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As diferenças de Oz

Livros sobre o mágico e sua terra maravilhosa ganham merecidas reedições

Publicado em 10/04/2013

por Camila Ploennes





Se o filme Oz, Mágico e Poderoso (EUA, Disney, 2013) decepciona por uma série de motivos, não se pode dizer o mesmo da clássica série de livros do americano  Lyman Frank Baum (1856-1919). Como era de esperar, a estreia da produção dirigida por Sam Raimi (Homem Aranha) foi acompanhada no Brasil por diversas reedições dos livros de Baum. Não apenas do primeiro deles, The wonderful wizard of Oz (1900) – traduzido pela editora Tordesilhas como O mágico de Oz e pelo selo Salamandra como O maravilhoso mágico de Oz. A editora Biruta, por exemplo, publicou o segundo livro da série, The marvelous Land of Oz (1904), ou A maravilhosa Terra de Oz, escrito após o sucesso que a primeira obra também teve nos palcos da Broadway no início do século passado.
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É importante reforçar que o novo filme não é a adaptação de nenhum livro da série, mas propõe servir de prelúdio às histórias de L. Frank Baum. Dados os tropeços e opções dos produtores, cabe a cada espectador ou leitor decidir ou não considerá-lo como tal. O roteiro inédito da Disney mostra a trajetória de Oscar Diggs, um mágico de circo do Kansas, sem muito talento, que é levado por um ciclone a um lugar fantástico. Coincidentemente esse lugar também se chama Oz e, para seu espanto, é de fato dotado de magia, com direito a bruxas boas e más, macacos alados e outros seres estranhos.


Já o livro de estreia de Baum, escrito para ser “um conto de fadas moderno”, é a história de Dorothy, uma menina de 11 anos do Kansas levada por um tufão para uma terra muito estranha, de onde supostamente só conseguirá sair com a ajuda do mágico de Oz, em tese o mais poderoso. Além de bruxas e animais atípicos, o livro é repleto de ideias progressistas, que permeiam os 13 volumes seguintes. Essas ideias são preservadas na adaptação de Victor Fleming para o musical de 1939 (Warner Brothers), mas são ignoradas no roteiro da Disney.


Frank Baum era genro de Matilda Joslyn Gage, líder de uma associação nacional que defendia o sufrágio feminino na virada do século 19 para o 20, e que influenciou fortemente os “livros de Oz”. Prova disso é que nessas histórias do escritor as personagens femininas são destemidas. Mesmo Dorothy, uma criança que atribui a si mesma a qualidade de frágil durante a narrativa, é corajosa e lidera seus amigos – o Espantalho sem cérebro, o Homem de Lata sem coração e o Leão covarde – rumo à Cidade das Esmeraldas, onde vive o mágico visto como o único capaz de solucionar os problemas dessa pequena comitiva. No segundo livro da série, A maravilhosa Terra de Oz, as personagens femininas também se destacam pela obstinação. Entre elas, a general Jinjur, que lidera um exército rebelde cujo plano é tirar o poder da Cidade das Esmeraldas das mãos dos homens. Seu objetivo preocupa o menino Tip e seus amigos, entre eles Jack Cabeça de Abóbora.


Tanto no livro O mágico de Oz como no musical de Fleming, as bruxas são forças poderosas para o bem ou para o mal na Terra de Oz. Mas, no filme de Sam Raimi, o conflito das bruxas gira basicamente em torno dos sentimentos delas em relação ao mágico – paixão, ódio ou os dois juntos. Para completar o rol de personagens e comportamentos estereotipados, a briga é entre duas bruxas morenas (más) e a bruxa loira (boa). Ou seja, o recente filme não convence como prólogo dos livros, porque é movido por conceitos que destoam das ideias presentes na obra de Baum.


SAIBA MAIS
O mágico de Oz, de Lyman Frank Baum, tradução de Tiago Novaes Lima e ilustrações de Ana Raquel (Tordesilhas, 132 págs., R$ 39,90)


O maravilhoso mágico de Oz, de L. Frank Baum, tradução de Renata Tufano e ilustrações de Carki Giovani (Salamandra, 176 págs., R$ 38,90)


A maravilhosa Terra de Oz, de L. Frank Baum, tradução de Luiz Antonio Aguiar e ilustrações de AgataWojakowska (Biruta, R$ 37,50)

Autor

Camila Ploennes


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