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Gestão

Com qualidade e credibilidade, é hora de voar

Perspectiva é de crescimento no número de matrículas para 2025

Publicado em 08/01/2025

por Gustavo Lima

Crescimento com qualidade Setor deve ganhar impulso após ano de discussões sobre o que é fundamental (foto: Shutterstock)

Desde 2014 o consórcio STHEM Brasil investe na inovação acadêmica por meio da capacitação de professores, reitores e gestores. A proximidade com profissionais de 60 instituições de ensino superior brasileiras e duas IES portuguesas faz do consórcio um verdadeiro hub de informações sobre as mais relevantes discussões do setor. Fábio Reis, presidente do STHEM, acredita que o reposicionamento das IES e a melhora na captação de alunos são indicadores de um ano positivo para a educação superior.

Ao refletir sobre os últimos meses, Reis avalia 2024 como um ano de discussões e percepções sobre o que é fundamental para o ensino superior brasileiro. “Foi um ano difícil em que as expectativas de crescimento não se realizaram. Havia uma expectativa de 2024 ser melhor do que 2023 em crescimento de matrícula nas instituições e, pelo relato das IES, me parece que não foi positivo. Mas tenho ouvido que, pela captação de alunos hoje, 2025 já está melhor do que 2024”, relata. O presidente do consórcio enxerga  2025 de maneira otimista, tendo em vista a expectativa “de um pequeno crescimento nas matrículas presenciais.”

 

Leia | Expectativa de crescimento: falta o cenário ajudar

 

Para Fábio Reis, o processo de concorrência do mercado educacional exigiu um olhar direcionado para a qualidade do ensino superior. “O setor passou um ano discutindo a sua relevância, influencers discutindo a relevância, jovens ou outras pessoas com idade para ingressar no ensino superior optando por apostar em bets ao invés de pagar matrícula ou fazer a inscrição. O que esteve em discussão foi a credibilidade da educação superior”, diz

“Ao mesmo tempo, houve um conjunto de IES preocupadas com a perda da relevância do ensino superior, se posicionando ou buscando repensar seus modelos acadêmicos, de modo a fortalecer a experiência do estudante. É preciso cuidar da experiência do aluno e proporcionar a ele uma jornada satisfatória. Talvez seja por isso que em 2024 o ensino superior não tenha realizado o que se esperava em termos de matrículas. Não vejo os reitores totalmente satisfeitos com o último ano e esses problemas são anteriores a 2024, mas que talvez tenham se agravado nos últimos dois anos. Há um conjunto de IES mal posicionadas que não perceberam, pós-pandemia, uma mudança muito rápida de parâmetros do que deve ser o ensino superior. Ao não fazer as mudanças rápidas, essas IES acabam perdendo competitividade e relevância”, analisa.

 

A espera pelo novo marco regulatório

Fábio Reis

Fábio Reis, presidente do STHEM Brasil: “O sistema educacional não pode ficar sem políticas públicas assertivas, mas elas precisam ser equilibradas” (foto: arquivo pessoal)

O ensino a distância (EAD) foi de longe um dos maiores objetos de discussão na educação superior em 2024. Até o momento, a nova regulação do Ministério da Educação – antes prevista para ser elaborada até o dia 31 de dezembro –, segue sem ver a luz do dia, gerando curiosidade entre os agentes do setor. A aposta de Fábio Reis é que o novo marco regulatório traga um impacto considerável para as instituições. “Haverá mudança no que significa ser um polo. Os polos precisarão ter mais estrutura como laboratório e sala. Também está previsto um gestor comercial ou administrativo. O polo deixará de ser um ponto comercial, como acontece em alguns casos, e passará a ser um espaço pedagógico e de formação. Isso exige um repensar na estrutura, requer investimento e estratégias institucionais”, lista.

“O MEC induzirá mudanças para maior participação do professor no processo de ensino-aprendizagem. Existem muitos cursos EAD pautados em um tutor sem formação pedagógica. Com a preocupação do ministério com o ensino-aprendizagem, haverá mudança no perfil do tutor ou daquele que acompanha o processo de aprendizagem. As exigências serão maiores e acredito que isso possa gerar queda das matrículas EAD, além da diminuição no número de polos.”

Fábio Reis destaca o compromisso de todos os níveis educacionais na formação de cidadãos e pessoas que disponham de competências pessoais e profissionais. “Fazer educação é um dos pilares do funcionamento de um país e a qualidade deve sim ser discutida. O sistema educacional não pode ficar sem políticas públicas assertivas, mas elas precisam ser equilibradas, o Estado não pode vir com uma mão pesada de controle. É preciso ter flexibilidade, permitindo inovação por parte das instituições.”

 

As iniciativas do consórcio

Entre as mais recentes contribuições do consórcio para o ensino superior, estão a promoção do “Diagnóstico de maturidade em gestão universitária”, atualmente em andamento, e a proposta de uma política pública para inteligência artificial levada ao Conselho Nacional de Educação (CNE) em dezembro do último ano. O documento é resultado da união entre o STHEM, o Semesp e a MetaRede TIC Brasil.

“Existem grupos discutindo IA em todos esses movimentos. A formação de um único grupo foi proposta para evitar ações fragmentadas, já que há muita sinergia entre eles, que agora têm trabalhado em três frentes: como a IA impacta na gestão dos negócios e atividades administrativas da educação; sob a perspectiva de docentes e estudantes, como usar a IA enquanto ferramenta de contribuição; e, por fim, uma frente voltada para questões éticas, normas e uma política institucional de uso que respeite pessoas e que tenha princípios, porque a IA também pode ser danosa”, explica Fábio Reis.

O documento, que perpassa os aspectos citados pelo presidente, traz considerações legais e iniciativas formais, além de objetivos, diretrizes gerais e específicas, recomendações adicionais para a elaboração do Plano Institucional para o Uso Responsável da Inteligência Artificial (PIIA) pelas IES e sugestões complementares para o âmbito do CNE. Veja na íntegra.

 

Opinião | Educação superior na era da IA: adapte-se ou torne-se obsoleta 

 

Fátima Medeiros

Fátima Medeiros, gerente de projetos, destaca crescimento anual do o consórcio (foto: arquivo pessoal)

Fátima Medeiros, gerente de projetos do STHEM e coordenadora do grupo conjunto de IA, também ressalta o desenvolvimento de cartilhas de orientação para as IES e professores sobre o uso da tecnologia. “Neste mês lançamos a terceira cartilha.” O material, que faz parte de uma série de 10 publicações, aborda a contribuição da IA na acessibilidade e inclusão nas IES. Faça o download aqui.

“Acreditamos que no primeiro semestre de 2025 o Conselho Nacional de Educação proponha uma política da qual possamos participar de forma ativa”, afirma Reis. O especialista também comenta a definição de Cesar Callegari no comando do CNE após a eleição em novembro de 2024. “Ele tem uma trajetória na educação, trata-se de uma pessoa muito bem preparada.”

Também estão abertas as inscrições para a próxima edição do Fórum internacional de inovação acadêmica, que acontece de forma remota entre os dias 9 e 11 de abril. “No ano passado, com 1700 professores, tivemos quase 900 trabalhos inscritos e pouco mais de 700 apresentados. Neste ano devemos superar essas marcas”, comenta Fátima Medeiros.

Segundo Fátima, o STHEM tem evoluído e acrescentado cada vez mais à formação de professores, também crescendo de forma significativa a cada ano. A profissional adianta que em fevereiro o consórcio se reunirá para a definição do novo programa de formação docente, que deve trazer novos temas e outras perspectivas sobre assuntos já abordados.

 

Autor

Gustavo Lima


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