NOTÍCIA
Fundação Getulio Vargas deixa de lado a OAB e concursos públicos e ensina aluno a pensar em tecnologia. Análise de dados e estatística fazem parte das aulas
Publicado em 29/09/2018
Com a velocidade e profundidade das mudanças sociais, de consumo e de relacionamentos provocadas pelo avanço tecnológico, os estudantes de Direito de hoje se preparam para leis, regulações e cenários que sequer ainda foram criados. Basta um exemplo: o aplicativo Uber, apesar de operar no Brasil há alguns anos, só foi legalmente habilitado em 2018 e muitas cidades nem fizeram a regulamentação que a lei federal exige. Este ambiente volátil e marcado por incertezas, ao contrário de intimidar, estimula as IES a criarem alternativas para melhor prepararem seus alunos para a vida profissional no futuro.
Programação
Decidida a atualizar a formação de seus discentes de Direito, a Fundação Getulio Vargas, em seus cursos em São Paulo e no Rio, adota a disciplina obrigatória de programação. “Ensinamos a pensar sobre tecnologia. O aluno não vai sair sendo um programador, mas ganha noções sólidas, vai saber entender e conversar com quem realmente vai aplicar a tecnologia”, explica Thiago Bottino, coordenador do curso. Sua colega de São Paulo, Marina Feferbaum, coordenadora de metodologia de ensino, complementa: “Nosso advogado é um ‘arquiteto do Direito’, vai viabilizar soluções e respostas. Antes, advogado era o cara que dizia: ‘isso pode, isso não pode’. A nossa proposta é que ele se torne um facilitador de novos modelos, plataformas e negócios”.
O projeto Supremo em Números – que compila, organiza e filtra todas as decisões do Supremo Tribunal Federal – só nasceu da convergência incentivada pela FGV entre o Direito e a programação com o uso de Big Data. A instituição oferece a oportunidade de dupla graduação e o segundo diploma mais cobiçado entre os alunos de Direito não é o de Administração ou Economia, mas o de Matemática Aplicada, que fornece conhecimentos de programação, análise de dados e estatística.
“O Direito permeia áreas de fronteira: privacidade de dados, terapia com células-tronco, contratos exclusivamente eletrônicos entre robôs, e muitas outras aplicações”, avalia Vitor Morais, coordenador de Direito da PUC de São Paulo. Tendo esta premissa, a faculdade favorece uma formação mais multidisciplinar ancorada em vivências e simulações de situações reais. Os serviços e aplicativos que operam em diferentes países ajudam na internacionalização do direito e isso se reflete nas necessidades do mercado. Os futuros advogados estão sendo preparados para participarem ou mesmo mediarem (mesmo em inglês) processos de arbitragem e a trabalhar com as chamadas Legal Techs – empresas que usam tecnologia para serviços jurídicos.
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