Professores brasileiros reprovam o ensino médio e a atuação das famílias na educação
Publicado em 10/09/2011
O ensino médio é a pior etapa da Educação Básica e os problemas da escola estão intimamente relacionados à deterioração da instituição familiar. Essas são algumas conclusões a que se pode chegar, direta ou indiretamente, a partir de leitura da pesquisa A qualidade da educação sob o olhar dos professores, realizada em conjunto pela Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEA) e Fundação SM (ligada ao Instituto Idea, da Espanha), com consultoria de Maria Malta Campos, da Fundação Carlos Chagas.
A pesquisa computou respostas de 8.773 professores da Educação Básica (de 12 mil questionários enviados), que trabalham em 19 estados brasileiros, nenhum da região Norte. Foram 58 questões, distribuídas em sete categorias temáticas.
Na primeira delas, classificada como “Os fatores que incidem sobre a educação”, sobressai a importância que os professores atribuem à família no processo escolar. Entre seis aspectos apresentados, este foi o mais mencionado como de muita incidência, com 92,5% dos respondentes, seguido pela escola (88,9%) e os meios de comunicação (81,8%). Os livros didáticos compõem o item menos citado como muito influente (54,1%).
Os docentes também consideram que a família delega cada vez mais à escola parte de suas responsabilidades educativas (91,7% deles concordam com a afirmação) e não crêem (80,7% deles) que os pais prestem atenção suficiente às atividades escolares dos filhos. Essa percepção negativa é mais alta entre os professores do ensino fundamental 2 (6º ao 9º ano), com 84,4%, e um pouco menor entre os da educação infantil (71,7%) e nas escolas particulares (71,1%).
Para completar o quadro de desalento de sua visão em relação à família, 51,2% dos docentes crêem que a convivência nas famílias dos alunos de suas escolas se deteriorou nos últimos anos (contra 16,7% que discordam da afirmação e 32,1% que lhe são indiferentes). A etapa da educação em que essa percepção é pior é o fundamental 2, com 55,9%. Nas escolas particulares, o índice baixa para 38,2% e na educação infantil para 39,8%.
A etapa com pior avaliação entre os docentes é o ensino médio, considerado ruim ou muito ruim por 46,3% dos professores; a mais bem avaliada é a educação infantil, vista como excelente ou muito boa por 39,9%. O maior índice de aprovação a essa etapa está entre os professores que estão no magistério há mais de 11 anos e menos de 20 (41,1%). Já a maior taxa de reprovação ao ensino médio (54,3%) está entre aqueles com mais de 30 anos de exercício profissional. Curiosamente, os próprios professores do ensino médio dão notas piores às outras etapas: 44,2% consideram a educação infantil ruim ou muito ruim, índice que sobe para 45,8% quando avaliam o fundamental 1 e para 50,6% no fundamental 2. O ensino médio é considerado ruim ou muito ruim por 29,4% de seus professores.
Entre as mudanças mais relevantes para o sistema educacional, desponta a reforma do plano de carreira para os profissionais da educação, considerada muito importante por 94,3% dos entrevistados. Outras medidas ressaltadas são a oferta de uma opção profissional de bom nível nas escolas de ensino médio (89,2%) e a ampliação da oferta de educação infantil nas escolas públicas (88,8%). A reorganização do ensino fundamental em três ciclos de dois anos e um de três anos é apontada por apenas 42,1% dos docentes.