NOTÍCIA
Lançamento será em 2019. Objetivo é resgatar a história daqueles que lideraram a construção de um novo setor no Brasil
Publicado em 01/10/2018
Brasil tem mais de 2,1 mil instituições de ensino superior privadas, muitas delas consolidadas e muito bem posicionadas. Mas quem foram os empreendedores que as criaram? Como essas instituições se desenvolveram e chegaram até aqui? Poucos têm respostas para essas perguntas, pois quase sempre a história do setor é contada através dos números revelados ano a ano pelo Censo.
A frieza dos indicadores numéricos, contudo, esconde histórias de pessoas visionárias, tanto na iniciativa privada, como no setor público, que enxergaram a necessidade de investir no ensino superior privado para alavancar a formação de profissionais qualificados, afirma Hermes Figueiredo, presidente do Semesp. “O Brasil ainda tem alguns déficits na área, mas, sem a iniciativa privada, estaríamos em uma situação muito grave. Nossa economia não teria sobrevivido sem o esforço desses primeiros empreendedores”, enfatiza.
Nessa perspectiva, a instituição prepara para 2019, quando completa 40 anos, o lançamento do Museu do Empreendedor do Ensino Superior (MESUP). Seu objetivo é resgatar essas histórias e contá-las ao público por meio de depoimentos gravados em vídeo com fundadores e mantenedores de instituições de ensino superior privadas de todo o país.
O conteúdo será apresentado virtualmente e também em um espaço físico na capital paulista, onde serão disponibilizados materiais impressos, fotos e documentos, adianta Edimilson Cardial, organizador da iniciativa. “O contexto em que essas instituições se desenvolveram também é importante, pois o cenário econômico e social moldou muita coisa. Esses detalhes da história agora ficarão registrados”, afirma. O projeto deve se beneficiar da Lei Rouanet e ainda contemplará a publicação de um livro.
Acervo vivo
“Num país em que a educação foi, historicamente, muito mais discurso eleitoral do que real prioridade, o Museu do Empreendedor do Ensino Superior destacará a importante contribuição das instituições de ensino particulares na criação de oportunidades e acesso a um ensino de qualidade. O maior protagonista nesta história registrada pelo museu é, sem dúvida, o aluno”, afirma Paulo Cardim, um dos personagens do MESUP. Ele é mantenedor do Centro Universitário Belas Artes, criado em São Paulo, em 1925, e hoje considerado um centro de excelência na formação artística.
Janguiê Diniz, fundador e presidente do conselho de administração do grupo Ser Educacional, fundado em Recife (PE), também foi entrevistado. “A iniciativa de contar a trajetória de personagens que ajudaram a construir o ensino superior brasileiro é louvável. A educação é porta de entrada para o desenvolvimento de qualquer país e contar essas histórias é incentivar outros empreendedores a contribuir para a construção socioeconômica do nosso Brasil. Vivemos em uma era em que o acesso ao ensino superior é primordial e necessário para ingressar, se manter e se destacar numa sociedade que é, cada vez, dinâmica e disruptiva”, aponta o executivo, que também é presidente da ABMES (Associação Brasileira das Mantenedoras do Ensino Superior).
Dezenas de outros empreendedores já contaram suas trajetórias e muitos outros o farão. A ideia é atualizar continuamente o acervo do MESUP, inclusive com depoimentos dos empreendedores que estão à frente desta nova etapa do setor, marcada por profundas transformações nos processos de aprendizagem.
“O Museu vai mostrar ao público que a história do ensino superior é uma concatenação de sucessos e também de fracassos. Quando olhamos para o quadro hoje, não imaginamos como foi desafiador o percurso até aqui. Mas foi, e muito”, diz Hermes Figueiredo, fundador do Cruzeiro do Sul Educacional, grupo que reúne marcas como a Universidade Cruzeiro do Sul, a Unicid e o Unipê – Centro Universitário de João Pessoa, este adquirido recentemente.
História única
Na visão de Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, o MESUP tem uma grande relevância porque resgata uma história única no mundo, que é a do ensino superior privado brasileiro. “Em nenhum outro país esse segmento tem a representatividade que tem no Brasil, onde 75% das matrículas estão na rede privada. E ele só se configurou dessa forma por causa da enorme capacidade de alguns empreendedores”, conta.
Nessa linha, o Museu preenche uma lacuna na documentação histórica do Brasil e conserva para as gerações futuras o percurso desses empresários e de suas instituições. Historiadores, pesquisadores, educadores e demais interessados no tema também ganharão uma valiosa fonte de consulta.
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