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Edição 271

FGV Rio abre curso para “o futuro que já chegou”

Objetivo é formar gerações de comunicólogos, analistas e gestores de informação com capacidade de compreensão das mudanças sociais e de modelagem estratégica de negócios e políticas no mundo digital

Publicado em 28/11/2022

por Redação

Foto 2 - Fachada Sede da FGV no Rio abrigará a nova Escola de Comunicação, Mídia e Informação Arquivo Revista

Com tradicional e reconhecida atuação nas áreas de administração pública, economia e direito, a Fundação Getulio Vargas acaba de criar a Escola de Comunicação, Mídia e Informação (FGV – ECMI), em Botafogo (RJ), e abre inscrições para o primeiro vestibular do curso de Comunicação digital, com 80 vagas, divididas em duas turmas, para o primeiro semestre de 2023. Será uma graduação de quatro anos, em período integral. A novidade evidencia a ampliação do escopo das ciências da comunicação em tempos de tecnologia digital, internet, redes sociais e realidades estendidas. Ana Lúcia Guedes, vice-diretora da nova faculdade, se apressa em afirmar: “Não é uma formação tradicional em jornalismo, portanto, não rivaliza com as grandes e renomadas instituições de ensino da área da comunicação”.

Sede da FGV no Rio abrigará a nova Escola de Comunicação, Mídia e Informação
Foto: arquivo/Revista

Para o Ministério da Educação (MEC), as características da escola e do seu primeiro curso os credenciam a receber a categoria de inovador. “O MEC entendeu que estamos adentrando um novo território. Esse novo território dentro da grande área do conhecimento da comunicação é a comunicação digital. Esse é o nosso foco. Nossa proposta pedagógica é fazer um recorte dentro desse grande campo e preparar o aluno para o mercado de trabalho que dialoga com ciência de dados, linguística, sociologia e comunicação política, empreendedorismo e negócios digitais”.

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Para Marco Aurélio Ruediger, diretor da FGV-ECMI, a nova escola “foca o elemento do nosso tempo mais transformador de toda a sociedade, influenciando a administração, a economia e a política. Com isso, a FGV alia tecnologia, dados e ciências sociais na dinâmica transformadora do século 21. Formará gerações de comunicólogos, analistas e gestores de informação com capacidade de compreensão profunda das mudanças sociais e de modelagem estratégica de negócios e políticas no mundo digital, onde símbolos e linguagem conformarão visões de mundo e decisões de organizações e lideranças”.

Os formados se tornarão jornalistas digitais ou de dados. Dentro da grade, o leque de possibilidades foi aberto. Eles ocuparão cargos como criador de conteúdos, consultoria de marketing digital, assessoria de produção de conteúdo e comunicação institucional, e posições já tradicionais dentro do mercado voltadas à comunicação digital, em agência de publicidade, agência de comunicação, e em departamento de comunicação de empresas de diferentes portes. O profissional formado pela FGV-ECMI também poderá trabalhar como pesquisado de mídias digitais, uma das especialidades dos pesquisadores da consagrada Diretoria de Análise de Políticas Públicas, a FGV-DAPP.

“Temos aqui uma equipe multidisciplinar de pesquisadores que herdamos da DAPP, que é um centro de pesquisa que já trabalha com monitoramento e análise de políticas nas redes sociais. São os dez anos de DAPP como centro de pesquisa que originaram a escola”, conta Ana Lúcia.

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Assim, a concepção do curso aliou a sólida formação acadêmica da FGV com a experiência da FGV-DAPP na aplicação de tecnologia e ciência de dados.

Ana Lúcia conta que a FGV-DAPP tem uma relação muito próxima com a mídia tradicional e digital, experiência que apontou a falta de profissionais capacitados: “As análises da DAPP sempre apareceram nos principais veículos do país, tradicionais ou digitais. Ela criou essa interface com o mercado. Foi a partir de uma experiência concreta de pesquisa aplicada, de disseminação do conhecimento em monitoramento e análise de redes, que identificamos uma lacuna. Nem toda lacuna merece ser preenchida, mas essa sim”. Inovando ou propondo soluções, a DAPP já atuou em parcerias com instituições e organizações como Câmara dos Deputados, Itaú e Greenpeace; o projeto Democracia Digital, junto com a Embaixada da Alemanha em Brasília, e a Sala da Democracia Digital, em uma parceria com financiadores internacionais como National Endowment for Democracy (NED), Open Society Foundations (OSF) e Luminate.

Laboratórios e oficinas

A mesma DAAP é a base para o DAAP Lab, espaço em que especialistas e estudantes continuarão a realizar pesquisas aplicadas em comunicação digital e redes sociais, com metodologia exclusiva de monitoramento e análises. O segundo laboratório, denominado Cubo de Inovação, já em início de atividade, tem quatro eixos: jogos digitais, conteúdos em vídeo e multimídia, realidade virtual mista e aumentada e inteligência artificial, já tendo como proposta a criação de uma escola no Metaverso. O terceiro laboratório, por enquanto chamado de StreamLab, focará a compreensão, concepção e produção de conteúdo e canais digitais para plataformas como YouTube, TikTok, entre outras.

Ana Lúcia conta que são espaços de muita experimentação, em que minicursos e oficinas mesclam disciplinas teóricas com aulas práticas. “Nós brincamos aqui que o apelo do curso é estar preparando para o futuro, mas um futuro que já chegou, o aluno já está imerso nessa vida que acontece online. Eles terão muito mais facilidade de fazer as conexões e os nexos que o conjunto das disciplinas, oficinas e laboratórios propõe. As gerações anteriores ainda estão organizadas em compartimentos.”

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O projeto de extensão, batizado de humanidades digitais, promoverá a interlocução com instituições, ONGs, e principalmente com escolas públicas de ensino médio, para o oferecimento de oficinas nas escolas e abertura de vagas em oficinas que acontecem na própria faculdade. As oficinas já realizadas ao longo de 2022 trouxeram surpresas: “Os estudantes do ensino médio público eram o alvo, mas eles destoaram um pouco porque apareceram profissionais do mercado, professores do ensino médio e jovens que estão no ensino médio dos institutos federais profissionalizantes. Foi muito legal. No nosso entendimento, estávamos oferecendo para uma audiência e não sabíamos que havia público ainda maior para o letramento digital”.

As 80 vagas disponíveis no curso de Comunicação digital serão preenchidas da seguinte forma: 55 são por ingresso via vestibular, 20 pelo Enem e cinco por meio de exames internacionais. Há previsão para concessão de bolsas de estudos. A equipe pedagógica da FVG-ECMI prevê a necessidade de nivelamento. “Nós entendemos e reconhecemos de antemão que há jovens que vão precisar de oficinas de escrita. Outro nivelamento será na lógica analítica, nos conceitos básicos das ciências de dados, para que possam realmente adentrar todas as possibilidades que essas áreas de conhecimento permitem. Eles terão oficinas de programação, por exemplo”, finaliza Ana Lúcia. A chegada do curso de Comunicação digital a São Paulo está prevista para 2024.

A matéria faz parte da edição novembro/dezembro da Revista Ensino Superior. Assine.

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