Revista Ensino Superior | O desafio do novo - Revista Ensino Superior
Personalizar preferências de consentimento

Utilizamos cookies para ajudar você a navegar com eficiência e executar certas funções. Você encontrará informações detalhadas sobre todos os cookies sob cada categoria de consentimento abaixo.

Os cookies que são classificados com a marcação “Necessário” são armazenados em seu navegador, pois são essenciais para possibilitar o uso de funcionalidades básicas do site.... 

Sempre ativo

Os cookies necessários são cruciais para as funções básicas do site e o site não funcionará como pretendido sem eles. Esses cookies não armazenam nenhum dado pessoalmente identificável.

Bem, cookies para exibir.

Cookies funcionais ajudam a executar certas funcionalidades, como compartilhar o conteúdo do site em plataformas de mídia social, coletar feedbacks e outros recursos de terceiros.

Bem, cookies para exibir.

Cookies analíticos são usados para entender como os visitantes interagem com o site. Esses cookies ajudam a fornecer informações sobre métricas o número de visitantes, taxa de rejeição, fonte de tráfego, etc.

Bem, cookies para exibir.

Os cookies de desempenho são usados para entender e analisar os principais índices de desempenho do site, o que ajuda a oferecer uma melhor experiência do usuário para os visitantes.

Bem, cookies para exibir.

Os cookies de anúncios são usados para entregar aos visitantes anúncios personalizados com base nas páginas que visitaram antes e analisar a eficácia da campanha publicitária.

Bem, cookies para exibir.

NOTÍCIA

Entrevistas

O desafio do novo

Com o fortalecimento do uso de tecnologias na educação, presidente da National Geografic Learning/Cengage defende que a manutenção da qualidade está atrelada ao enriquecimento da experiência de ensino

Publicado em 02/04/2014

por Ensino Superior

Com o fortalecimento do uso de tecnologias na educação, presidente da National Geografic Learning/Cengage defende que a manutenção da qualidade está atrelada ao enriquecimento da experiência de ensino

por Christina S. de Queiroz

185_15O uso da tecnologia pelas instituições deve ter o objetivo de transformar o processo de ensino e não somente criar a percepção de modernidade. Essa é a visão de Fernando Valenzuela, fundador do primeiro Think Tank Lab da América Latina –, iniciativa desenvolvida para produzir experiências inovadoras de aprendizagem. Valenzuela, que irá visitar o Brasil para participar do Congresso Brasileiro de Gestão Educacional (Geduc), destaca a importância de envolver os alunos mental e emocionalmente no desenvolvimento do sistema de ensino, o que tende a trazer impactos positivos não somente ao indivíduo, mas também ao planeta.

Essas premissas nortearam o processo de criação do Linnea (Laboratório de Inovação em Experiências de Aprendiza­gem), fundado no começo de 2013 em parceria com a Universidade Autônoma de Chihuahua, no México, e a National Geographic Learning/Cengage, da qual Valenzuela é presidente. Elaborado com a missão de estabelecer vínculos entre os diferentes atores envolvidos nos processos de aprendizagem acadêmica, o laboratório busca um sócio no Brasil que o ajude a desenhar projetos inovadores na área de educação.

Com forte atuação na indústria tecnológica, Valenzuela é mexicano e trabalhou no mercado de telecomunicações no qual, segundo ele, aprendeu a lidar com os desafios de infraestrutura, banda larga e segurança inerentes ao setor. Foi presidente para a América Latina de empresas como Relacom, Peppers e Rogers, Teletech, Centrobe, Sitel e executivo sênior em companhias como Hewlett Packard e EDS. No decorrer de toda sua trajetória empresarial, também trabalhou como docente em diversas instituições de ensino superior latino-americanas. Hoje, é membro do pro­grama Fellows da Wharton University em Filadélfia, da Rede Enova de CEOs na América Latina, do Centro de Política Hemisférica e do Conselho das Américas.

Ensino Superior: Quais os caminhos para criar novas formas de aprendizagem e a que tendências e desafios os gestores da área educacional devem prestar atenção para alcançar bons resultados?
Fernando Valenzuela: Os caminhos que se abrem à educação são cada vez mais diversos, por isso observamos e analisamos novas tendências de forma permanente, entre elas sistemas de ensino híbrido, sala de aula invertida, gameficação, aplicativos e plataformas abertas. No Brasil, é imperativo que as instituições sejam capazes de monitorar e assimilar essas tendências.

