NOTÍCIA
Implantação das tendências tecnológicas nas IES deve ser analisada
Publicado em 01/03/2024
Por Leandro Rubim*: Todo ano surgem novas tecnologias e tendências. Sistemas que prometem resolver todos os problemas de uma escola, do metaverso à inteligência artificial (IA). Mas de fato a tecnologia tem auxiliado as IES a avançar ou as IES têm barrado o avanço tecnológico?
Segundo expôs Gartner em seu “Top trends impacting K12 education 2023”, a expansão da IA, o aprendizado adaptativo e a mentalidade analítica baseada em dados seriam o supra sumo das evoluções para a educação. E a pergunta que se faz é: essas tendências são de fato utilizadas para o avanço da qualidade na educação, ou ainda não chegam na educação de fato?
Não chegam ou chegam de maneira desordenada, sem o correto manuseio. No decorrer da implantação da transformação digital em IES me deparei com quatro grandes pilares essenciais, que transformados em projetos, e nessa exata ordem de priorização são: 1. cultura e pessoas; 2. negócios; 3. utilização otimizada de dados; e por último enfim, 4. tecnologia. A tecnologia só ocorre se os três pilares anteriores funcionarem corretamente, sem bloquear o uso livre e adequado.
São três as mudanças de mindset fundamentais e prévios ao uso tecnológico nas IES:
As empresas são feitas de histórias e de pessoas, portanto. A primeira grande mudança vem da aceitação de colaboradores estratégicos, a adaptação da modernidade digital. Aproximar cada vez mais modelos de sucesso vindo de outros mercados que estão à frente da educação é um caminho. Não é o aluno que deve se adaptar à entrega das IES, e sim as IES que devem se aproximar do dia a dia do aluno ao implementar características, por exemplo, do entretenimento (Edutainment) e, assim, promover a imersão na busca pelo conhecimento. A aprendizagem personalizada, a gamificação, a conexão com o mundo real e com empresas, juntamente com a ágil adoção de tecnologias emergentes, são possíveis. Tratar o aluno como cliente, e não mais somente como aluno, se torna a grande mudança radical e cultural das IES.
Vender cursos, produzir conteúdos, montar turmas e mais turmas, são todos commodities no mercado educacional. Todos fazem. Mas pensar em produtos com disrupção, é difícil. Só será possível se a primeira etapa cultural tiver sido vencida. Por exemplo, quantas IES possuem o mindset de Digital First? Quais IES pensam e implementam o conceito de produtos digitais como prática econômica e de criação de produtos? É fato que a complexidade de transformação digital de uma empresa que nasceu analógica é muito maior do que aquelas que já nasceram digitais, e na educação são pouquíssimos esses players.
O mindset de negócio deve ser alterado em 3 pilares: 1. Implementar uma cultura de Customer Life Cycle, analisando os comportamentos e necessidades do cliente constantemente, e atuando nessa base; 2. Promover insumos de futuro digital por meio de análise de tendências e evoluindo ao conceito de ecossistema de plataformas; e 3. Criação de soluções e produtos por meio da economia criativa e abrindo possibilidades para negócios mais disruptivos, onde o sucesso não virá diretamente do que o produto faz, mas sim o porquê a IES e o produto existem.
Conhecer profundamente as necessidades reais pelas quais o aluno (cliente) está na escola. Com a grande massa de informações que é processada internamente e externamente na IES é possível entender dados e comportamentos dos alunos, e consequentemente criar personas, ou seja, perfis de alunos que representem as diferentes características do todo. A partir dessa categorização é possível conhecer melhor os propósitos de cada grupo e pensar em experiências e produtos personalizados a grupos de alunos, que em sua maioria possuirá a tecnologia como meio.
Por mais que abordamos tecnologia na inclusão escolar, são diversos os obstáculos para o avanço na tecnologia na educação. Depois da IA, do metaverso, dos meios multi digitais, outros avanços maiores irão provocar todos os setores da educação, e a competição do estudo com esses meios será cada vez maior. Cabe à IES, ao seu corpo diretivo, e aos educadores começarem as mudanças, e como consequência qualquer nova tecnologia será mais rapidamente absorvida em prol da evolução do ensino.
*Leandro Rubim é doutor em engenharia biomédica, mestre em sistemas inteligentes e bacharel em ciência da computação. Atualmente é diretor geral da Faculdade Cultura Inglesa e também de produtos digitais das escolas Cultura Inglesa.