Revista Ensino Superior | Brasil pode perder a 4ª Revolução Industrial
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NOTÍCIA

Inovação

Brasil pode perder a 4ª Revolução Industrial

Em entrevista exclusiva, o diretor de Educação e Tecnologia da CNI, Rafael Lucchesi, falou sobre educação técnica

Publicado em 23/08/2022

por Redação

Rafael Lucchesi Entusiasta de uma reforma completa no ensino médio no Brasil, Lucchesi convive com queixas sobre a má formação da mão de obra no país (Foto: divulgação/CNI)

Até 2025 a indústria criará cerca de 500 mil novos postos de trabalho, e quase 10 milhões de profissionais do setor precisarão se requalificar para ocupar vagas em atividades mais complexas e sofisticadas, segundo o Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, lançado pelo Observatório Nacional da Indústria. Rafael Lucchesi, diretor de Educação e Tecnologia da CNI (Confederação Nacional da Indústria), diretor-geral do Senai e diretor-superintendente do Sesi, mostra-se preocupado com a possibilidade de o Brasil perder a 4ª Revolução Industrial porque ainda não entendeu que educação, ciência e tecnologia precisam estar no centro das discussões. Economista formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), é também integrante do Conselho Nacional de Educação (CNE). Dirige o maior complexo educacional do ensino técnico do mundo, com cerca de 2,3 milhões de matrículas.

Leia: falta de qualificação profissional na juventude compromete desenvolvimento do país

Entusiasta de uma reforma completa no ensino médio no Brasil, Lucchesi convive com queixas sobre a má formação da mão de obra no país. “A boa notícia é que o novo ensino médio, ao criar os itinerários formativos, abre uma janela de oportunidade ímpar para que o Brasil dê um salto de qualidade na formação de recursos humanos no país. Isso porque os itinerários formativos facilitam a integração entre o ensino médio e os cursos técnicos-profissionalizantes, com grande potencial de contribuir para a melhor preparação e inserção dos jovens no mundo do trabalho. Para a indústria, trata-se de debate da mais alta relevância”, diz.

Composição profissional

Lucchesi costuma lembrar a composição profissional de uma indústria: 75% têm a qualificação técnica, que é regulada pelo hoje Ministério da Economia, 18% nível médio e 6% com nível superior. São cursos técnicos de 800 horas, em média, ou seja, mais do que pós-graduação, lembra. “Quem disse que a faculdade é relevante, a não ser para algumas profissões?”

Entusiasta de uma reforma completa no ensino médio no Brasil, Lucchesi convive com queixas sobre a má formação da mão de obra no país (Foto: divulgação/CNI)

Por telefone ele conversou com o jornalista Edimilson Cardial, da Plataforma Ensino Superior, sobre educação técnica. Abaixo os principais trechos:

Como avalia a educação brasileira?

O Brasil tem um grave problema da matriz educacional. Então, precisamos pensar em vários caminhos para reverter isso. Em educação, os resultados e as transformações são sempre geracionais. Temos um perfil ainda muito distante do que estabelece o PNE (Programa Nacional de Educação) e também do que estipulam os países desenvolvidos e os emergentes mais bem sucedidos. Existe no Brasil uma defasagem dos alunos de 15 a 17 anos que fazem a educação profissional junto com a regular. Se considerar a mudança dos processos industriais, a 4ª revolução industrial fortalece ainda mais a questão na qual todo o mundo está envolvido, skilling e reskilling, que é a qualificação e requalificação. Existe hoje uma instituição reconhecida mundialmente que faz esse trabalho, o Senai. Mas ele não é a solução para o Brasil por causa de suas limitações.

O ensino técnico é uma porta para a inclusão social?

Sem dúvida, e falo isso lembrando de pesquisa da FGV, da PUC-RJ, do Marcelo Neri, que demonstram isso. O Senai faz pesquisa com o egresso. Quando ele entra há critérios de renda para atender os mais carentes. O único problema é que, no Brasil, apenas 9% dos jovens de 15 a 17 anos cursam o técnico e omédio regular. Enquanto que nos países da OCDE a média é entre 40% e 50%. Por isso é importante que novas instituições também possam proporcionar mais oportunidades para o ensino técnico. Dados da Caged mostram que os formados pela escola técnica ganham 18% a mais ou 25% se tiverem uma formação Senai. 90% acreditam que a formação técnica fará diferença na vida.

Como se dá o ensino no Senai?

A educação profissional é regulada pelo Conselho Nacional de Educação e pelos conselhos estaduais, são fiscalizadas, enfim, nos baseamos no catálogo nacional de ensino técnico. Mas nossa ênfase está no lado técnico e também nas questões socioemocionais. Que são importantes no âmbito da 4ª revolução industrial, quando exclui elementos de capatazia para entrar no campo da cooperação, criatividade, capacidade de interpretação de dados.

Como o Senai é reconhecido?

Temos hoje 2,3 milhões de matrículas, somos o maior sistema de educação profissional do mundo, respeitado internacionalmente, por organizações e empresas. Estamos no mesmo nível dos alemães, sul-coreanos, suíços, japoneses. Nas competições internacionais ficamos na frente desses países. E 90% dos alunos do Senai vêm da escola pública e com uma composição de renda média que é mais baixa do que a da escola pública.

É possível fazer uma previsão da demanda futura da indústria?

Sim, basta dialogar com a indústria, o Senai tem um relacionamento de 80 anos com esse setor. É por isso que de 20 vagas que a indústria abre, 19 são ocupadas por formandos do Senai. Temos metodologia prospectiva que permite antecipar em 5 anos quais serão as áreas que mudarão, não trabalhamos com gargalo. Essa nossa metodologia prospectiva é reconhecida pela Unesco e usada por 25 países. Sabemos o que o setor de alimentos, construção civil, petroquímica e outros vão demandar. Isso não é barato, deve ser bancado pelos governos. Acho difícil a iniciativa privada levar a cabo essa missão como negócio.

Como se dá o relacionamento com os diversos setores da economia?

Temos problema de capital humano no país. O ensino técnico aponta correções, mas não são imediatos, o mundo tem pressa. São 10 anos para um ajuste. No período de crescimento da economia, formandos da construção civil eram capturados por empresas de outras áreas. Fizemos uma pesquisa e constatamos que a pessoa que se formava como pedreiro preferia trabalhar no shopping como segurança. A explicação foi que as empresas preferiam pessoas formadas pelo Senai porque a rotatividade era baixa, vinham com firmeza para o trabalho. Esses profissionais preferiam outra atividade à de pedreiro. A comunidade onde moravam não valorizava seu ofício, porque construção civil estava associada, nessa percepção, a obras clandestinas. Fomos ao setor da construção civil, explicamos que não podíamos fazer nada e a eles só restava aumentar o salário para atrair trabalhadores.

Entrevista originalmente publicada na edição 268 (agosto/2022) da Revista Ensino Superior. Assine.

Autor

Redação


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