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Edição 222

Como estará a educação brasileira em 2032?

Uma equipe formada por organizações, movimentos e outros atores do campo da educação se reuniu para desenhar quatro cenários diferentes.

Publicado em 05/10/2015

por Flávia Siqueira

Como estará a educação brasileira em 2032? Uma equipe formada por organizações, movimentos e outros atores do campo da educação se reuniu para desenhar quatro cenários diferentes. Não são previsões nem propostas, mas um conjunto de possibilidades baseadas nas experiências dos envolvidos e que podem se tornar realidade – total ou parcialmente – dependendo das forças que dominarem o cenário da educação no Brasil.

Maria Lucia Meirelles Reis, diretora e sócia-fundadora do movimento Todos pela Educação, diz que o projeto é um exercício de reflexão e tem o objetivo de aprofundar o entendimento sobre o cenário atual e inspirar ações. “As sementes para cada cenário estão plantadas, aqui, no presente. Quais irão vingar, só depende de nós”, afirma. A construção dos cenários foi feita por um grupo de 41 pessoas. Outras 30 foram entrevistadas e contribuíram com ideias.

O ano de 2032 foi escolhido por ser o centenário do manifesto dos pioneiros da Educação Nova, por ser uma data bem posterior ao final do segundo PNE e por ter um horizonte de tempo razoável para a consolidação das mudanças projetadas. Os quatro cenários receberam nomes de pássaros e estão detalhados no site.

 Cenários Transformadores para a Educação Básica no Brasil
Veja um resumo de cada um dos cenários:

Cenário 1
Canário-da-terra: quase todas as metas do PNE são cumpridas e há uma diminuição sensível das desigualdades educacionais, mas outras persistem, como as de gênero e de raça/cor. O Estado tem um papel fundamental e estratégico na garantia do direito à educação, e a concepção de educação é ancorada nas políticas públicas oficiais e formais. A gestão da escola é democrática e os planos de educação são construídos, acompanhados e aperfeiçoados de forma participativa.

Cenário 2
Beija-flor: reformas profundas são realizadas no sistema de educação, motivadas por mudanças sociais, tecnológicas e ambientais. A inovação educacional é estimulada por meio de políticas públicas estatais e não estatais. Há diversos modelos educacionais, como redes e comunidades de aprendizagem, territórios de cooperação, cidades-escola e experiências de educação popular, e essa pluralidade se alimenta da relação com as tecnologias.

Cenário 3
Falcão-peregrino: ocorre a consolidação da visão empresarial e a educação é voltada para a formação de capital humano para o mercado. O Estado permanece como provedor, regulador, avaliador e financiador, mas abre mão de ser o principal executor das políticas e de se responsabilizar pela oferta educacional. O currículo é único, o material didático é padronizado e o ranqueamento aparece como um conceito forte. Existem avanços no atendimento quantitativo, mas pouco no qualitativo.

Cenário 4
Tico-tico: prevalece a lógica do desenvolvimentismo econômico, com grande estímulo ao consumo. Há fragmentação das agendas e da atuação dos movimentos sociais e de atores políticos. O Estado não consegue ser regulador e não enfrenta as desigualdades estruturais. Há pouca motivação da juventude e a qualidade é para poucos. Há aumento da violência, influência religiosa conservadora e questionamento da educação laica.

Autor

Flávia Siqueira


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