NOTÍCIA

Políticas Públicas

Com o PNE, governo precisa redefinir as prioridades de investimento

Sem contabilizar as matrículas que deverão ser criadas, será preciso fazer um aporte extra de R$ 46 bilhões para atingir as metas de qualidade

Publicado em 06/06/2014

por Marina Kuzuyabu

Gustavo Morita

Durante os três anos que permaneceu sob tramitação, o Plano Nacional da Educação (PNE) recebeu mais de 3 mil emendas e teve três versões. A que prevaleceu foi a do Senado, que não é a melhor de todas, mas que apesar disso contempla muitas das demandas sociais. A opinião é de Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que se reuniu com educadores na tarde de quinta-feira (5/6) para fazer uma leitura comentada do documento. O encontro foi organizado pelo Centro de Pesquisa e Formação do SESC Vila Mariana.

Em sua opinião, duas importantes proposições ficaram de fora: a criação de um plano de carreira para o magistério baseado em tempo de serviço e formação e a exclusividade do uso dos recursos – os 10% do PIB – na educação pública.

Da forma como foi aprovado, o montante destinado à educação também poderá ser aplicado em programas de expansão do ensino – a exemplo do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), o Programa Universidade para Todos (Prouni) e o Ciências sem Fronteias –, em creches conveniadas e outras parcerias público-privadas (PPP). Na prática, isso quer dizer que uma parte dos recursos – de 1% até 3% do PIB – ficará nas mãos de instituições privadas.

Por outro lado, diretrizes importantes foram resguardadas, entre elas a erradicação do analfabetismo; a universalização da educação infantil na pré-escola para
as crianças de 4 a 5 anos de idade; a ampliação da oferta de educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% das crianças de até 3 anos; a implementação do Custo Aluno Qualidade Inicial (CAQi) como parâmetro para os investimentos em educação; e a complementação de recursos financeiros, por parte da União, a todos os estados, ao Distrito Federal e aos municípios que não conseguirem prover os recursos necessários para atingir o padrão mínimo de qualidade.

Sem considerar as matrículas que deverão criadas ao longo dos próximos dez anos, conforme prevê o PNE, será preciso fazer um incremento de R$ 46 bilhões para atingir o CAQi, cujos valores por nível de ensino são:

Creche: R$ 8.803,99
Pré-escola: R$ 3.584,32
Ensino Fundamental I: R$ 3.449,91
Ensino Fundamental II: R$ 3.360,30
Ensino Médio: R$ R$ 3.472,31
Ensino Superior: R$ 6.048,54

“A arrecadação do Brasil é suficiente. O que o governo precisa agora é rediscutir as prioridades”, falou. “O PNE vai exigir sacrifícios, mas ele deve ser tratado como um plano de desenvolvimento para todo o país. Tendo em vista as mudanças no padrão etário da população brasileira, ou essa geração de agora recebe uma educação de qualidade ou o futuro do país estará comprometido”, complementou.

Embora a aguardada aprovação do plano tenha sido comemorada pela sociedade civil, Daniel foi enfático ao dizer que os desafios pela frente são enormes e que a mobilização deve continuar. A cada dois anos, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) ficará responsável pela publicação de relatórios sobre o cumprimento das metas. Em paralelo, a população, por meio dos conselhos de educação e da interlocução com o Ministério Público, os Tribunais de Contas e as Controladorias Gerais, deve cobrar e participar. “Esse não é um plano perfeito, mas temos que batalhar para que ele seja cumprido”, declarou.

 

 

Autor

Marina Kuzuyabu


Leia Políticas Públicas

Sinaes 20 anos

20 anos de Sinaes, na perspectiva de quem faz política pública

+ Mais Informações
Sinaes 20 anos

Sinaes 20 anos, e as mudanças continuam

+ Mais Informações
José Vicente fala sobre políticas públicas

Políticas públicas efetivas para o mundo atual

+ Mais Informações
Deputados avaliam criar comissão especial para o PNE

Deputados avaliam criar comissão especial para o PNE

+ Mais Informações

Mapa do Site