NOTÍCIA
Diretor do centro de reabilitação e integração social da clínica escola São Camilo percebeu que quase não há material sobre reabilitação de sequelados da covid-19
Publicado em 22/01/2022
“Quanto mais gente infectada, mais gente com sequelas também”, conclui o endocrinologista Leonardo Alvares, diretor do centro de reabilitação em saúde e integração social Promove, da clínica escola do Centro Universitário São Camilo. Em março de 2021, foi criado um programa de atendimento aos pacientes de quadro grave que ficaram com sequelas e precisaram de reabilitação, sobretudo cardiopulmonar. De olho na pouca repercussão que se dá a esses casos, além do tratamento, o centro também aposta em informação e lançará três e-books sobre a trilha do paciente com covid.
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“Durante minhas pesquisas percebi que há uma grande preocupação referente aos custos do sistema de saúde com o paciente internado. Mas não há nada sobre a avaliação desses pacientes em reabilitação. Então me pergunto: será que os sistemas estão prontos para atender esses pacientes?”, indaga o diretor.
A entrada dos pacientes no serviço oferecido pela clínica escola onde estagiam alunos do 1º ao 8º período, acontece através do centro de pneumologia. A partir daí, se faz a avaliação de quão afetado foi o pulmão e, dependendo da observação caso a caso pelo médico pneumologista, os pacientes podem também ser encaminhados a outros serviços como tratamentos neurológicos, fisioterapia respiratória, apoio psicológico, entre outros. A clínica conta com 31 especialidades no total, além do centro de reabilitação.
Até se chegar ao funcionamento do programa, já que no surgimento da covid-19 os alunos foram preservados do atendimento aos casos de contágio, os estágios se restringiram aos atendimentos e triagem online para os estudantes dos primeiros anos. Houve também remanejamento para os alunos dos dois últimos anos, período do internato médico, os quais continuaram cumprindo o estágio presencialmente. Para tanto, “teve de ser feita de forma muito detalhada as instruções para proteção individual de cada aluno, mesmo que isso já tenha na grade dos cursos”, conta o diretor Leonardo Alvares.
Mesmo depois desses dois anos de experiência continuam reforçando uso adequado dos EPI (equipamento de proteção individual), principalmente com os que acabaram de entrar. “A lembrança é feita constantemente, a equipe responsável pelo estágio fica muito atenta a esses cuidados para o bem-estar dos alunos e pacientes”, explica.
Leonardo Alvares lembra ainda que quando se fala em saúde, a sociedade vivenciou uma transição epidemiológica, o que quer dizer que já passou pela fase das doenças infecciosas, estando nos últimos anos na fase das doenças crônicas (cardiovasculares, diabetes, hipertensão). Com a pandemia, todos tiveram que de novo lidar com uma doença infecciosa, coisa que não se via há muito tempo; uma trágica oportunidade desses alunos aprenderem sobretudo, a tratar as sequelas.
“É necessário identificar quantos precisam de ajuda especializada no pós-covid e fazer avaliação de custos; o que pode ajudar hospitais e planos de saúde nesse aspecto. Também para saber se como sociedade, estamos preparados para atender esses pacientes a longo prazo e caso não, quais são as possíveis formas de fazê-lo”, conclui.
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