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Fnesp: por que as IES não vão desaparecer?

Quem quiser entender o mundo das IES hoje vai estar presente nos dias 27, 28 e 29 de outubro

Publicado em 17/09/2021

por Redação Ensino Superior

fnesp Foto: Shutterstock

Fnesp
Arte: divulgação/Semesp

Realizado pelo 23º ano consecutivo, o Fnesp entrou definitivamente na agenda dos gestores das instituições de ensino, não pelo seu tempo de existência, mas pela temática oportuna e pelos palestrantes escolhidos, com grandes especialistas.  O Fnesp é, de fato, singular e indispensável. Em três dias, no sistema híbrido pela primeira vez, juntam-se pessoas que descortinam novos caminhos, com um olhar agudo e de outra perspectiva. Alexandre Gracioso, vice-presidente da ESPM, por exemplo, sempre disse que esse é um dos poucos eventos ao qual não faltava. Trata-se de um conteúdo único e exclusivo.

Neste ano, o 23º Fnesp terá grandes debates nos dias 27, 28 e 29 de outubro (veja a programação em www.semesp.org.br/fnesp). No primeiro dia, Walter Longo, profissional com carreira vitoriosa, tendo chegado a CEO da Editora Abril, além de dirigir várias agências de publicidade, traz seu olhar sobre as transformações digitais. Autor de muitos livros, num deles, Trilema Digital, Grandes Tendências que vão afetar sua vida, lembra que antigamente os sábios tinham certeza e os ignorantes tinham dúvida. Agora, quanto mais conhecimento, mais dúvidas; e quanto mais ignorância, mais certezas. O tema de Walter Longo será A urgência da transformação digital para instituições de ensino superior.

Crise fortaleceu

Uma pesquisa da International Association of Universities (IUA), constata que a pandemia abalou as instituições de ensino superior, mas elas saíram mais sólidas e prontas para enfrentar as próximas. A crise veio e ainda persiste, mas ela serviu também para evidenciar a capacidade de superação das IES e a importância do ensino superior para o desenvolvimento do país.

Esse tema será um painel com Giorgio Marinoni, gerente de ensino superior e internacionalização da IUA, fundada em 1950 sob os auspícios da Unesco, e é a associação global líder de instituições e organizações de ensino superior de todo o mundo. Participam desse debate Marcelo Knobel, que foi reitor da Unicamp de 2017 a 2021 e pró-reitor de graduação da UNICAMP de 2009 a 2013; atualmente é professor do Instituto de Física Gleb Wataghin e professor titular do Departamento de Física da Matéria Condensada. O economista Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, promotor do evento, estará presente nesse painel.

Perspectiva internacional

O setor mais importante do mundo vai muito além de hard skills. O painel O Valor da Educação reunirá Lee Gardner e Andreas Schleicher. Há mais de 20 anos atuando na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que reúne as 30 nações mais desenvolvidas, Schleicher é o atual diretor dessa instituição. O físico alemão convive com ministros e líderes de educação em todo o mundo, além de ser o criador do PISA – Programa Internacional de Aferição de Estudantes.

O ensino superior como conhecemos hoje, daqui a algum tempo não existirá mais, afirma João Otávio Junqueira

Em seu livro Primeira classe, como construir uma escola de qualidade para o século 21, Schleicher cita os cálculos feitos por Eric Hanushek, economista e colaborador sênior do Instituto Hoover da Universidade de Stanford, que sugeriu que os países da OCDE poderiam perder US$ 260 trilhões em receita durante a vida da geração nascida em 2018 (quando o livro foi publicado), porque os sistemas escolares no mundo industrializado não estão tendo o desempenho esperado em relação ao que os melhores sistemas educacionais mostraram ser possível obter. Em outras palavras, as deficiências em nossos sistemas educacionais têm um efeito equivalente a uma recessão econômica maior, e seu efeito é permanente.

O repórter especializado em ensino superior Lee Gardner escreve no site The Chronicle of Higher Education, com diversos artigos sobre o setor. A publicação do relatório que aponta que as IES foram capazes de mudar seus modelos acadêmicos, administrativos e de negócio, em um curto espaço de tempo, além de manterem a relevância do aprendizado para a formação de cidadãos que irão contribuir para o desenvolvimento mundial, é um dos destaques na carreira do jornalista.

Estratégias para sobrevivência das IES

Com exemplos de boas práticas, as redes de cooperação podem ser a chave para um melhor planejamento orçamentário, gestão financeira e atitudes estratégicas mais sustentáveis. Já se pensa também na cooperação na maneira de se ofertar cursos, ao unificar currículos entre instituições de ensino que se localizam em regiões de baixo contingente populacional, o que revolucionaria a educação superior como conhecemos hoje. Quem explica um pouco sobre isso é João Otávio Junqueira, diretor de relações institucionais do Semesp e executivo de redes de parcerias na Unifeob.

Ele se diz um grande entusiasta das redes de cooperação, pensa junto a outros líderes numa proposta que deve chegar até CNE (Conselho Nacional de Educação), sobre o agrupamento de cursos em quatro grandes áreas essenciais para o mundo de hoje, e não mais pelas ciências humanas, exatas, biológicas e tecnológicas. “Acredito que daqui a algum tempo os cursos e profissões vão ser menos relevantes. Os profissionais serão reconhecidos não pelo título acadêmico, mas pelo o que ele tem capacidade de fazer e solucionar de fato. Não adianta estar tudo segmentado, as áreas de estudo acabarão se misturando”, pondera.

Englobando as ciências em quatro grupos

Os quatro grupos citados por Junqueira passam por desafios da humanidade, que agrega a questão alimentar e a produção sustentável; de estrutura, que engloba mobilidade, moradia, urbanização, energias renováveis e lixo; bem-estar (saúde física e mental) e convívio social, que passa por questões legislativas, desenvolvimento econômico e educação financeira.

Essa última, de interesse geral. “Com isso eu atinjo dois alvos: dou mais significado ao que o aluno realmente vai precisar, ensinando a apresentar soluções ao invés de decorar teorias e, outro ponto é pela própria sustentabilidade da IES, de criar turmas mais robustas com projeto pedagógico unificado”, explica.

Aproximando um pouco mais a lupa nesse quesito, entende-se que as IES localizadas em regiões onde a população é pequena e a procura por certos cursos não fecha turmas, a solução é unificar currículos de cursos específicos entre diferentes instituições que enfrentem o mesmo desafio, proposta que funcionaria somente na modalidade a distância.

“Se em determinadas regiões a procura por biblioteconomia, por exemplo, é pequena, elas podem reunir esses 3 ou 4 alunos de cada uma delas e colocar todos numa turma, com o mesmo currículo, mas cada uma com sua certificação”, esclarece.

Confira a programação completa e se inscreva no 23º Fnesp

Autor

Redação Ensino Superior


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