Revista Ensino Superior | O ChatGPT é o novo desafio da competência docente
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Inovação

Colunista

Ana Valéria Reis

Consultora em inovação, aprendizagem, metodologias ativas e avaliação

O ChatGPT é o novo desafio da competência docente

Tecnologia vai redobrar os cuidados do professor com o desenvolvimento das competências dos estudantes e das evidências geradas a partir dos processos avaliativos

ChatbotGPT "O chat será capaz de captar sua criatividade, associações e transferências de conceitos e sentido ao texto que se constrói?", indaga a colunista Ilustração: Freepik

Nos últimos dias, o chatbotGPT tomou conta das conversas entre educadores, professores e instituições de ensino. Principalmente no que diz respeito à facilidade que proporciona aos estudantes de encontrarem respostas para suas dúvidas ou produzirem textos. Isso limita a capacidade de escrita, mas amplia as oportunidades de obterem melhores resultados na escola.

Li diversos e variados artigos sobre essa inteligência artificial que de certa maneira impactou o cenário da educação.

Karina Fuerte, editora chefe do Observatorio del Instituto para el Futuro de la Educación, em artigo em 24/01, observou que essa tecnologia tem potencial para revolucionar a forma como interagimos e nos comunicamos com as máquinas. Ao mesmo tempo em que se instaura uma ameaça e oportunidades para o futuro da educação, o papel dos docentes e a avaliação da aprendizagem. O chat pode revolucionar a forma como ensinamos ou aprendemos idiomas e pode ajudar os estudantes a melhorar suas habilidades linguísticas de uma forma mais atrativa e personalizada.

Karina também acredita que o chat será positivo para como avaliar os estudantes quanto à produção textual. De forma mais precisa e confiável podem criar ferramentas que em tempo real orientem os estudantes quanto às habilidades de escrita e ajuda a identificar as áreas em que precisam melhorar. Porém não exclui a possiblidade de os estudantes trapacearem, sem poder identificar as trapaças. Outro risco eminente é alunos e professores tornarem-se dependentes dessa tecnologia, e que se percam as inter-relações e conexões pessoais, cruciais para uma aprendizagem efetiva.

Faltará humanidade

O site nautil.us, em 17/01 trouxe um artigo de Philip Ball, intitulado “ChatGPT é um espelho dos nossos tempos: O que os AIs de linguagem compensam em eficiência o que não têm em humanidade”. Com benefícios inegáveis, podem fornecer aos alunos mais informações do que um livro didático. E torna os recursos educacionais mais flexíveis, adaptados às necessidades individuais, ajudando as interações entre alunos, pais e professores, mais rápidas e convenientes. Também podem fornecer aos alunos perguntas e respostas práticas, dar feedback e avaliar seus trabalhos, aliviando a carga dos professores. Sua natureza interativa é mais motivadora para os alunos do que os despejos de informações imprecisos e muitas vezes confusos gerados pelas pesquisas do Google.

Mas nada disso diminui a preocupação dos professores quanto ao peso que virá sobre o sistema educacional. Nos Estados Unidos, escolas já estão buscando uma maneira de “proibir” o uso do chat. Mas como fazê-lo? O professor de humanidades do ensino médio Daniel Herman escreveu no The Atlanticque, “Minha vida – e a vida de milhares de outros professores e professoras, tutores e administradores – está prestes a mudar drasticamente.”

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Karina e Philip levantam questões que se completam ou divergem e que tantas outras pessoas estão debatendo e até em mais aspectos. No entanto, uma palavra do título do artigo de Philip me chamou a atenção: humanidade.

Esses dois exemplos me fizeram refletir, como professora de língua portuguesa e produção textual, sobre os inúmeros debates sobre a personalização do ensino. Temos investido tempo e estudos no tema da aprendizagem ativa, da avaliação formativa, para que o estudante não seja só mais um aluno ou um número de matrícula na lista de presença. As estratégias pedagógicas restauraram teorias de aprendizagem que valorizam o estudante e seu desempenho, seu crescimento e o desenvolvimento de competências, habilidades e atitudes, suas relações interpessoais e o trabalho colaborativo. Essas estratégias permitiram conhecer os alunos, mapear suas dificuldades ou déficit de aprendizagem. Isso tornou a tecnologia nossa aliada e ficou claro o quanto os professores precisavam aprender a aprender a ser um profissional docente de verdade.

Se, como professora, pude ser capaz de saber como meu estudante escreve, como usa sua subjetividade e articula suas ideias, o chat será capaz de captar sua criatividade, associações e transferências de conceitos e sentido ao texto que se constrói?

Minha experiência

Acessei o aplicativo e trocamos algumas ideias. Queria testar algumas situações. Por exemplo, perguntei: quem é você? E ele: “Eu sou um bot de perguntas altamente inteligentes. Se você me perguntar uma pergunta que tem raízes na verdade, eu lhe darei a resposta. Se você me perguntar uma pergunta que não tem sentido, truque ou não tem resposta clara, eu respond” (não terminou a palavra nem a frase).

