Revista Ensino Superior | Santas Casas: Desafios não impedem expansão
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NOTÍCIA

Edição 279

Santas Casas: Desafios não impedem expansão

Pioneiras no ensino da prática médica, as Santas Casas são berços de renomadas IES, como as Faculdades de Medicina da USP e da Unifesp, em São Paulo, da UFMG e PUC Minas, em Belo Horizonte

Publicado em 10/11/2023

por Ensino Superior

FCMSCSP A FCMSCSP faz 60 anos e expande o número de cursos de graduação (foto: divulgação/FCMSCSP)

As cerca de 900 Santas Casas de Misericórdia espalhadas pelo país são fortalezas para o SUS, responsáveis por 40% das internações de média complexidade e 61% das internações de alta complexidade do sistema de saúde brasileiro. Algumas quadricentenárias, são pioneiras no ensino da prática médica, e berços de renomadas instituições de ensino superior, como as Faculdades de Medicina da USP e da Unifesp, em São Paulo, da UFMG e PUC Minas, em Belo Horizonte.

Diante dos mercados em que estão inseridas – saúde e educação –, assim como outras entidades filantrópicas, as Santas Casas defendem-se de críticas quanto à isenção fiscal, uma premissa que “ficou no passado”, afirma Custódio Pereira, presidente do Fórum Nacional das Instituições Filantrópicas. “Na área da saúde, por exemplo, para cada R$ 1,00 investido, o setor da filantropia retorna R$ 11,35. Se fosse um investimento, quem não o faria?”

Custódio Pereira

Custódio Pereira, do Fórum Nacional das Instituições Filantrópicas (foto: divulgação)

No ensino, as Santas Casas chancelam a qualidade de cursos de graduação, tecnólogos, especializações, técnicos, cursos livres e pesquisa. Seus hospitais são um vasto campo de conhecimento e prática para os profissionais em formação, de faculdades vinculadas a elas ou não. Suas faculdades, umas mais antigas, outras recentes, se valem da tradição e de uma visão humanista da prática das profissões da área médica, dois grandes diferenciais num mercado em que o ensino da técnica tem prevalência.

A tecnologia está presente na formação, que conta com as realidades imersivas, manequins, simulações realísticas e robôs. Entretanto, outro diferencial, possivelmente o mais importante – e que vale para todos os cursos da área médica, não apenas medicina –, é poder oferecer a vivência do funcionamento de um hospital e ter pacientes de verdade para cuidar.

 

Leia: Assentados da reforma agrária alcançam o ensino superior

 

Os desafios são muitos. O crescimento dos cursos de medicina, a competitividade cada vez maior, os altos investimentos em marketing dos grandes grupos educacionais – e a consequente necessidade de buscar uma comunicação assertiva para a captação de novos alunos – estão na lista. Outra preocupação é a crescente concorrência para campos de estágios. Os hospitais das Santas Casas oferecem a possibilidade de prática na atenção secundária e de alta complexidade.

Mas as mudanças nos parâmetros curriculares dos cursos de medicina, em 2014, passaram a exigir que 30% do estágio, chamado internato no âmbito da medicina, obrigatório nos dois últimos anos do curso, fosse voltado à atenção primária e medicina da família, nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).

Luiz Henrique Amaral

Luiz Henrique Amaral, da FCMSCSP (foto: divulgação/FCMSCSP)

“Embora tenhamos nosso hospital de ensino – a Santa Casa de São Paulo é um dos maiores hospitais filantrópicos da América Latina –, os cursos deixaram de ser hospitalocêntricos, e isso vale para todos os cursos. As UBSs começam a ficar mais concorridas. Esse é o maior desafio diante do aumento das escolas de medicina. Ainda não há essa dificuldade, mas existe a preocupação”, afirma Luiz Henrique Amaral, vice–diretor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP).

A solução? Aumentar o número de UBSs. Quando o estudante vai para a UBS, “vão com ele o professor, o preceptor”, pontua Amaral, o que aprimora o atendimento à população. “Isso também evita que todo o atendimento de saúde vá direto para o hospital. A prevenção também é um ponto importante nessas diretrizes curriculares.” Nenhum desses desafios parece impedir a expansão da graduação.

