NOTÍCIA
A estratégia da instituição Sciences Po Bordeaux para atrair jovens de classes desfavorecidas
Publicado em 02/05/2018
Os Institutos de Estudos Políticos da França, mais conhecidos como Sciences Po, têm uma longa tradição no desenvolvimento de líderes. As dez escolas espalhadas por cidades como Paris, Lyon e Grenoble formam uma parte considerável dos dirigentes públicos e privados do país e, não por acaso, suas vagas estão entre as mais concorridas do ensino superior francês. Também não é por acaso que as escolas tenham pouca diversidade e sejam tachadas de elitistas.
O Sciences Po Bordeaux, contudo, criou um programa para tentar mudar esse quadro. Batizado “Eu posso porque eu quero”, a iniciativa não pretende tornar o processo de admissão menos meritocrático. Pelo contrário, os alunos aceitos – uma parcela de 10% dos que se inscrevem – continuarão sendo os mais talentosos e os mais bem preparados, como reforçou a direção da escola.
O que a instituição deseja é atrair um público que sequer tenta uma vaga em suas fileiras: jovens de classes desfavorecidas e/ou de áreas rurais. Para aumentar a representatividade desse público em seu quadro de matriculados, o Sciences Po Bordeaux está se aproximando de escolas situadas fora dos grandes centros para financiar cursos preparatórios.
Professores e alunos também participam de encontros para explicar o processo de admissão, as possibilidades de carreira que os cursos oferecem e, principalmente, encorajar os jovens dessas regiões a se candidatar e se preparar.
O programa também contempla a visita desses jovens ao campus da escola para que eles desmistifiquem a ideia de que aquele lugar é inacessível. Nessas ocasiões, eles também têm a oportunidade de conhecer os avaliadores e ouvir diretamente deles o que se espera dos candidatos.
Ainda que eles não sejam admitidos, esse processo traz ganhos para os jovens, acredita a direção do Sciences Po, pois o processo abre novas perspectivas, além de aguçar a curiosidade intelectual dos participantes.
A preocupação da instituição em diversificar o perfil de alunos está em linha com outros projetos desenvolvidos atualmente. De todos os Institutos de Estudos Políticos da França, o de Bordeaux é o que tem o maior percentual de bolsistas (mais de 30%) e alunos estrangeiros (cerca de 25%). Também é um dos que mais investem em internacionalização – há seis programas binacionais e intercâmbio para 95% dos alunos.