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Empreendedores criam startup para ajudar os gestores educacionais a flexibilizar o currículo. Instituições de vários portes já aderiram
Publicado em 22/03/2019
Ao contrário do que muita gente imagina, o MEC não determina quais disciplinas devem ser dadas nos cursos de graduação. Quem define isso são as próprias instituições de ensino a partir das diretrizes curriculares. O governo também não diz em que ordem os assuntos devem ser abordados nem que os alunos precisam caminhar todos juntos pela mesma trilha de formação.
“A regulação do MEC não é rígida. Pelo contrário, ela é muito aberta e foca no desenvolvimento de competências”, afirma Bruno Berchielli, CEO do Blox, uma startup de educação criada em 2017 justamente para ajudar as instituições de ensino a flexibilizarem seus currículos.
Kroton Educacional, Faculdade Porto, Centro Universitário de Jaguariúna, Faculdade de Botucatu, Universidade de Vassouras e IBGESP são algumas das 13 instituições que já fecharam parceria com a edtech, fundada por Berchielli e mais três emprenhadores: Carlos Ricci, Leandro Berchielli e Thiago Dantas.
Curiosamente, a empresa não participou de editais nem de programas de aceleração, como a maioria das startups. Todo investimento veio dos sócios.
O Blox é uma ferramenta que organiza o currículo não só para tornar o ensino mais instigante – o aluno monta sua grade de acordo com seus interesses –, mas também para resolver a problemática da organização das turmas.
O trabalho com as IES começa pelo PPC, o Projeto Pedagógico de Curso. De acordo com Berchielli, o objetivo é que o PPC fique atrelado ao desenvolvimento de competências e incrementado com justificativas legais para a flexibilização curricular.
Por meio de um treinamento, os coordenadores e professores criam os tópicos das aulas. “A ideia não é ter, por exemplo, uma disciplina chamada ‘Marketing 1’, mas sim disciplinas bem específicas, que vão direto ao ponto, quase microformações”, detalha Berchielli. Esse processo de ajuste inicial leva cerca de 60 dias.
Com a implantação do novo modelo, o aluno pode montar sua própria grade. E por meio de um aplicativo, ele avalia seu desenvolvimento e enxerga os passos de sua formação.
As instituições parceiras pagam pela consultoria inicial de reestruturação do currículo e depois uma licença mensal para a utilização do sistema.
A polêmica lei da reforma do ensino médio, aprovada em 2017, prevê flexibilidade curricular obrigatória, ao contrário do que acontece no ensino superior. “A partir de 2020, as escolas serão obrigadas a oferecer 40% da carga horária de forma flexível”, diz o CEO da startup.
Com essa mudança, a startup passou a mirar a educação básica. No momento, eles estão negociando com três escolas e uma delas já está em estágio piloto.
Segundo o CEO, a estratégia a longo prazo é se consolidar nesses dois mercados (ensino médio e ensino superior) para criar uma continuidade no aluno, pois eles acreditam que se a experiência na escola com currículo personalizado for boa, o estudante vai querer algo similar na graduação.
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