Eu: Como este Chat vai impactar o mundo da educação formal

Ele: “O chatbot pode ter um grande impacto na educação formal, pois pode ajudar os alunos a obter respostas rápidas e precisas para suas perguntas, além de fornecer informações e recursos adicionais para ajudar os alunos a aprender melhor. Além disso, os chatbots podem ajudar os” (ele não terminou a frase).

Eu: Você vai substituir os professores? 

Ele: “Não. Os chatbots não podem substituir os professores, pois eles não têm a capacidade de ensinar, motivar e inspirar os alunos como os professores. Os chatbots podem, no entanto, ajudar os professores a fornecer informações e recursos adicionais para ajudar os alunos a aprender melhor”. 

Fiz também algumas afirmações:

Eu: Você comete erros de escrita na língua portuguesa 

Ele: Não, eu não cometo erros de escrita na língua portuguesa. 

Eu: Você não completou a frase da resposta anterior.

Ele: Desculpe, eu tentei fornecer a melhor resposta possível. 

Nessa conversa, o chat afirma que não pode motivar e inspirar os estudantes. Ele se reconhece como máquina. A “humanidade” está na empatia do professor pelo estudante, na postura inclusiva desse professor, no reconhecimento de que a escola é um espaço de aprendizagem e não só de ensino.

Essa tecnologia vai redobrar os cuidados do professor com o desenvolvimento das competências dos estudantes e das evidências geradas a partir dos processos avaliativos. A “transformação”, tão presente nos textos da missão das instituições de ensino, de fato deverá ocorrer de forma a elevar o grau de maturidade e de comprometimento do estudante com sua formação.

Outro artigo 

Steven Mintz, professor de história na Universidade do Texas, em Austin, no site insidehighered.com/, comenta sobre o impacto negativo do chat para o incentivo da desonestidade intelectual. Stevem cita o ensaio de Tomas Chamorro-Premuzic, psicólogo organizacional e professor de psicologia empresarial na University College London e Columbia, que argumenta que “a IA generativa redefinirá o que entendemos por expertise. Assim como o Google desvalorizou a memória da armadilha de aço, as calculadoras eletrônicas aceleraram os cálculos complexos, a Wikipedia deslocou a enciclopédia impressa e os bancos de dados online diminuíram a importância de uma vasta biblioteca física, plataformas como o ChatGPT alterarão profundamente as habilidades mais valorizadas”. 

Para tanto, Chamorro alerta para as competências quanto a: como formular as perguntas; como ter domínio profundo sobre os assuntos tratados, para detectar superficialidade, imprecisões, erros de cálculo entre outras bobagens; aproveitar os insights gerados por IA em decisões e ações: aplicar as informações no mundo real, resolver problemas ou traduzir as ideias em serviços e produtos tangíveis. Chamorro-Premuzic coloca sucintamente: “Se quisermos manter uma vantagem sobre as máquinas, é aconselhável evitar agir como elas”.

Enquanto esse chat ainda era restrito, Edward Tian, ​​de 22 anos, no último ano da Universidade de Princeton, onde se especializou em ciência da computação e jornalismo, já trabalhava arduamente em um novo aplicativo para combater o uso indevido da poderosa ferramenta de inteligência artificial chamada ChatGPT. Em 2 de janeiro, Tian lançou seu aplicativo que chamou de GPTZero. Ele basicamente usa o ChatGPT contra si mesmo, verificando se “há envolvimento zero ou muito envolvimento” do sistema de IA na criação de um determinado texto. 

Leia também: Rever as lições aprendidas, o desafio das IES

Assim como já há recursos que detectam o plágio nos trabalhos acadêmicos, em breve haverá outros que hão de detectar o quanto a “inteligência artificial” estará presente nos trabalhos apresentados. E a tomada de decisão sobre validar ou não está sob o comando de pessoas.

Não sinto que devamos temer essa tecnologia, mas torná-la nossa aliada. Daí reforço não nos afastarmos das conquistas que já obtivemos em relação à humanização, à personalização da aprendizagem. Ao contrário: é o momento de reforçar nos nossos estudantes a sua identidade, o que o torna único, especial, necessário. E que conhecimento se constrói com esforço, estudo e atenção. E ao professor, que seu trabalho deve ser superior ao que uma máquina possa proporcionar. Depois dessa, virão outras tecnologias e mais outras e caberá a cada geração, a cada momento, avaliar seu impacto, suas consequências, benefícios ou malefícios. Mas nunca se deverá esquecer de que a máquina jamais vai se sobrepor ao humano.

A sua instituição já debateu sobre o assunto? Acredita que proibir o uso do chatGPT será uma boa estratégia? Esse tema deve ser debatido também com os estudantes? Quão divergentes ou afins será o posicionamento dos professores e suas turmas? Vamos continuar essa conversa.

Ana Valéria Reis é consultora educacional em inovação, aprendizagem ativa, metodologias ativas e avaliação no ensino superior. Professora de Língua Portuguesa e Língua Espanhola.

Por: Ana Valéria Reis | 26/01/2023


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