do psicopedagogo no ambiente escolar: o termo, cunhado pelos biólogos e filósofos Francisco Varela e Humberto Maturana, refere-se à capacidade dos seres vivos de autorregulação, de adaptar-se em interação com o meio e com os demais.

Em O psicopedagogo na escola, a autora (re)credita a escola como lugar de descobertas e efetivas aprendizagens, destacando o lugar do fazer psicopedagógico. Que os bloqueios duradouros ou passageiros sejam, como demonstra Elcie em seu livro, anunciações de possibilidades e de autopoiesis na escola. Viável? A obra apresenta o testemunho.

Saborear o percurso da autora é resgatar o sentido da prática docente e psicopedagógica; é permitir-se a reflexão consciente sobre o viável nas escolas públicas; é afetar-se pela investigação acadêmica que demonstra a concretude da possibilidade de romper com o mesmo, ou seja, de não se resignar aos difíceis legados, reais ou simbólicos, do ambiente escolar.

Desacomode-se, reavalie-se, inquiete-se. O psicopedagogo na escola faz mais do que um convite: faz um chamado a cada um para que se assuma em compromisso irrevogável frente ao outro.

 


Luciana Ferreira da Silva é fundadora e diretora do Instituto Avuí. Professora universitária e pesquisadora nas áreas de políticas educacionais, inclusão, processos cognitivos e psicopedagogia.

Autor

Luciana Ferreira da Silva


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