 

Tradição é ponto forte

 

Os seis cursos de graduação oferecidos pela FCMSCSP – medicina, enfermagem, fonoaudiologia, fisioterapia, sistemas biomédicos e radiologia –, todos presenciais, reúnem cerca de 1.500 alunos. A graduação está em expansão, com a execução de planejamento estratégico para a abertura dos cursos de biomedicina, farmácia e psicologia, bastante procurados.

Neste ano de 2023, o curso de medicina completa 60 anos, assim como a faculdade e sua entidade mantenedora, a Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho, criadas em 1963. A Santa Casa tem 460 anos. Apesar de entidades jurídicas distintas, “a relação entre a faculdade e a Santa Casa é simbiótica, nossos alunos estão dentro do hospital”, descreve Amaral. O curso de medicina já formou mais de seis mil médicos ao longo dessas décadas e segue como o mais procurado entre os cursos oferecidos.

A taxa de evasão é baixa, 3%. Os demais cursos apresentam evasão em torno de 10% a 12%. Para o vestibular deste ano, há seis mil inscritos. A pós-graduação – lato sensu e stricto sensu – tem cerca de 4.500 alunos. Entre os cursos mais procurados estão os internacionais na área de enfermagem. “São cerca de 600 enfermeiros de toda a América Latina que nos procuram para a formação continuada.”

Para enfrentar a concorrência, Amaral aponta “uma imagem de tradição de qualidade muito forte”, que permanece atestada pelas avaliações governamentais. A FCMSCSP está entre as 40 melhores instituições de ensino superior do país; 95% dos alunos são aprovados nos exames de residência médica e a taxa de empregabilidade dos egressos é alta.

 

Passos desafiadores

 

A Faculdade de Saúde Santa Casa BH foi criada em 2019, tendo como lastro os 124 anos da sua mantenedora, a Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, que tem o ensino como propósito desde sua fundação e há décadas oferece residências médicas, programas de pós–graduação e escola técnica na área da enfermagem e farmácia. Nesse início da faculdade, foram credenciados o curso de administração e dois tecnólogos, gestão hospitalar e recursos humanos. A instituição optou por começar com gestão hospitalar, na modalidade presencial, atualmente com 52 alunos.

Ana Carolina da Cunha Lima Giulianetti

Ana Carolina da Cunha Lima Giulianetti (foto: Samuel Ramos)

Mais três cursos de graduação já passaram pelo crivo do MEC e em breve serão oferecidos: psicologia, biomedicina e enfermagem. Confiança no sucesso deles não falta. “Pensando a partir da multidisciplinaridade, são três cursos com conexão com a medicina. Nós já temos essa formação dentro do corpo clínico, assistencial, e trabalhamos bastante a formação desses profissionais na pós-graduação lato sensu”, explica Ana Carolina Giulianetti, superintendente administrativa educacional da instituição.

O curso de medicina está no radar, a gestão aguarda chamamento do MEC para solicitação de autorização. A estrutura, obviamente, está pronta. Alunos da cidade de Belo Horizonte e seu entorno, de IES privadas, realizam seus internatos no hospital da Santa Casa, um prédio com 13 andares, 1.200 leitos e com atendimento 100% SUS.

O ecossistema hospitalar garante a prática, e esse é o maior diferencial frente aos outros players do mercado, afirma Ana Carolina. Os estágios nas UBSs já estão garantidos. “A proposta do currículo é que desde o primeiro período o aluno comece a fazer uma imersão nas UBSs. Já firmamos convênio com a prefeitura de Belo Horizonte e na região metropolitana, em Ribeirão das Neves, Sabará, Nova Lima e Santa Luzia.”

 

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O curso de gestão hospitalar passa agora por uma transformação e a ideia é buscar mais alunos. “Estamos reformulando o currículo para a oferta da modalidade híbrida e EAD. O aluno procura a flexibilidade.” A evasão é de 4%. Ana Carolina pondera que o número de alunos é reduzido, o que facilita o contato com os que pensam em evadir. Coordenador, professor, técnica administrativa, núcleo de apoio psicopedagógico, setor de serviço social, programa de bolsas, todos convergem para a permanência do aluno. Com os novos cursos, a previsão é de chegar a 2.500 alunos em quatro ou cinco anos, o que exigirá um sólido programa de permanência.

