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Metodologia na mão e mercado na cabeça

Com conteúdo, plataforma, portfólio e máquina de vendas, a Celso Lisboa abre frentes para seus produtos

Publicado em 10/11/2025

por Ensino Superior

Metodologia Segundo Rodolfo Bertolini, CEO da Celso Lisboa, "a aprendizagem em grupo, em conexão, é talvez a forma mais potente de aprender" (fotos: divulgação)

Crises geram oportunidades de crescimento, uma verdade expressa em todo tipo de literatura, no mundo ocidental e oriental. Acerca disso, Rodolfo Bertolini, 44 anos, CEO do Centro Universitário Celso Lisboa, conhece muito bem. Tanto ele quanto a esposa, e presidente da instituição, Karina Lisboa, assumiram responsabilidades de adultos antes de completarem vinte anos.

Quando Karina, aos 17, herdou a Celso Lisboa, havia cerca de 2 mil alunos e dívidas. Bertolini teve um filho aos 19 e se tornou um empreendedor precocemente. Eles se conheceram em 2005 e, dois anos depois, Bertolini começou a atuar na instituição. Após reestruturação empresarial, de 2010 a 2013, Bertolini tornou-se o diretor-executivo e Karina, também atriz, fundou a Escola de Artes Celso Lisboa, que impulsiona projetos artísticos e culturais prioritariamente na zona norte do Rio de Janeiro.

A Celso Lisboa foi fundada há 53 anos. Com metodologia, plataforma e conteúdos próprios, além de investimentos numa boa estratégia de marketing, nos últimos anos a instituição alcançou cerca de 38 mil alunos, com 132 polos em todos os estados do país, exceto no Acre.

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Localizada no Méier, zona norte do Rio de Janeiro, está em plena expansão física.  “Vamos basicamente fazer um cinturão no Rio. Serão mais quatro unidades de ensino presencial – Tijuca, Campo Grande, Jacarepaguá e Bangu. Em 2027 vamos para a Barra da Tijuca e Botafogo”, detalha Bertolini.

As parcerias são fundamentais. Na expansão de unidades de ensino presencial, “montamos um co-branding com escolas. Não é só uma sala de aula que eles cedem, é toda a parte de comunicação visual. É a escola junto com a universidade”, explica.

Na expansão do EAD, cerca de 30% dos polos estão alocados em IES pequenas. “Temos feito isso há cerca de três anos. Temos tudo – conteúdo, plataforma, portfólio, máquina de vendas. E a IES opera com a marca dela. Os alunos são comunicados da parceria e, na plataforma e no diploma, há a assinatura das duas marcas.” A estratégia está prevista nas novas regras do EAD. Os outros 70% de polos não são compartilhados.

A Liga 5.0

Rodolfo Bertolini

Bertolini contabiliza, hoje, 787 SKUs, ou 787 produtos disponíveis para a venda

Em 2014, veio a crise do Fies e quatro grandes grupos de educação almejavam o mercado no Rio e a compra de pequenas IES. Como uma resposta a esse cenário, em 2015, Bertolini iniciou o projeto 124. “Não era o sonho de mudar a educação, mas um programa de sobrevivência”, conta. Foi também o início da prática em projetos inovadores.

Foram 124 dias para criar um produto novo de educação, uma experiência nova dentro da sala de aula. “Demos uns 10 passos para trás, reconhecemos que não sabíamos mais nada, e começamos a estudar. O principal projeto foi o LIP – Laboratório de Inovação Pedagógica. Começamos a trazer muita gente de fora, basicamente para estudar o que estava acontecendo no mercado de educação. Imergimos no mundo do learning science, nesse novo mercado da ciência da aprendizagem. Pensamos além das tecnologias, fomos estudar aprendizagem afetiva.”

A partir daí, o projeto foi implantado em quatro turmas. “Fizemos tudo o que era possível fazer numa sala de aula, como experimento”, conta o CEO. Ao fim do projeto, “saímos com um MVP (Minimum Viable Product, ou MPV – Mínimo Produto Viável), conforme a metodologia de Erik Ries para a criação de negócios inovadores “Criamos o MVP e pivotamos, ou seja, o projeto volta sempre para ajustes; estamos falando de versionamento.”

Baseada em projetos, a metodologia ganhou o nome de Liga, “porque acreditamos, durante as pesquisas, que a aprendizagem em grupo, em conexão, é talvez a forma mais potente de aprender”. Mais do que um nome, Liga é uma marca, uma energize branding, capaz de alavancar a marca principal. Na sua versão atual, a 5.0, há uma plataforma de aprendizagem totalmente baseada em projetos, que incorporou diversos módulos: currículo integrado, avaliação comportamental e eventos acadêmicos.

O pulo para o EAD

Por volta de 2019, a Celso Lisboa almejava o mercado EAD e optou por desenvolver uma plataforma proprietária e o próprio conteúdo. “Criamos dentro de casa porque hoje existe uma porção de plataformas no mercado, mas são uma spin off do modelo tradicional, ou seja, têm um presencial baseado em conteúdo e as plataformas nasceram para ser um repositório desse conteúdo. Como já tínhamos avançado na metodologia baseada em projetos, não havia uma plataforma que nos atendesse”, detalha o CEO. Hoje, a plataforma é oferecida às outras IES por meio da Liga.

Bertolini utiliza o léxico do mercado de varejo: são 787 SKUs (Stock Keeping Unit), ou 787 produtos disponíveis para a venda, entre cursos de graduação EAD e presencial, graduação flex, pós-graduação EAD e presencial, cursos livres, inclusive, cursos livres para desenvolver uma carreira – 3 cursos, uma carreira. “Esses são os meus produtos que estão na prateleira.” O desenvolvimento de produtos faz parte da rotina da Celso Lisboa. “As versões da plataforma já ultrapassam uma centena”, exemplifica.

Novas frentes

“Agora estamos lançando o e-commerce. Fazemos a venda toda baseada em rede multinível. Você vai lá, cadastra sua página de venda, e pode ser um consultor de carreira que vai trazer alunos para nós”, explica. O consultor é comissionado e ganha a primeira mensalidade.

Bertolini pretende ainda atuar no mercado de cursos livres B2C, para o aluno final, e criar as universidades corporativas no modelo de assinatura. “Conversamos com muitas empresas; elas estão saturadas de treinamento baseado em conteúdo e querem algo novo para treinar o colaborador. Nós temos um produto que as atende.”

Conectar o estudante ao mercado é um drive muito forte da instituição e aprimorar essa conexão tem a ver com os dois primeiros itens da “lista de pipelines com mais de 100”. “O grande sonho é de fato conectar cada projeto a uma marca. São cerca de 450 projetos, ou disciplinas, e a ideia é sempre ter uma empresa patrocinadora.” O segundo sonho é essa conexão com as empresas se transformar em um vagas.com. “Uma vez que temos a empresa patrocinando o projeto, por que não recrutar o aluno?”, afirma. E finaliza: “vai demorar um pouco, mas vamos chegar lá”.

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Ensino Superior


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