Em debate, representantes argumentaram que atenção deve ficar na educação básica. Membro do Novo afirmou que estudo de inglês é mais importante que graduação
Publicado em 19/09/2018
A taxa de desemprego entre os jovens no Brasil atingiu cerca de 30% em 2017, o dobro da média mundial, segundo a Organização Mundial do Trabalho (OIT). Os caminhos para resolver esse problema foi um dos principais temas discutidos pelos economistas dos presidenciáveis, que se reuniram em São Paulo em evento promovido pelo CIEE.
Pérsio Arida (PSDB), Christian Lohbauer (Novo), José Marcio Camargo (MDB) e Marcio Pochmann (PT) foram os participantes do debate, mediado pelo jornalista William Waack.
A flexibilização do trabalho como solução para a criação de emprego foi a medida citada por todos os economistas presentes, com exceção de Pochmann (PT), que se declarou contrário à reforma trabalhista. Em sua opinião, as recentes mudanças na legislação criaram “trabalhadores sem direitos, expostos a jornadas extensas” e com poucas possibilidades da aposentadoria.
Opinião bem diferente foi expressada por Camargo (MDB), que afirmou que não há como fugir da flexibilização das relações trabalhistas, o elemento que fez a Ásia crescer nos últimos anos, acrescentou. Outra proposta do partido é desonerar a folha de salário do primeiro emprego, projeto que demandaria investimentos do governo. Tendo em vista a atual situação das contas públicas, o representante do presidenciável Henrique Meirelles disse que seria preciso acabar com algum programa existente para encaixar este no orçamento.
Ensino superior
As instituições de ensino superior tiveram grande expansão nos últimos tempos. Dar continuidade ao aumento de matrículas e à qualificação do ensino são preocupações do Plano Nacional da Educação. Para cumprir essa medida, Pochmann (PT) defende a ampliação das vagas em instituições de ensino superior para incluir um número maior de jovens. “Na sociedade industrial, a universidade era o teto de estudo. Na sociedade de serviço, que vivemos hoje, a universidade passa a ser o piso”. Pochmann reforçou ainda a importância do sistema de cotas e do programa Ciências sem Fronteiras.
Pérsio Arida, por sua vez, indicou que o acesso ao ensino superior não tem prioridade no programa do PSDB. “Se gasta muito com universidade no Brasil. O país é o que mais gasta no mundo com esse nível de ensino, mas acredito que temos que gastar com ensino pré-universitário”, afirmou.
Na mesma linha, Camargo (MDB) declarou que o “Brasil gasta cinco vezes mais por aluno do ensino superior do que no fundamental”, porém, o “ápice da aprendizagem acontece aos seis anos”, reforçou.
Lohbauer, que também é candidato à vice-presidente na chapa de João Amoêdo, aconselhou os jovens a estudar inglês por ser um dos atributos essenciais para entrar no mercado de trabalho, “mais até que ensino superior”.
Ensino médio
O posicionamento de que capacitar o jovem para o mercado de trabalho envolve repensar ensino médio – que deve ser mais atrativo aos alunos, com inovações e valorização dos professores – foi unânime entre os candidatos.
A reforma do ensino médio, com a implantação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – que ainda não foi aprovada devido às muitas controversas e manifestações – foi defendida pelos representantes dos candidatos como uma maneira de preparar o aluno para o mercado de trabalho.
Pochmann (PT) é o único que foi na linha oposta, pois enxerga que o documento vai aumentar a desigualdade em relação à qualidade do ensino entre classe alta e baixa.
Lohbauer (Novo) defendeu o Bolsa Família por ele movimentar o mercado e conto que seu partido pretende fazer algo parecido com a educação. O objetivo é dar oportunidade para que a população de baixa renda possa ingressar na universidade privada. “É o chamado voucher. O estado daria um vale-educação para a família que só poderia usar esse recurso em educação.”
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