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Estratégias para inovar em sala de aula e atrair alunos em tempos de crise foram debatidas nas Jornadas Regionais de Marília e Santos, que ainda tratou de tendências e dados econômicos

Publicado em 02/05/2017

por Redação Ensino Superior

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Por Giovanna Betine

Com uma grande participação de público, o Semesp iniciou em Marilia e Santos a programação da 13ª edição das Jornadas Regionais. Os eventos foram realizados em março e reuniram, no total, aproximadamente 200 pessoas, entre gestores e reitores de instituições de ensino. O público foi atraído pela apresentação de dados econômicos, além de palestras sobre marketing, legislação e inovação acadêmica.

Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, abriu os encontros com análises do setor e das tendências. Ele mostrou em sua apresentação que, no ano de 2015, o número de matrículas em cursos presenciais no Brasil sofreu queda de 5,8% na rede privada e aumento de 1,4% na rede pública. No Estado de São Paulo, essas taxas foram de -7,9% e 2%, respectivamente. Especificamente em Marília, o indicador de matrícula se manteve estável, enquanto em Bauru houve um leve aumento de 1,2%. Na região da Baixada Santista, o crescimento também foi ligeiro, de 1,1%, mas na região de Registro ele caiu 3,4%.

Apesar disso, os números não indicam que o setor passa por uma crise em seu modelo ou que faltem iniciativas inovadoras, reforçou Capelato. O problema é a falta de investimentos. “A educação é um setor que não caminha sem a ajuda do governo. Os momentos de maior crescimento vieram por meio de ajuda pública”, reforçou ao lembrar da redução do Fies e de seus impactos para a classe C, que corresponde a 55% da população brasileira. Estas pessoas são as mais prejudicadas com o encolhimento do programa, visto que dependem mais do financiamento para entrar no ensino superior. Egressas de escolas públicas, elas têm mais dificuldade de acessar o sistema público.

Tendências

compartilhado2O ensino a distância revela algumas particularidades da educação brasileira. Em 2015, as matrículas na rede privada nacional aumentaram 5,2%. Já nas instituições da rede pública, houve uma queda de 7,9%. No Estado de São Paulo, os índices variaram em 1,4% de crescimento no setor privado e 39,5% no público. Segundo Capelato, como os brasileiros, historicamente, entram mais tarde no ensino superior, há uma grande adesão ao EAD. Nessa modalidade, a idade dos alunos varia entre 25 e 40 anos.

Luiz Trivelato, diretor de expansão e novos negócios do Grupo A Educação, lembrou que o perfil desse estudante é de um aluno-trabalhador, que opta pelo método em função do preço e da flexibilidade de horários. Mas, apesar desse perfil comum, o executivo destacou que para cada município em que exista o EAD, deve haver um modelo operacional diferente.

Em Santos, Bruno Weiblen, também do Grupo A, revelou que o perfil da oferta de EAD está mudando completamente no Brasil porque muitas instituições estão sendo credenciadas para essa modalidade, em função de a graduação presencial poder oferecer 20% de atividade a distância. “O mercado era muito concentrado em poucos players e o processo regulatório ainda é bastante burocrático, mas aconselho aos mantenedores buscarem o EAD porque o MEC vai acabar por flexibilizá-lo e teremos uma modalidade categorizada e mais híbrida.”
compartilhado4Outro aspecto ressaltado nas apresentações foi a importância dos cursos tecnológicos, altamente valorizados em países como Estados Unidos, Coreia do Sul e Alemanha. “Os cursos tecnólogos são um divisor de águas. É preciso repensar produtos mais alinhados com a necessidade do aluno. Há um estoque de estudantes do ensino médio que não foram para o ensino superior e estão no mercado de trabalho. As instituições têm que parar com o conservadorismo de engenharia e direito e pensar em um novo público”, resumiu Márcio Sanches, coordenador da Universidade Corporativa do Semesp e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV).


