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Gestão

Educação digital é colocada em pauta no segundo dia de ‘Admirável futuro da educação superior’

Especialistas brasileiros e de fora do país discutiram sobre tecnologias digitais e o conceito de inovação

Publicado em 27/10/2022

por Gustavo Lima

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O ensino híbrido foi destaque no segundo dia do evento ‘O admirável futuro da educação superior’, promovido pelo Semesp. Especialistas se reuniram virtualmente para discutir as boas práticas de inovação acadêmica. A diretora de inovação educacional e aprendizagem digital do Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey, no México, Elsa Beatriz Palacios, coloca a globalização, as novas competências necessárias para o mercado e os avanços tecnológicos como desafios do cenário atual. Acerca do papel das universidades, ela reflete: “Começamos a pensar sobre qual será a nossa função no futuro”. 

Elsa Beatriz afirma que as universidades não serão apenas um centro para formação profissional das pessoas. “Nós precisamos ser um centro que, ao longo da vida das pessoas, possa compartilhar as experiências de aprendizagem para todos nesse âmbito profissional”, explica. A diretora de inovação educacional ainda lista futuras necessidades de desenvolvimento por parte das instituições: ter flexibilidade no currículo; catalisação das novas tecnologias para que sejam encontradas soluções de uso; ter maior conexão com o mercado e com todos que desenvolvem novas tecnologias e competências para o mundo do trabalho; oferta de mais experiências digitais. “E, especialmente, precisaremos entender essas novas competências necessárias na sociedade”, completa.

“Acrescentar tecnologia não resolve a questão da pedagogia e é nela que a mudança deve estar direcionada”, afirma diretor de inovação digital da ASU University Design Institute, Dale Johnson

“O que vamos fazer, a partir da universidade, para pensar na saúde emocional, na motivação e no bem estar das pessoas?”, indaga Elsa, que aponta os assuntos como algumas das principais tendências que devem estar no radar dos gestores. “Já não se trata apenas de formar profissionais mas garantir que sejam profissionais com as competências transversais necessárias”, ressalta. Para que as tendências sejam seguidas, tecnologias como inteligência artificial, realidade aumentada e aprendizagem móvel devem se tornar cada vez mais presentes. 

Apesar das demandas, é preciso compreender que inovação não se trata apenas de agregar tecnologias. “Precisamos mudar a forma de ensino e os espaços de educação, além de entender que essas mudanças não terão uma justificativa se não houver um impacto na aprendizagem”, salienta a especialista.

“Não basta integrar todas as novas tecnologias sem ter clareza de qual é a direção disso e sem o processo formal de pesquisa que valide tudo isso”.

Ao falar sobre educação digital, Elsa evidencia que, erroneamente, a mesma era vista com os mesmos olhos da educação a distância. Para pensar em educação digital e, em especial, a educação digital do futuro, se faz necessário o entendimento de que trata-se de experiências que aproveitam as tecnologias para que possam ser aplicadas tanto a distância quanto presencialmente. 

O diretor de inovação digital da ASU University Design Institute, Dale Johnson, também esteve presente no painel e enfatizou que, impulsionado pela pandemia, o modelo híbrido tem crescido rapidamente ao redor do mundo. Em sua concepção, o grande desafio é que o novo modelo ofereça vantagens para docentes e estudantes. “Acrescentar tecnologia não resolve a questão da pedagogia e é nela que a mudança deve estar direcionada”, diz.

Para Dale, o modelo do passado não tem valor se os alunos possuem acesso a qualquer informação enquanto lhes são oferecidas palestras. Entre os pontos levantados por ele para que haja sucesso na transformação da instituição está a retenção dos discentes e o compartilhamento da mesma visão entre todos os líderes da universidade, do corpo docente à gestão.

Questionado sobre a maneira de reter os estudantes e evitar a evasão escolar, Dale traz a emoção para o debate. “O processo melhora muito quando usamos o nosso centro de emoções do cérebro. Se eles estão chateados, passivos ou entediados durante essa aula, eles vão abandonar o curso. Se estiverem envolvidos vão querer ficar, terão maior habilidade de se autogerir e é por isso que falamos desta combinação de emoção com a educação no modelo híbrido”, considera. 

Primeira mesa

Mais cedo, o gestor de relações acadêmicas do Grupo Dom Bosco, Fabio Carvalho, a pesquisadora e professora da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Paula Lopes, e o pesquisador e designer de projetos inovadores na educação com ênfase em valores, metodologias ativas, modelos flexíveis e tecnologias digitais, José Moran, estiveram reunidos para dar as suas considerações sobre boas práticas de inovação acadêmica. O trio levantou suas impressões sobre as transformações e projetos que mais se destacaram nos últimos anos 

José Moran ressalta que a inovação é algo contínuo e reconhece: “é complexo fazer tudo isso, é uma mudança de mentalidade. Fomos educados em uma cultura de fazer tudo certo, de que hajam poucos erros e, para trabalhar com essa ideia da inovação, é preciso arriscar, desenhar. Muitas ideias vão se descartando, é preciso rever cada etapa e elas devem ser colocadas em prática”, avalia.

Prêmio Prof. Gabriel Mario Rodrigues

Durante o segundo dia de evento, seis projetos finalistas da categoria ‘educador’  que concorrem ao Prêmio de Inovação no Ensino Superior “Prof. Gabriel Mario Rodrigues” foram exibidos – três finalistas na modalidade ‘gestão pedagógica’ e três em ‘ações junto à comunidade’. Ao todo, 18 projetos concorrem ao prêmio. Na última quarta-feira, 27 de outubro, foram exibidos os finalistas da categoria ‘IES’ nas mesmas modalidades.

A premiação visa reconhecer profissionais que trabalham em prol da inovação da educação superior brasileira e terá o seu resultado divulgado amanhã, 28 de outubro, ao final das demais discussões e após apresentação dos últimos finalistas ao público.

Programação

 ‘O admirável futuro da educação superior’ se estende até amanhã, 28 de outubro, e deve contar com novos ciclos de discussões sobre as principais tendências para o setor. Confira a programação:

9h – O novo contrato social para a educação e a responsabilidade das IES com Cristina Vieira da Universidade de Coimbra;

10h30 – Futuro da educação com Fernando Valenzuela Migoya, presidente da Cengage Learning.

Mais informações podem ser obtidas no site oficial do Semesp, onde as inscrições para o evento também seguem abertas. Acesse.

Autor

Gustavo Lima


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