A escolha política pode privilegiar a articulação e o diálogo para o enfrentamento de resistências e retomada de investimentos na educação básica e ensino superior público.
Publicado em 20/12/2022
Camilo Santana, do Partido dos Trabalhadores, eleito senador pelo Ceará no último pleito, será o ministro da educação do governo Lula. Cearense nascido no Crato, tem 54 anos, é professor formado em agronomia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), mestre em desenvolvimento e meio ambiente também pela UFC. Foi governador do Ceará por dois mandatos, de 2015 a abril de 2022, quando deixou o cargo em prol de sua candidatura a senador. Em seu lugar no comando do estado ficou a vice-governadora Izolda Cela, outro nome que vinha sendo bastante cotado para ocupar a chefia do MEC. Com Santana no cargo, ela ocupará a Secretaria da Educação Básica.
A escolha foi política e pesou o fato de Santana ser político do PT. A pasta da educação é estratégica em função da sua capilaridade, presente em todos os municípios, em todo o território nacional. Tanto Camilo Santana quanto Izolda Cela – atualmente sem partido – são reconhecidos pelos avanços conquistados no setor da educação básica no Ceará. “Já era esperado que alguém bastante vinculado ao PT fosse escolhido. Isso ocorreu nos outros dois mandatos do Lula. Izolda Cela não agradou a ala petista, mas seu nome é importante por sua experiência positiva na educação básica”, diz José Roberto Covac, consultor jurídico do Semesp.
“Santana é uma pessoa com experiência em articulação política, importante para um governo que precisa buscar o diálogo e superar resistências”, fala Fábio Reis, diretor de inovação e redes do Semesp. “O MEC precisa de diálogo com assertividade, com projeto, porque precisamos recuperar situações de aprendizagem, melhorar a qualidade, retomar investimentos nas universidades públicas e nas escolas de ensino fundamental. Tenho, ainda, a expectativa de um ministério que possa dialogar com os stakeholders, com aqueles que atuam no sistema de ensino superior”.
Reis ainda reitera que a expectativa é a de que as áreas estratégicas do MEC sejam ocupadas por pessoas com o mesmo perfil de Izolda, que tem atuação política consistente e conhecimento em educação. Outra expectativa, lembra Covac, é o nome de Luiz Cláudio Costa, cotado para ser secretário executivo, cargo que já exerceu no governo de Dilma Rousseff. “Ele faz parte da equipe de transição, foi quem trabalhou muito para o FIES e com ele houve aumento da quantidade de vagas oferecidas”.