Com o mundo em constante transformação, implementar novos cenários na sala de aula se tornou um caminho para o desenvolvimento de aulas mais produtivas. Inovar nas metodologias de ensino-aprendizagem, no entanto, pode não ser uma tarefa tão simples. Para além de um reposicionamento das mesas, os professores devem traçar estratégias pedagógicas que sejam funcionais com a dinâmica proposta. E foi com o objetivo de auxiliar os docentes que Ana Valéria Reis, Karina Tomelin e Thuinie Daros se uniram para escrever Layouts criativos para aulas inovadoras, livro publicado em outubro pela B42. Colunistas na Ensino Superior, as autoras comentam sobre as contribuições que a publicação oferece aos educadores.

“O livro vem para mostrar ao professor que mudar os layouts traz novas experiências e novos respiros. Você vê de um outro ângulo e conecta com outras pessoas. Mesmo que de uma maneira simples, dá oportunidades ao aluno de se ver e de se relacionar”, explica Karina Tomelin. Para a mestre em educação e idealizadora do livro, embora as instituições busquem criar espaços mais inovadores e disruptivos, as dinâmicas nem sempre funcionam de forma efetiva. “Às vezes você tem uma sala de aula com instrumentos interessantes, mas o professor ainda tem dificuldades e acaba os utilizando do jeito tradicional. A obra também chega para mobilizar o docente e instrumentalizá-lo desde o básico para que ele promova outras ideias a partir de diferentes layouts.”

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“Colocamos segmentos de estratégias didáticas e pedagógicas que perpassam, desde  a estratégia para a criação de vínculos até o fechamento da consolidação e avaliação”, acrescenta a diretora de planejamento acadêmico na Vitru Educação e coautora do livro, Thuinie Daros. Embora reconheça a  importância dos avanços tecnológicos e a popularização do ensino remoto, Thuinie defende a qualificação do modelo presencial. “O momento presencial deve ser memorável, incrível e de troca. Quando a sala de aula segue um ‘modelo nuca’, com um olhando para a nuca do outro, o estudante ficará focado no professor. A estrutura comunica e quando criamos um layout em que o aluno fica de frente com outro e organizado para colocar a mão na massa, as outras relações também serão organizadas por esse espaço.”

Aos gestores

Consultora em inovação, aprendizagem, metodologias ativas e avaliação, Ana Valéria Reis acredita que a gestão precisa compreender o quão benéfica é a liberdade docente em sala de aula. “Às vezes o professor quer fazer algo diferente mas hierarquicamente a gestão evita, seja por ruídos ou por incômodos como ‘isso atrapalha o professor que virá para aula seguinte e encontrará a sala desorganizada’. É necessário que tanto os gestores quanto os coordenadores de cursos e projetos entendam o propósito deste livro para apoiar a mudança e os professores que querem fazer a diferença”, pontua.

Thuinie destaca que, para além dos professores e gestores, o livro também é dedicado aos profissionais da educação de modo geral. “O que inclui aqueles que não trabalham na educação escolar. O livro se aplica onde tem intencionalidade educativa e momentos de aprendizagem, como workshops e treinamentos corporativos. Tudo o que temos lá são estratégias muito versáteis que ajudam as pessoas, independentemente da faixa-etária”, diz.

Prática alinhada ao discurso

Ana Valéria chama a atenção para as estratégias observadas no setor de marketing das instituições que, em sua maioria, colocam o aluno no centro do aprendizado. “E como fazer isso sem oferecer a oportunidade do estudante mostrar os seus talentos ou então de expandir, crescer e de se desenvolver? Quando a aula se concentra somente na presença do professor, falta um foco no aluno”, avalia. “A gestão tem de ter esse olhar. Se a IES tem um modelo acadêmico que coloca o estudante no centro, que apoia o desenvolvimento das competências do século 21, e as tendências do futuro, é impossível seguir esse discurso e manter uma sala de aula engessada, seja no presencial ou no online.” 

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Autor

Gustavo Lima