O terceiro e último dia do evento digital ‘O admirável futuro da educação superior’, que ocorreu nesta sexta-feira, 28 de outubro, contou com a participação de especialistas que compartilharam suas experiências no mercado internacional com o público participante. De Portugal, a professora Cristina Vieira, da faculdade de psicologia e de ciências da educação da Universidade de Coimbra, defende que a educação é um bem comum e evidencia a importância do cuidado. “É uma palavra que não costuma estar associada à nossa missão porque ela está implícita, mas precisa ser falada. O cuidado de nós enquanto profissionais e dos que nos rodeiam, dos nossos estudantes e profissionais não docentes, no fundo, [é importante] para gerirmos uma cultura educacional de forma saudável, pacífica e baseada na confiança e não na competitividade que estamos habituados”, diz.

Cristina se baseou no relatório ‘Reimaginar os nossos futuros juntos: um novo contrato social para a educação’, divulgado pela Unesco, para transitar em temas como os diferentes tipos de aprendizagem e o princípio da subsidiariedade. “Perante os desafios sociais e a rápida evolução científica e tecnológica, o que se pode esperar das IES?”, questiona.

Uso consciente da tecnologia

A professora caracteriza o atual cenário a partir do conceito de modernidade líquida do filósofo Zygmunt Bauman. “De repente, talvez fruto da globalização, surgem pessoas com opiniões formadas sobre educação, escola e ensino superior. Pessoas que não sabem sequer como funciona a escola ou o processo de ensino e aprendizagem”, destaca a professora que também aponta para um retrocesso nas formas de dialogar na era digital “Muitas vezes um emoji serve para explicar aquilo que antes nós explicávamos com parágrafos de palavras escritas”, acrescenta. 

Embora reconheça os aspectos positivos dos avanços tecnológicos, Cristina é direta: “não podemos crer na ‘força mágica da tecnologia’ para resolver aquilo que é de fato a missão do ensino superior”. Em sua avaliação, a tecnologia deve ser usada para o estímulo da criatividade e da inovação pedagógica, mas não deve substituir a presença física das pessoas e a interação direta entre as mesmas. 

Futuro da educação

Fernando Valenzuela Migoya, presidente da Cengage Learning, também marcou presença no terceiro dia do evento e ressaltou os avanços tecnológicos dentro do ambiente acadêmico. Acerca das modalidades dos cursos, sempre indicadas, ele afirma que “tiraria do pensamento universitário [a ideia de divisão entre] programas presenciais e online. Eu acho que, para o resto das nossas vidas, vamos ter um relacionamento permanente com a tecnologia. Às vezes mais ativo, às vezes mais passivo.”

O profissional também aponta a conversa multigeracional como um elemento fundamental para as discussões sobre o futuro. “Nós temos sete gerações convivendo em um mundo hoje e não estamos preparados para integrar equipes de trabalho de estudantes de 17 com estudantes de 57 anos”, frisa.

Prêmio Prof. Gabriel Mario Rodrigues

Ao final do evento, o Semesp anunciou os vencedores do Prêmio de Inovação no Ensino Superior “Prof. Gabriel Mario Rodrigues”. Ao longo da programação, os 18 projetos finalistas foram exibidos aos participantes, que puderam conferir os ganhadores em primeira mão. Saiba quais projetos venceram a edição:

Categoria educador

Gestão pedagógica – Competências e flexibilidade curricular: uma experiência em cursos das ciências agrárias (professor Humberto Vinício Altino Filho/UNIFACIG);

Ações junto à comunidade – Filtro ecológico uma estratégia para promoção da saúde nas comunidades (professor Francisco Adalberto do Nascimento Paz/UNIFSA);

Inovação da aprendizagem – Borboleta azul educador (professor Lucas Fernandes Leal/FAESA).

Categoria IES

Gestão pedagógica – O novo dentista para os novos tempos: a criação de uma disciplina “inovação e empreendedorismo – laboratório de soluções” (Professor José Luiz Cintra Junqueira/Faculdade São Leopoldo);

Ações junto à comunidade – Projeto integrador de extensão como estratégia para a resolução de problemas sociais e para o desenvolvimento das habilidades e competências (Professora Carmen Luiza da Silva/Unisales);

Inovação da aprendizagem – Integração entre os cursos de engenharia, design, administração, infraestrutura e currículo alinhados para a formação de profissionais com competência inovadora (Professor José Carlos de Souza Junior/CEUN-IMT).

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A Ensino Superior acompanhou a programação do ‘Admirável futuro da educação superior’ e detalhou os principais momentos do evento. Confira: 

26 de outubro – Veja os destaques do primeiro dia

27 de outubro – Educação digital é colocada em pauta