Caso Unipê

Na contramão da crise, o diretor de marketing do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê), Glauson Mendes, compartilhou estratégias capazes de desenvolver e atrair alunos para a instituição mesmo em tempos difíceis. Uma das maiores urgências apontadas é a importância de fazer a transição do mundo off-line para o on-line e, como consequência, integrar todos os setores acadêmicos. Outra aposta é consolidar a área de marketing. “O marketing não deveria ser um departamento, mas sim uma cultura institucional”, destacou Mendes.

compartilhado3Fundada em 1971, a Unipê está instalada em uma área de 30 hectares. Atualmente, tem 700 docentes, 450 técnicos administrativos e é controlada por seis famílias. À frente do marketing da instituição desde 2014, o diretor revelou que seu maior desafio era promover um alinhamento entre clientes externos e internos. “Os alunos consideravam a Unipê ‘careta’ e o público interno superestimava a instituição.” Por isso, apostou naquilo que considera o verdadeiro marketing: criar valor genuíno para os clientes. Para colocar em prática este princípio, Mendes investiu na área de esportes, buscou patrocínios, realizou eventos, criou uma estrutura de mídia, bem como uma equipe de marketing. Por último, trabalhou o posicionamento de gestão a fim de que as pessoas “vendessem” a imagem da Unipê.

Para ele, em momentos de crise ou não, é fundamental que os gestores se perguntem que diferença a instituição faz para a sociedade. Se crescer durante a crise pode parecer difícil, o diretor de marketing aconselha seus pares a traçar metas. As do Centro Universitário de João Pessoa envolveram a inclusão de campeonatos esportivos, a realização de cursos para os coordenadores a cada seis meses com foco no aluno e a contratação de duas agências on-line e off-line. Nesse período, o marketing também passou a fazer a cobrança do estudante. A prova de que tais metas foram bem-sucedidas está no número de evasão dos alunos. Se em 2014 ele era de 16%, atualmente é de apenas 1,9%. A Unipê permanece com aproximadamente 10.600 estudantes. Para 2017, a instituição tinha como objetivo captar 2,7 mil alunos. Ao final, entraram 2.950 novos estudantes.
A pesquisadora institucional da Universidade de Marília (Unimar), Andreia Cristina Labegalini, se impressionou com a apresentação. “É incrível como a instituição soube se organizar nessa situação de crise nacional. Gostei de ver que existe uma equipe jovem à frente dessas mudanças. A 13ª Jornada está sendo incisiva ao demonstrar como a educação se transforma e é fundamental refletirmos sobre isso.”

O gestor dos cursos de jornalismo e publicidade e propaganda das Faculdades Faccat de Tupã, Roberto Reis de Oliveira, analisa a relação entre marketing e educação. “Todos estão, a um só tempo, preocupados em adotar mecanismos de publicidade e marketing que estejam sintonizados com demandas contemporâneas na educação superior, mas também zelosos com processos avaliativos – tanto internos quanto externos – de seus cursos e de suas instituições.”

Inovações
O Diretor de Inovação Acadêmica e Redes de Cooperação do Semesp, Fábio Reis, discutiu com o público a sustentabilidade das instituições e afirmou que se elas não fizerem uma autoanálise com foco nos pontos que precisam avançar, elas poderão se tornar obsoletas.

compartilhado5A utilização de metodologias ativas de aprendizagem foi outro ponto defendido pelo diretor. Em sua opinião, o ensino brasileiro ainda trata o aluno como espectador, sendo que o ideal é estimulá-lo para que ele aprenda fazendo e se torne o protagonista do próprio aprendizado. Tal prática implica romper a fragmentação das disciplinas e propor pesquisas, teses, TCCs que sejam voltados para a sociedade.

As inovações apresentadas ao longo da 13ª Jornada foram um ponto alto para Roberto Reis de Oliveira, das Faculdades Faccat de Tupã. “Chama-me sempre a atenção as inovações adotadas por algumas IES quanto ao conceito de aula, sala de aula e estratégias pedagógicas nestes tempos de convergência de tecnologias e de alunos conectados. Os eventos do Semesp são oportunidades para atualização e esclarecimentos que estarão sempre presentes na vida de instituições que continuam nesta caminhada da educação superior”.

As Jornadas Regionais são patrocinadas pelas empresas Blox, Canvas, CRM Educa-
cional, Fundacred, Grupo A, Lyceum e Planeta Y. O Semesp ainda percorrerá as cidades de Ribeirão Preto (05/04), São José dos Campos (03/05) e São José do Rio Preto (07/06).

Autor

Redação Ensino Superior


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