Pela primeira vez os países desenvolvidos e os emergentes começam esse processo de desenvolvimento desde um patamar equilibrado. Isso ocorre, pois, se de um lado as nações emergentes apresentam atrasos em suas infraestruturas, organizações sociais e plataformas tecnológicas, por outro, não precisam lidar com heranças e transformar padrões já existentes, como acontece com as desenvolvidas. Isso significa que o Brasil e outros países emergentes podem acelerar passos para integrar-se de forma efetiva na última geração de soluções de aprendizagem. Dessa forma, o desafio é igual em Londres ou em São Paulo, em Chicago ou em Bogotá.

Vivemos um momento transcendente, no qual grupos de trabalho compostos por estudantes, professores, tecnólogos, empresários, governos e gestores de conteúdo se esforçam para desenhar um futuro melhor a partir da educação centrada no aluno.

Como a inovação pode trazer bons resultados à gestão em educação? 
O futuro da educação depende da participação ativa de muitos atores. No passado, o aluno era visto como um ator passivo, que somente recebia a aprendizagem. Já na visão de futuro, o estudante interconectado é um cocriador da aprendizagem, enquanto o professor é responsável por integrá-la e a instituição por facilitá-la, avaliá-la e melhorá-la. A tecnologia, por sua vez, cumpre o papel de estender e transformar o processo de ensino. Uma experiência inovadora ocorre quando o estudante participa ativamente da sua aprendizagem e a estende ao conectá-la a um conhecimento global e à sua vida.

Poderia detalhar os benefícios que a inovação traz ao processo de aprendizagem dos alunos e também à instituição educacional?
Os resultados melhoram quando a instituição consegue ter estudantes ativamente envolvidos nas aulas. E os benefícios desse engajamento são a diminuição da evasão, maior captação de alunos, elevação de avaliações acadêmicas e facilidade de ingresso dos estudantes no mercado de trabalho.

Há inúmeros exemplos de pessoas, instituições, professores e empreendedores que dedicaram seu talento para descobrir como aportar inovação à educação. No meu caso, empreendi o caminho de potencializar a missão da National Geographic, de forma a impactar o sistema de aprendizagem. As soluções tecnológicas que criamos oferecem um conteúdo global e elementos didáticos que emocionam e aumentam a aprendizagem dos alunos. Queremos que nossa empresa seja um sócio acadêmico confiável para as instituições e aplicamos princípios de cocriação para desenhar novas experiências de ensino. O processo criativo que seguimos pretende, ainda, conectar elementos aparentemente dispersos. Por exemplo, o aprendizado formal ligado ao informal; o uso da tecnologia para acessar experiências.

Nesse sentido, minha ex­periência corporativa e a trajetória acadêmica ajudaram a pensar novos modelos de inovação, pois aprendi a aplicar a tecnologia em problemas centrados no cliente e não tratá-la como o centro da resposta.

Quando se pensa em inovar o ensino, como os gestores podem garantir que gere bons resultados educativos e financeiros à instituição? 
Inovar equivale a romper esquemas conhecidos. Por isso, é preciso realizá-lo de forma permanente, progressiva e diversa. Os princípios fundamentais que permitem gerar melhores resultados em todos os aspectos incluem: contar com a presença de equipes distintas, centralizar os objetivos no estudante e em sua experiência de aprendizagem. Também é preciso compreender que a tecnologia existe e os estudantes já se relacionam efetivamente com ela em todos os âmbitos da sua vida. Não é a falta de recursos que impede a inovação e sim questões de resistência à mudança e de assumir que os fundamentos que permaneceram intocáveis por gerações agora não valem mais.

Muitas instituições investiram em tecnologia para criar percepção de modernidade, ou seja, compraram hardware e soft­ware sem conectar essas capacidades ao desenho da nova experiência de aprendizagem. Isso significa que, em muitos casos, temos usado a tecnologia para substituir o que já conhecemos e não para estender e transformar a experiência, o que considero o maior desafio da área.