Um dos maiores desafios, inclusive por ter em vista a expansão, é a comunicação. “Quem vem já está decidido, conhece o nosso campo de prática, entende a relevância que a Santa Casa tem. A chancela da Santa Casa tem muita força. Para o aluno, entretanto, a grande questão é o valor da mensalidade, do investimento. Como vamos comunicar para ele que esse investimento vale a pena, que dará um retorno a médio e longo prazo”?

 

Evidenciar o diferencial

 

O mesmo desafio de comunicação enfrenta a Faculdade Santa Casa, em Salvador, fundada em 2020 pela Santa Casa de Misericórdia da Bahia, entidade com 450 anos. “Grandes grupos investem pesado em marketing. Não podemos ir para a briga, pois eles têm mais volume. Acessamos os potenciais alunos e mostramos, cada vez mais, o desdobramento da prática”, afirma o diretor-geral da faculdade, Caio Andrade.

Caio Andrade

Caio Andrade, diretor-geral da Faculdade Santa Casa da Bahia (foto: divulgação)

A Faculdade oferece quatro cursos de graduação – enfermagem, psicologia, fisioterapia e nutrição – e 15 cursos de especialização, que abrem turmas semestralmente. Atualmente são 40 turmas. Para 2024, serão oferecidos 20 cursos de especialização.

As graduações mais procuradas são enfermagem e psicologia. Na pós, estão disparadas na frente as especializações da área de enfermagem – urgência e emergência, UTI –, a de cuidados paliativos e a de bloco cirúrgico com ênfase em cirurgia robótica. Também há procura maior pelo curso de fisioterapia em unidades de alta complexidade e o de nutrição clínica.

Andrade cita os pilares que diferenciam a formação da Faculdade Santa Casa. “O primeiro deles é uma boa formação técnico-acadêmica, o que deveria ser uma commodity da educação e nem sempre é, mas eu prefiro acreditar que seja. E a saúde baseada em evidências.” Outros dois pilares são a formação humanística – “entendendo que nas relações de saúde nem tudo é a trivialidade da técnica” – e o hospital próprio, a imersão dos alunos desde o primeiro momento no ambiente hospitalar. Andrade afirma que “a grande carência das instituições é a falta de experiência prática, que se dá, muitas vezes, apenas pela passagem protocolar em ambientes práticos, mais uma visitação do que estágio”.

 

As finanças e a parceria

 

Pereira traz a imagem do “pires na mão” para ilustrar a constante necessidade de verbas das Santas Casas, que sofrem com a defasagem da tabela do SUS. Entidades com operações superavitárias são minoria.

Não é o caso da Santa Casa da Bahia, segundo Andrade, que opera no azul. Nesse contexto, “a contribuição da faculdade ainda é irrisória, por ser muito nova, abaixo dos 10%. Mas completamos três anos de operação da faculdade e não posso reclamar. Atingimos um ponto de equilíbrio muito antes que a maioria das faculdades.

Obviamente, é uma operação de ticket baixo, precisa de muito cuidado, diferentemente de uma faculdade de medicina, com ticket de R$ 10 mil, com mais custos, mas com margem maior que permite flexibilizar a capacidade operacional. Então, vivemos no limite que exige performance para entregar a qualidade que queremos sem desperdício. Mas eu não posso falar em crise financeira”.

A Santa Casa de Belo Horizonte também opera no azul, com 10 unidades de negócios, de acordo com Ana Carolina. Um setor para captação de recursos e as emendas parlamentares ajudam a cobrir déficits, que no momento não são altos. “Conseguimos fazer a gestão do serviço, temos um plano de investimento anual e conseguimos executar 80% do que planejamos.” A faculdade, também recente, contribui com 10% do orçamento da entidade.

A FCMSCSP não enfrenta crise financeira. Diante das dificuldades do hospital, com o repasse insuficiente do SUS, a faculdade contribui de forma significativa. Amaral detalha a parceria na hora de necessidade e em projetos nos quais faculdade e hospital se fortaleçam. “Os campos de estágio, por exemplo, o hospital nunca cobrou. É justo que cobre. E a faculdade sabe que é importante transferir esse recurso para o auxílio da irmandade. É uma relação de mão dupla entre as instituições.”

Autor

Ensino Superior


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