Revista Ensino Superior | Neuroeducação precisa entrar na formação docente
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NOTÍCIA

Formação

Neuroeducação precisa entrar na formação docente

Na formação de pedagogos e licenciados, ainda há pouca oferta de conteúdos voltados à neuroeducação. Contudo, o interesse pelo assunto tem crescido

Publicado em 21/07/2022

por Lilian Crepaldi

Neuroeducação

Desde a década de 1970, com a popularização da neurociência, os estudos ao redor do mundo apontam que o cérebro humano possui alto grau de plasticidade. Continuamente abastecido e aprimorado, ele é capaz de produzir constantes inovações que beneficiam não somente o indivíduo, mas as relações sociais como um todo.

Na formação de pedagogos e licenciados, ainda há pouca oferta de conteúdos voltados ao estudo das conexões cerebrais. Contudo, apesar de poucas universidades oferecerem a neuroeducação nos currículos, o interesse pelo assunto vem crescendo, sobretudo em programas de pós-graduação lato sensu


Sem o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, jovens paulistas tem a aprendizagem afetada


De acordo com Adriana Fóz, educadora, neuropsicóloga e diretora da Neuroconecte, a neuroeducação deveria ser obrigatória na formação de professores. “Educamos pessoas que aprendem porque neuroconectam de modo singular aos elementos do ambiente e à vida”, afirma. “A neuroeducação traz evidência científica de como aprendemos, e este processo inclui o desenvolvimento de habilidades socioemocionais.”

Docente na Universidade Eduardo Mondlane de Moçambique, o psicólogo Gerson Muitana, doutorando em distúrbios do desenvolvimento, reconhece que “estão sendo realizados esforços para que essas temáticas [da neuroeducação] sejam incorporadas nas próximas revisões dos currículos”. 

O conhecimento sobre o tema contribui para que o processo de aprendizagem seja eficaz na medida em que proporciona ferramentas baseadas em evidências. “Com informações sobre a neuroeducação, os professores podem obter conhecimentos baseados em estratégias de ensino e aprendizagem dos alunos, tendo em conta o processamento e funcionamento das áreas do cérebro do aluno responsáveis pelo aprendizado. Isso vai fazer com que seja atualizada a sua prática educacional, inclusive para que a aprendizagem seja de fato efetiva dentro da sala de aula”, explica Gerson. 

O entendimento mais profundo do cérebro humano, além de contribuir para a formação docente e sua prática cotidiana, amplia as possibilidades de compreensão das dificuldades dos estudantes. “Para o aluno, é também importante porque vai estimular de forma adequada e diferenciada as suas potencialidades, de forma a que ela consiga superar suas possíveis dificuldades de aprendizagem caso elas estejam detectadas”, acrescenta o moçambicano. 

Ele destaca, entre as principais dificuldades no contexto educacional, o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), transtornos específicos da aprendizagem (principalmente a dislexia e discalculia), transtorno de desenvolvimento intelectual, transtorno do espectro do autismo (TEA) e transtornos de linguagem.

Competências emocionais

Adriana ressalta que, para o ensino das competências emocionais, “é preciso que o professor sinta e entenda sobre elas. 

“Há evidências muito robustas de que professores que treinam suas habilidades emocionais são mais capazes de ensinar seus alunos e, sobretudo, são modelos para a eficácia deste aprendizado. Aprender habilidades socioemocionais geram maior e melhor possibilidade de plasticidade emocional, o que fortalece as superações e conquistas tanto dos professores, quanto dos alunos”, acredita Adriana Fóz.

Vale ressaltar que a plasticidade emocional organiza-se em cinco clusters: inovadores, restaurativos, executivos, conectivos e pacificadores. Ao todo, são 15 competências.

Fernanda Teixeira Ribeiro, doutoranda em neurociências do desenvolvimento, jornalista e editora da revista Scientific American Brasil, destaca a importância das três funções executivas do cérebro para o processo de aprendizagem: controle inibitório, memória de trabalho e flexibilidade cognitiva. 

O controle inibitório é um tipo de autocontrole, a capacidade que o cérebro tem de inibir informações para focar em outras coisas. Ele está presente em vários aspectos da nossa vida, desde a primeira infância. “Quando você está prestando atenção em uma aula, o seu cérebro abafa o barulho do ar condicionado, os barulhos do ambiente, para que você consiga focar naquela tarefa”, exemplifica Fernanda, que já atuou como editora da revista de divulgação científica NeuroEducação.

A memória de trabalho, por sua vez, está relacionada à coerência, às conexões.  “Você está lendo um texto e consegue ter aquela coerência de manter na mente o que está na linha anterior, relacionando com o que você está lendo. Essa memória de manipulação de informações é a memória de trabalho”, explica. Ou seja, o cérebro constrói sentido com o repertório já existente. A outra função é a flexibilidade cognitiva, que permite a alternância de tarefas, a capacidade de mudar estratégias. Vale dizer que o córtex pré-frontal é o responsável pelas funções executivas. 

Fernanda enfatiza a necessidade da neuroeducação, tendo em vista que o cérebro não nasce pronto com todas as habilidades. “Elas vão sendo adquiridas até porque o cérebro não nasce estruturalmente pronto. Essa parte do cérebro (córtex pré-frontal) está em formação até o começo da vida adulta. Não dá para esperar que um adolescente tenha um controle inibitório maduro”, reflete. 

Estratégias

No ambiente escolar, há estratégias que ajudam a desenvolver as funções executivas, de acordo com as faixas etárias. “Jogos da estátua, de stop, exercício de controle inibitório”, ressalta Fernanda. A criança precisa ver um interesse imediato para se concentrar na aula, por exemplo, “em vez de escrever sobre as estruturas de uma flor, é melhor o aluno tocar, cheirá-la”.

O conhecimento em neuroeducação também auxilia a lidar com as frustrações. De acordo com a neuropsicóloga Adriana Fóz, o estudante deve ter oportunidades de errar sem ser punido. Ele deve ser “encorajado a realizar, a poder ampliar experiências e aprender com elas, testar a régua das expectativas, treinar a criatividade, aprender a pensar sentindo para ser mais assertivo, experimentar a humildade e a força de se perdoar e ser grato pelo aprendizado independentemente do resultado”, finaliza.


Leia também: Primeira infância precisa se relacionar com o território


Serviço

Adriana Fóz, Fernanda Teixeira e Gerson Muitana estarão presentes no painel Neuroeducação do Grande Encontro da Educação, que chega à oitava edição. Promovido pela Plataforma Ensino Superior e Plataforma Educação, o evento ocorrerá entre 16 e 19 de agosto, de forma híbrida e com inscrições gratuitas. O encontro será híbrido nos dias 16 e 17 de agosto e somente online nos dias 18 e 19.

Onde: Inteli (Instituto de Tecnologia e Liderança), localizado no campus Cidade Universitária da USP. 

Inscrições gratuitas: https://grandeencontrodaeducacao.com.br/ 

Autor

Lilian Crepaldi


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