Revista Ensino Superior | Texto escrito pelo anarquista Max Stirner no século 19 traz questionamentos sobre educação que se mantêm atuais - Revista Ensino Superior
Personalizar preferências de consentimento

Utilizamos cookies para ajudar você a navegar com eficiência e executar certas funções. Você encontrará informações detalhadas sobre todos os cookies sob cada categoria de consentimento abaixo.

Os cookies que são classificados com a marcação “Necessário” são armazenados em seu navegador, pois são essenciais para possibilitar o uso de funcionalidades básicas do site.... 

Sempre ativo

Os cookies necessários são cruciais para as funções básicas do site e o site não funcionará como pretendido sem eles. Esses cookies não armazenam nenhum dado pessoalmente identificável.

Bem, cookies para exibir.

Cookies funcionais ajudam a executar certas funcionalidades, como compartilhar o conteúdo do site em plataformas de mídia social, coletar feedbacks e outros recursos de terceiros.

Bem, cookies para exibir.

Cookies analíticos são usados para entender como os visitantes interagem com o site. Esses cookies ajudam a fornecer informações sobre métricas o número de visitantes, taxa de rejeição, fonte de tráfego, etc.

Bem, cookies para exibir.

Os cookies de desempenho são usados para entender e analisar os principais índices de desempenho do site, o que ajuda a oferecer uma melhor experiência do usuário para os visitantes.

Bem, cookies para exibir.

Os cookies de anúncios são usados para entregar aos visitantes anúncios personalizados com base nas páginas que visitaram antes e analisar a eficácia da campanha publicitária.

Bem, cookies para exibir.

NOTÍCIA

Edição 237

Texto escrito pelo anarquista Max Stirner no século 19 traz questionamentos sobre educação que se mantêm atuais

O falso princípio da nossa educação, de 1842, analisa como e com que finalidade educamos

Publicado em 13/04/2017

por Rubem Barros

falsoprincipiodanossaeducacao O falso princípio da nossa educação, de Max Stirner, introdução de Jean Barrué e tradução de Plínio Augusto Coêlho, Intermezzo Editorial, 96 páginas, R$ 28

Mesmo que aparentemente transfiguradas por uma nova linguagem para lhes trazer uma imagem de atualidade, velhas questões continuam sempre a rondar a definição dos princípios centrais dos grandes temas sociais. Não é diferente com a educação. Assim, ao olharmos para reflexões de dois séculos atrás, encontramos, com variações de vocabulário e contexto, perguntas e ideias que permanecem instigantes.

É o caso de um pequeno ensaio do pensador anarquista Max Stirner, publicado originalmente na Gazeta Renana em 1842, de Colônia, Alemanha, sob o título de O falso princípio da nossa educação. O ensaio ganhou edição brasileira em 2016 pela Intermezzo Editorial, acrescida de prólogo de Christian Ferrer e ótima introdução contextualizadora de Jean Barrué.

Solario (retrato), obra de 1967 do artista Jean Dubuffet, criador do termo assemblage, ligado à ideia de acumulação (de referências, obras e objetos). Para ele, a arte deve estar sempre em mutação, sem institucionalizar-se

Solario (retrato), obra de 1967 do artista Jean Dubuffet, criador do termo assemblage, ligado à ideia de acumulação (de referências, obras e objetos). Para ele, a arte deve estar sempre em mutação, sem institucionalizar-se | © Reprodução

Nascido Johann Casper Schmidt (1806-1856), Stirner é o autor de O único e a propriedade privada (1844), obra em que professa sua visão filosófica centrada na crença no indivíduo e na visão negativa das instituições como força organizadora do convívio social.

Como outros pensadores da época – notadamente Marx e Engels – também foi fortemente influenciado por Hegel (1770-1831) e sua ideia de hegemonia do espírito. A questão inicial de O falso princípio parte daí: qual seria a palavra que exprimiria o espírito de seu tempo e que tipo de educação levaria os homens de então a serem os criadores dessa ideia?

Ao identificar as forças presentes no campo educacional, Stirner mostra um cenário com correspondência no atual: de um lado, havia uma educação humanista, que visava formar indivíduos versados na cultura clássica, voltada a poucos senhores, e que tenderia a um dandismo; de outro, uma educação dita realista, voltada mais à vida prática, assentada no já ascendente conhecimento científico e nas necessidades do mundo do trabalho, que levaria a um industrialismo.

Ainda que um e outro tipo de formação pudessem ter suas virtudes, ambos acabariam conformando homens aprisionados a uma dinâmica social preexistente, dizia Stirner. Sendo senhores (dândis) ou cultos membros da engrenagem produtiva, os homens não estariam sendo educados para desenvolver seu máximo potencial, para atingir a liberdade plena do ser.

Para o autor, apenas uma educação que se voltasse a superar o saber, a usá-lo como meio para despertar a vontade, seria verdadeiramente libertadora. “O Saber também deve morrer para, na morte, reflorescer em Vontade”, escreve.
Essa vontade autônoma em direção ao conhecimento levaria a uma sociedade de homens que chegassem a um plano moral superior, ao personalismo. Esse personalismo seria o retrato da liberdade plena do indivíduo, a sua não submissão àquilo que é preestabelecido.

Para isso, os professores teriam de desaferrar-se da noção de autoridade alicerçada no plano institucional. Sua maior arma para combater a eventual hostilidade ou arrogância das crianças seria opor-lhes a “dureza de sua própria liberdade” enquanto professor. Stirner, diga-se, ganhou a vida lecionando em liceus.

Sua missão envolveria, para ajudar o aluno a encontrar sua personalidade, fazê-lo superar os ideais seja do humanismo, voltado à compreensão do passado, seja do realismo, centrado no presente, ambos presos a uma visão temporal. Transcender essa temporalidade seria o caminho para o espírito consciente de si, eterno conceito que denota forte influência de Hegel e da visão de que a autoconsciência leva à autocriação.

Nessa perspectiva, o saber não deve ser inculcado (ou virar objeto da memória, nos termos atuais), “mas conduzir o indivíduo ao seu pleno desenvolvimento”. Assim, a pedagogia não poderia partir da ideia de civilizar, “mas da ideia de desenvolver pessoas livres, caracteres soberanos”.

Como se vê, podemos estar mais afeitos a outra terminologia, mas o desafio continua posto nos dias de hoje.

O falso princípio da nossa educação, de Max Stirner, introdução de Jean Barrué e tradução de Plínio Augusto Coêlho, Intermezzo Editorial, 96 páginas, R$ 28

O falso princípio da nossa educação, de Max Stirner, introdução de Jean Barrué e tradução de Plínio Augusto Coêlho, Intermezzo Editorial, 96 páginas, R$ 28

Autor

Rubem Barros


Leia Edição 237

internacionalizacao-ensino-superior

Incentivo à proficiência de docentes em inglês já é pré-requisito

+ Mais Informações
falsoprincipiodanossaeducacao

Texto escrito pelo anarquista Max Stirner no século 19 traz...

+ Mais Informações
mapa formação professores

No ensino médio, ainda há carência de docentes especializados

+ Mais Informações
fundacaocasa3

Trabalho na Fundação Casa é visto por educadores como oportunidade de...

+ Mais Informações

Mapa do Site

Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.