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Edição 272

Sthem muda governança e já chega a 66 IES

A Universidade de Harvard colabora com a inovação acadêmica na América Latina por meio da Laspau-Harvard, parceira do consórcio Sthem Brasil

Publicado em 10/02/2023

por Redação

Sthem muda governança e já chega a 66 IES A Universidade de Harvard colabora com a inovação acadêmica na América Latina por meio da Laspau-Harvard, parceira do consórcio Sthem Brasil

Há quase nove anos, 11 gestores de IES brasileiras estavam reunidos num café quando, ao ouvi-los, Angélica Natera identificou a convergência de suas falas. “Vocês todos estão falando sobre inovação, por que não se unem num consórcio?”. O grupo trocou olhares desconfiados – trabalhar juntos? Angélica é diretora-executiva da Laspau-Harvard, iniciativa da universidade de Harvard que tem o objetivo de estabelecer cooperação com universidades da América Latina.

A ideia vingou. Em 2014, foi criado o Sthem Brasil, consórcio de faculdades e universidades para investir na inovação acadêmica por meio, principalmente, da capacitação de professores e, nos últimos anos, também de reitores e gestores. Os integrantes do grupo do café foram os pioneiros nesse movimento espontâneo em torno da inovação acadêmica e fundadores do consórcio. De acordo com o relatório parcial do Sthem para o ano de 2022, na atualidade são 66 IES consorciadas, sendo 56 privadas e 10 públicas, em 16 estados do Brasil e em Coimbra, Portugal, alcançando 1.200.000 estudantes e 36.000 professores. Esse crescimento, diz Fábio Reis, fundador e responsável por unir os primeiros consorciados, se verifica porque os gestores conseguem ver nitidamente as vantagens desse modelo.

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Os números cresceram e exigiram governança para a profissionalização da gestão. Pensada a partir de 2018, ganhou corpo em 2022, ano da “grande virada na governança do Sthem Brasil”, conta Reis. “Foi um processo de amadurecimento, um sinal de maturidade institucional. A concepção da estrutura de governança é a mesma que existe nas empresas. Trouxemos o que funciona bem nelas para dentro do consórcio, garantindo a profissionalização e a expertise nas tomadas de decisão. Isso vai garantir um futuro mais sólido”, explica.

Na nova estrutura, estão no topo o Conselho de Administração e o Comitê de Governan-ça, que alavancam planejamento, indicadores, metas e o acompanhamento. Os membros do Conselho e do Comitê são gestores das universidades. “Eram pessoas já envolvidas com o planejamento e foram naturalmente convidadas. Todos disseram ‘sim’. A presença delas ficou formalizada”, conta Reis. Há membros internacionais, como Oscar Yanez, diretor de inovação de Laspau-Harvad. “Agora, vamos criar rotatividade, democratizar. Todos precisam estar empoderados e se sentirem participantes.”

O Centro de Operações, vinculado no dia a dia ao Semesp, coordena os três comitês recém-criados: Educacional, Pesquisa e Relacionamento, cooperação e internacionalização. O Semesp é a pessoa jurídica do Sthem, que paga uma cota anual à entidade. A parceria tem bases bem estipuladas: “Todos os recursos do Sthem Brasil passam pelo Semesp, que faz a gestão financeira dos recursos, além do marketing e do jurídico. No acordo que temos, o Semesp não tem ingerência na dinâmica, nas decisões do consórcio. Quem decide é o Conselho de Administração, inclusive o orçamento do consórcio”, detalha Reis, para quem essa parceria é saudável e tem sinergia total.

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O próprio relatório anual do consórcio vem se aperfeiçoando desde 2018, com a atuação do grupo de planejamento. Aprimorar a prestação de contas aos consorciados, parceiros e patrocinadores é uma das muitas responsabilidades que vêm se apresentando na medida em que crescem as iniciativas.

