NOTÍCIA
Instituição inova ao preparar os alunos para além dos concursos públicos e da carreira de advogado
Publicado em 03/07/2017
Atividades inovadoras podem ser aplicadas nas mais diversas esferas da formação superior, até mesmo em um curso tão tradicional quanto o de Direito. Foi partindo dessa premissa que o Centro Universitário Newton Paiva apostou no pioneirismo e decidiu que todos os seus alunos deveriam receber, além do conhecimento jurídico, informações sobre como abrir e gerenciar um escritório de advocacia.
Para isso, a instituição reformulou consideravelmente o seu currículo e lançou o programa Advogado Empreendedor. O projeto-piloto, até então oferecido de forma extracurricular, está em sua terceira edição e no segundo semestre deste ano será inserido definitivamente na grade do curso a partir do 6º período.
Sob o comando do Centro Newton de Empreendedorismo (CNE), os professores Francisco José Salvador Paixão e Isis Boostel desenvolveram o projeto inicial e formataram o programa para que ele pudesse ser incorporado ao currículo de forma integral. Em suas duas primeiras edições, ambas realizadas em 2016, a escolha dos coordenadores foi por um modelo baseado em desafios.
As inscrições para o Advogado Empreendedor foram abertas a todos os alunos, inclusive aos de outros cursos, como Administração. Isso ajudou, segundo Paixão, a criar um grupo de trabalho multidisciplinar.
“As soluções precisavam ser viáveis, por isso abrimos para outras áreas. Para esses alunos, é uma experiência muito rica, pois eles colocam em prática todo o conteúdo que aprendem em sala de aula. Mas, para participar, eles precisam integrar uma equipe conduzida por alunos de Direito”, explica.
Das 70 vagas oferecidas no primeiro edital, 55 foram preenchidas. Cada um dos inscritos precisava escolher, antecipadamente, um dos desafios propostos pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e gravar um vídeo explicando seu posicionamento sobre o tema.
Na sequência, os aprovados formavam grupos e ao longo de oito encontros semanais desenvolviam uma solução. Nesse período, os estudantes receberam mentorias técnicas com professores da casa e, por fim, fizeram uma apresentação diante de uma banca formada por um conjunto de especialistas.
O evento de encerramento, realizado na sede da OAB, em Belo Horizonte (MG), premiou os três melhores trabalhos. O projeto vencedor foi uma plataforma digital, idealizada pelos alunos Gabriela Canabrava e Ronaldo Rosa Jr., para facilitar a gestão de questões administrativas e financeiras de um escritório, além da consulta de audiências, prazos e atendimento a clientes – tudo acessível na tela de um smartphone.
Estrutura enxuta
A segunda edição seguiu o mesmo modelo do projeto inicial, porém, com menos vagas. O programa contemplou 40 alunos e assim se adequou à infraestrutura disponível. Atualmente, os encontros do Advogado Empreendedor são realizados na própria sala onde funciona o Centro de Empreendedorismo e também em uma sala anexa com mesa de reunião, equipamento de projeção e 10 estações de trabalho.
Já a equipe permanente do projeto é bastante compacta. Tudo passa pelas mãos dos professores Francisco Paixão e Isis Boostel, além de um estagiário. “Quando o programa passar a integrar a matriz curricular, vamos precisar de mais profissionais”, antecipa Paixão.
Após o sucesso inicial do programa, o ano de 2017 trouxe um novo desafio: formatar sua última rodada como atividade extracurricular antes de ser assimilado pela grade. E para fazer essa transição, a terceira edição, que se iniciou no mês de abril, foi direcionada aos alunos mais avançados do curso e, desta vez, com foco na abertura de um escritório. Já o formato segue o mesmo. Com grupos preestabelecidos, os estudantes trabalharão desde a modelagem do negócio, passando por sua prototipagem até a validação.
Ao longo desse caminho de oito semanas, receberão mentorias nas áreas de gestão, finanças e jurídica. E assim como nas edições anteriores, os projetos serão apresentados perante uma banca avaliadora. A diferença estará na premiação. O grupo vencedor será convidado a incubar o seu ‘escritório-piloto de advocacia’ dentro do Centro de Exercício Jurídico da Newton (CEJU) – núcleo que desenvolve práticas jurídicas e oferece atendimento gratuito à comunidade.
Finalizado esse ciclo de um ano e meio de preparação, o projeto Advogado Empreendedor chega ao seu objetivo inicial e se desliga do Centro de Empreendedorismo para ser comandado pela coordenação do curso de Direito.
A partir do segundo semestre deste ano, os conteúdos de empreendedorismo passam a ser ministrados pelas disciplinas obrigatórias do 6º ao 10º semestre, ou seja, até o aluno se formar.
Com isso, todos os estudantes da escola de Direito da Newton Paiva terão ao menos a metade do tempo de sua graduação para projetar uma possível carreira como advogado.
Já para a instituição, esta será uma missão bastante complexa. Com cerca de 2,4 mil alunos e média de 150 bacharéis em Direito por semestre, o Advogado Empreendedor terá de se multiplicar em dimensão para assim abranger todos os discentes, fato que torna o projeto ainda mais ambicioso.
“Não conheço outra instituição de ensino superior que ofereça um curso como o nosso. Considero um grande diferencial. E entendo que é pela cultura que a maior parte dos profissionais decide seguir carreira pública. Mas estamos empenhados na questão da ‘trabalhabilidade’, para que nossos alunos não dependam de outras empresas ou do serviço público”, acentua Francisco Paixão.
E essa predisposição da Newton Paiva em disponibilizar oportunidades aos seus egressos vai ao encontro da realidade de um mercado cada vez mais saturado no Brasil. Conforme dados recentes da OAB, no início de maio deste ano havia 1.027.217 advogados inscritos. E este número só aumenta.
Além disso, algumas estimativas apontam que exista ainda um estoque de 5 milhões de bacharéis formados nas mais de 1,2 mil escolas de Direito espalhadas pelo país afora e sem o registro na Ordem. Diante deste cenário de cifras homéricas, grande parte motivada por uma oportunidade no serviço público, o projeto Advogado Empreendedor vem na contramão dessa corrente para reforçar que existe espaço para se inovar na atividade jurídica.
“Historicamente, a carreira do Direito está muito ligada ao serviço público e aos concursos. Mas estamos concentrados em desmistificar essa realidade para que não seja o único caminho disponível. Percebemos que há muita tecnologia nova na área. E seguimos com a proposta de instigar um comportamento mais empreendedor em nossos alunos”, conclui Francisco Paixão.