Revista Ensino Superior | O que os jovens devem buscar na formação

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Formação

O que os jovens devem buscar na formação

É urgente discutir o que é importante manter e transformar nas IES para que preparem jovens cada vez mais qualificados para o mercado de trabalho

Publicado em 19/03/2025

por Juliana Ligorio

Formação de jovens IES precisam compreender como preparar profissionais com as competências exigidas pelo mercado de trabalho (foto: Bruno Cesar Spada/Shutterstock)

Jovens que cresceram na agilidade do mundo, e acompanham as rápidas e constantes mudanças no mercado de trabalho, necessitam entender a relevância do aprofundamento de conhecimento que as IES proporcionam. E estas precisam compreender como preparar profissionais com as competências exigidas pelo mercado de trabalho e também adaptáveis às constantes mudanças que a tecnologia provoca.

Rodrigo Dib, superintendente institucional e de inovação do centro de integração empresa-escola (CIEE), é um defensor da formação universitária, por trazer uma base sólida de conhecimento, além de aprendizado sobre socialização, responsabilidade e comprometimento. E expressa uma preocupação: “o mundo do trabalho fala muito de comportamento, de flexibilidade, de adaptabilidade, resiliência. Mas o quanto o universo acadêmico está preparando os jovens nesse sentido?”

Dib explica que a universidade não pode ser apenas mais um centro de conhecimento, pois os muros dos conhecimentos técnicos estão cada vez mais baixos e disponíveis. O que precisa fomentar são pessoas cada vez mais curiosas, criativas, que sabem aprender e tem curiosidade de ir atrás do conhecimento. Para o superintendente do CIEE, diante de tantas mudanças dentro das profissões por conta da inteligência artificial, é importante que se forme pessoas que saibam usar suas experiências de vida para ressignificarem e transformarem em outra coisa.

 

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Rodrigo Dib

Para Rodrigo Dib, do CIEE, a universidade não pode ser apenas mais um centro de conhecimento (foto: divulgação)

Dib observa que as universidades já entenderam que para conseguir alunos precisam falar da empregabilidade, e por isso estão atentas a novos formatos de parcerias com empresas. Mas ainda não vê a mesma preocupação na mudança de estrutura dos cursos para formar pessoas que pelos diferenciais vão gerar mais empregabilidade. Pensando nesse ponto, o CIEE criou o prêmio Ponte para o Trabalho, que valoriza a importância da universidade para o mundo do trabalho e divulga como as IES estão se estruturando para gerar maior empregabilidade. 

Com a intenção de valorizar a formação no ensino superior, o CIEE  começou em 2024 um movimento a favor da engenharia. Juntou as maiores universidades de engenharia, criou um comitê para estudar como o curso está hoje para depois lançar um movimento de valorização.  Rodrigo Dib explica que esse movimento nasceu pela preocupação na menor procura pelo curso e o número de engenheiros formados. “A engenharia, independente do que faz, tem uma base riquíssima de construção, de raciocínio lógico, visão pragmática e sistêmica, que serve para tudo. Queremos vender para as próximas gerações a importância da formação em engenharia e o seu valor para o desenvolvimento de um país”, diz.

 

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Wagner Sanchez, pró-reitor acadêmico da Fiap – Universidade Inovadora de 2024,  explica sobre a metodologia de ensino que criaram em 2014 e o efeito no envolvimento e na empregabilidade dos alunos. Segundo ele, a experiência mais digital e a agilidade nos processos precisam estar no dia a dia das faculdades para que elas não percam o sentido para os jovens. Por isso criaram um modelo com o aprendizado baseado em desafios com as metodologias ágeis para todos os cursos dentro da Fiap, e firmaram parceria com mais de 60 grandes empresas que trazem desafios reais para os alunos.

Wagner Sanchez

Wagner Sanchez, da Fiap, fala sobre sobre a metodologia de ensino desenvolvida na IES (foto: divulgação)

Sanchez explica que acadêmicos da Fiap se reúnem com representantes das empresas, escutam quais são os seus problemas e escolhem os que melhor se encaixam em cada ano de cada curso. Por exemplo, “a Embraer precisava desenvolver um robô, pegamos este problema e colocamos como desafio do terceiro ano de Mecatrônica. Os alunos em grupo e com o acompanhamento de um professor líder foram construindo, durante o ano, partes da solução, apresentando para a banca de executivos, recebendo os feedbacks, fazendo suas adaptações até a apresentação final da solução no final do ano letivo”.

“Com esse modelo os alunos não vão para a Fiap aprender cálculo numérico, eles vão para resolver um problema de uma empresa real”, comenta Sanchez, que também explica que os conteúdos são aprofundados e que esse é um ponto importante da tradição de uma boa educação no ensino superior. A diferença é que ele vai aprender de uma forma aplicável para resolver um problema. “Acho que é um viés interessante, importante que a gente tem que levar para dentro das universidades, para que elas continuem a fazer sentido para as novas gerações.”

 

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Segundo o pró-reitor acadêmico, com a nova metodologia implementada em 2014, os alunos se engajam muito mais nos cursos e a evasão é baixíssima em relação ao mercado. Estão com 15.000 alunos entre presencial e EAD e tem de 8 a 9 % de evasão. Explica que o modelo também gera empregabilidade, pois as empresas usam a parceria para fazerem seleção de talentos. “Por exemplo, o cadeado Samsung de 2022 foi desenvolvido pelos alunos. A Samsung levou os estudantes para dentro da empresa, e a solução apareceu.”  

Rodrigo Dib e Wagner Sanchez participarão do painel Tradição à inovação: reimaginando a educação superior e profissional no Ahead by Bett, o fórum de ensino superior da Bett Brasil 2025, no dia 28 de abril. A mediação será feita por Sandra Seabra Moreira, editora da revista Ensino Superior. Confira a programação completa do evento: https://brasil.bettshow.com/agenda-2025

 

Autor

Juliana Ligorio


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