Como é possível incorporar as inovações na realidade institucional? 
É um caminho que deve ser percorrido de forma progressiva e, ao mesmo tempo, constante. Estamos diante da possibilidade de que cada estudante enriqueça sua experiência, de que cada professor potencialize a participação e a conexão entre seus alunos e de que a instituição se converta, de fato, em um espaço de geração de conhecimento. Para repensar o sistema educativo, as instituições devem envolver os alunos mais comprometidos e representativos, assim como os professores mais inquietos e inovadores. Para começar a mudar, é possível iniciar com um grupo, com um professor e com uma matéria e expandir a experiência bem-sucedida de forma gradual. E essas mudanças devem ser redesenhadas a partir da realidade de cada instituição, do perfil dos estudantes, da capacidade tecnológica, do conteúdo da matéria e das características do professor. O novo desenho se replica, as melhorias são incorporadas e as medições se refinam.

Como adaptar modelos de inovação de sucesso de outros países à realidade brasileira?
É preciso conhecer as tendências mundiais e assumir que essas tendências exigem uma transformação e personalização conforme o aluno. E o princípio de mudar o conceito de “classe” ou “curso” para uma “experiência de aprendizagem” pode orientar esse processo. A experiência de aprendizagem permite ser comparada a outras que captam a atenção e a emoção do aluno e, a partir daí, podemos desenhar elementos que viabilizem que o ensino seja tanto ou mais atrativo do que as experiências anteriores, que serviram de base ao seu desenvolvimento.

Qual a importância de eventos como fóruns de educação no desenvolvimento das instituições educativas da América Latina?
A agenda educativa nunca figurou com tanta relevância nas discussões políticas, sociais e econômicas da América Latina. A educação tem atraído investimentos e projetos, direcionando o desenvolvimento de tecnologias, análises e inovações. E acompanhar as forças que transformam a educação, bem como saber discernir quais delas são transcendentes, é um processo cada vez mais complexo, que representa um grande desafio aos gestores de instituições de ensino.

O denominador comum dos fóruns sobre educação, como o Geduc, é discutir o impacto da tecnologia nos processos de aprendizagem. Sabemos que a tecnologia está presente em tudo o que fazemos, no entanto, no caso da educação, o mais importante é utilizá-la de forma a transformar a experiência de ensino, captando a atenção e a emoção dos estudantes. Somente assim é possível conseguir um resultado positivo não apenas para o indivíduo que aprende, mas também para a sociedade e o planeta.

As gerações anteriores falharam ao não integrar a aprendizagem a aspectos fundamentais do pensamento crítico, do cuidado com o planeta, da consciência social e de uma visão global. É o momento de repensarmos essa situação.

Como o senhor avalia os processos de inovação educativa criados no Brasil? Pode dar exemplos práticos de projetos bem-sucedidos?
A educação no Brasil, assim como no mundo, ficou atrasada no que diz respeito à inovação. O pensamento crítico é outro aspecto fundamental para transformar. No país, há desafios particulares relacionados ao tipo de estudante, à disponibilidade de tecnologia, à dispersão geográfica e à capacidade dos professores.

O papel de instituições como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), sua oferta de conteúdo e a capacidade do país de atuar com ensino a distancia são os pontos positivos. Além disso, poucos países na América Latina possuem uma indústria de universidades corporativas como o Brasil. Essa tendência pode ser vista como reflexo da necessidade das empresas de compensar as deficiências na educação da sociedade, mas também é uma oportunidade única de que os mundos corporativo e acadêmico se complementem.

De forma geral, as instituições começam a se destacar quando integram a prática de investigação na sala de aula, conectam-se ao mundo, usam o inglês como ferramenta de acesso ao conhecimento e desenham experiências de aprendizagem que mimetizam outras experiências nas quais o aluno se envolve mental e emocionalmente.

Autor

Ensino Superior


Leia Entrevistas

letramento digital 2

Letramento digital: bem mais que programação

+ Mais Informações
Muniz Sodré

Para Muniz Sodré, educação voltada só para as ciências exatas produz...

+ Mais Informações
educação superior

Avaliando a qualidade da educação superior

+ Mais Informações
paulo-rezende-senac-1

Pandemia e educação: quais as transformações?

+ Mais Informações

Mapa do Site

Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.