O documento divulgado informa os principais resultados de 2022. Além da implantação do novo modelo de gestão, as atividades do consórcio tiveram 20% de aumento de participantes. Também foi registrado aumento no número de trabalhos apresentados na 8ª edição do Fórum Internacional de Inovação, ocorrido em março. De 183, em 2021, houve um salto para 320 trabalhos. O número de participantes foi de 346, em 2021, para 398. Esse evento objetiva reunir professores das IES consorciadas para o compartilhamento de metodologias ativas utilizadas em sala de aula e as boas práticas de inovação acadêmica.

Ainda entre os principais resultados do ano está a reorganização da revista International Journal of Academic Innovation, que teve três edições publicadas em 2022, reunindo artigos e pesquisas de professores das IES consorciadas. Os exemplares têm acesso livre no site do Sthem. Além disso, o Sthem realizou nove eventos, todos destinados às IES, alguns deles abertos também às não consorciadas.

Dois grupos de trabalho, criados em 2020 e consolidados em 2022, estão em atividade. O de AI, ou inteligência artificial, que desenvolve suas atividades por meio da parceria do Sthem com o Google Cloud. Outro grupo é o do ensino híbrido, responsável, por exemplo, pela elaboração da Carta de Navegação do Ensino Híbrido, proposta pelo Sthem às IES.

STHEM: Custos e patrocínio

A inovação acadêmica é um grande desafio para as IES. “Como nascemos já tendo a Laspau-Harvard como parceira, convidamos as melhores referências internacionais em inovação. Mas isso é caro. Por exemplo, em 2022, o STHEM gastou 65 mil dólares em capacitação de professores. Qual instituição conseguiria realizar isso sozinha?”. No mesmo período, as IES consorciadas pagaram 280 dólares anuais para a participação de um de seus professores nos programas de capacitação. A 9ª edição do Programa de Formação de Professores ofereceu 144 horas. “Foram cerca de 1.500 reais para o professor ter aulas com especialistas de Harvard, do Tecnológico de Monterrey, das universidades do Arizona, do Sul da Flórida, do Chile.”

O rateio dos custos entre as consorciadas propicia a capacitação de professores, programa que ampliará o número de horas para 160 em 2023. Mas nem só das IES dependem as finanças do consórcio. “Desde a origem eu tinha a visão de que o consórcio não seria sustentável a longo prazo se continuássemos apenas com as instituições bancando.” A busca por parcerias resultou no patrocínio do banco Santander. “A Universidade Santander tem investimentos pulverizados em formação de professores e encontrou no Sthem Brasil uma formação sistematizada, que traz resultados.”

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Desde sua primeira edição, em 2014, até hoje, participaram do programa de formação 1.708 professores. Em 2022, foram 280. Estes participantes assumem o compromisso de multiplicar o conhecimento em suas instituições. “Por isso, a escolha desse professor precisa ser estratégica – alguém com vontade de aprender, facilidade de compartilhar conhecimento, de sistematizar e compartilhar as ideias, alguém estratégico porque se espera que esse professor assuma funções estratégicas.”

Para o Sthem, desde sua criação, levando em conta a multiplicação do conhecimento no âmbito de cada IES, a formação impactou ao menos 17.100 professores. Pesquisa realizada pelo próprio consórcio, constante no relatório anual, apontou o grau de satisfação dos participantes da 9ª edição do Programa de Formação: 56% deles ficaram altamente satisfeitos, 44% muito satisfeitos e 4% moderadamente satisfeitos.

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Além de pesquisas internas, como a descrita acima, para avaliar os resultados das ações, o Sthem realiza pesquisas que nascem dos comitês ou dos grupos de trabalho e recebem colaboração da Rede de Inovação do Semesp. Em 2022, o grupo de ensino híbrido concluiu a segunda edição da pesquisa “Panorama do Ensino Híbrido no Consórcio STHEM Brasil – concepções difusas, busca de consensos e perspectivas”, já disponível. Iniciada em 2022 e ainda em andamento está a pesquisa sobre estratégias de aproximação entre os professores e gestores.

O relatório de 2022, com mais detalhes acerca das realizações do consórcio, está disponível no site do Sthem Brasil: www.sthembrasil.com

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Redação


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